Editorias, Música

8 artistas que devia ter descoberto mais cedo

Um dos meus grandes problemas, enquanto ouvinte de música, é que quando gosto muito de um artista ou de um álbum sou capaz de ouvir as mesmas músicas durante semanas. Nem sequer estou a brincar. Sou pessoa para ouvir um álbum até enjoar e depois só voltar a ouvi-lo novamente meses depois.

Mas onde está o problema (para além do meu comportamento ligeiramente obsessivo com a música, isto é)?

Se és como eu, sabes que quando se passa muito tempo a ouvir a mesma música deixamos que coisas fantásticas nos passem ao lado. Por isso, para te salvar a ti, que tens esse álbum em repeat há uma semana, fiz uma lista com alguns dos artistas que demorei demasiado tempo a descobrir.

Aviso, desde já, que não me orgulho do tempo que demorei a vislumbrar os nomes abaixo.

Father John Misty

Father John Misty surge-nos da mente de Josh Tillman, previamente conhecido pelo seu trabalho enquanto J. Tillman. Ao contrário desta última persona, se pudermos chamar-lhe assim, Father John Misty traz-nos música mais desinibida, sem rodeios, nem receios de se tornar cómica. Revela-nos o lado mais humorístico e maduro de Josh Tillman enquanto músico, numa performance cheia de entrega e honestidade nos seus versos. Este folk vale, definitivamente, a pena.


Tobias Jesso Jr.

Ouvir Tobias Jesso Jr. é como regressar, por instantes, aos anos 70. Não, desculpem. Ouvir Tobias Jesso Jr. é como regressar aos anos 70, com um coração partido. O seu único álbum, Goon, está repleto de canções sentidas, acompanhadas de um marcante piano (instrumento de eleição do artista em causa), que preenchem todos os requisitos para passarem numa jukebox, enquanto bebemos um café solitário. Pensem “Tiny Dancer”, do Elton John, “Never Going Back Again”, dos Fleetwood Mac, e um pouco de John Lennon, no seu percurso a solo. É mais ou menos isso, de forma espetacular.


Hinds

As Hinds são uma lufada de ar fresco. Ar fresco estival, muito descontraído. Guitarras um pouco desleixadas mas seguras de si, acompanhadas por vozes com timbres que diferem totalmente. Rock puro e honesto, sem floreados e sem clichés. Esta é a banda de garagem que toda gente quer, ou devia experimentar, ouvir.

Já dizia Pessoa: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.


Alabama Shakes

Pronto, confesso que já conhecia os Alabama Shakes. Nunca tinha ouvido nenhum álbum na integra, mas já conhecia a existência da banda. Contudo, foi só no final do ano passado que me dediquei a ouvir o seu mais recente álbum, Sound and Color, depois de me ter cruzado com um dos impressionantes singles – “I Don’t Wanna Fight”.

A voz de Brittany Howard, vocalista da banda, é inconfundível e une-se na perfeição com as melodias provocadas pela guitarra.


Mac Demarco

Imaginem a pessoa mais feliz do mundo.

Agora, imaginem que essa pessoa toca guitarra com o chorus sempre (ou quase sempre, vá) ligado. Imaginem que canta, mais ou menos, como um cantor de folk, daqueles antigos, com letras cheias de significado. Já está? Pois bem, esta é a melhor descrição que encontro para Mac Demarco. Ou pelo menos, é assim que o vejo. Não me lembro como o descobri, sinceramente.

No entanto, lembro de algo que disse numa das suas entrevistas: “Só porque uma música é triste, não significa que não te possa deixar feliz”. Acho que isto descreve, melhor do que nunca, a sua música.


Tame Impala

Nunca tinha ouvido o tema “Elephant”, até à semana passada. Percebem o meu nível de abstração? Pois, a situação é mesmo grave.

Na verdade, os Tame Impala conquistaram-me com um dos primeiros singles lançados na sequência do seu mais recente álbum, Currents. Falo-vos de “Feels Like We Only Go Backwards”. Estou a ouvi-la neste momento e não me arrependo de nada. Esta é uma das bandas com o melhor rock dançável da actualidade, ilustrado com sons electrónicos e muito, mas muito, groove. Apesar desta atmosfera mais elétrica, os Tame Impala nunca descuram da essência do rock, trazendo-nos letras que são, no mínimo, qualquer coisa e que nos mostram o lado mais emocional deste projeto.


Boogarins

Esta é uma descrição difícil, porque para mim os Boogarins são uma banda diferente. Primeiro, porque o rock mais alternativo não é algo abundante no Brasil (inserir menção honrosa aos Terno Rei, que em território brasileiro são a minha banda de eleição) e, segundo, acho que nunca tinha ouvido algo assim. Rock com um toque de psicadelismo cantado em português do Brasil? Parece-me uma decisão, até hoje, audaz.

Ouçam por vocês mesmos. Prometo-vos que não vão desperdiçar nem um segundo do vosso tempo.


Rodrigo Amarante

Deixei o Rodrigo (reparem na confiança; até já o trato pelo primeiro nome) para o fim porque foi dos artistas que me deram mais gosto descobrir. Lembro-me de o seu álbum, Cavalo, ter surgido nas sugestões da app do MEO Music e decidi dar-lhe uma oportunidade. Cantar em três idiomas diferentes no mesmo disco é proeza, mas Rodrigo Amarante fá-lo muito bem, esteja acompanhado pela sua guitarra acústica ou pelo piano, que se estendem em músicas muito diferentes entre si, mas que se acabam por complementar. Este é um artista que me enche o coração e que, já agora, também tocava guitarra em Los Hermanos (autores do famoso tema “Anna Julia”).

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