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António Guterres pede investigação a repressão em Gaza

Protestos do lado palestiniano já provocaram 16 mortos e mais de 1400 feridos. Várias potências árabes pedem intervenção imediata da comunidade internacional. Aumenta o medo de uma nova Intifada.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, mostrou profunda preocupação com os confrontos na Faixa de Gaza, os mais graves dos últimos quatro anos, que duram desde o dia 30: “Esta tragédia sublinha a necessidade de revitalizar o processo de paz, com o objetivo de criar condições para um regresso das negociações que vão permitir que palestinianos e israelitas vivam lado a lado em paz e segurança”, sustentou Guterres, que pediu ainda “uma investigação independente e transparente aos incidentes”.

O Conselho de Segurança da ONU respondeu ao apelo e reuniu com emergência para analisar o tema, a pedido do Kuwait. O secretário-geral assistente de Assuntos Políticos da organização, Tayé-Brook Zerihoun, alertou que “a situação pode-se deteriorar nos próximos dias”. Zerihoun defendeu ainda que “Israel deve cumprir as suas responsabilidades segundo a lei internacional humanitária e de direitos humanos e a força letal só pode ser usada em último recurso”. Entretanto a Turquia condenou, em comunicado, “o uso desproporcional da força por parte de Israel contra os palestinianos que participaram nos protestos pacíficos em Gaza”. O governo liderado por Erdogan pede à comunidade internacional que tome medidas de forma a que “Israel abandone a postura agressiva para com o povo palestiniano e que respeite o direito internacional”. A posição Turca, em conjunto com o pedido do Kuwait no conselho de segurança, alimenta a especulação para uma tomada de posição em conjunto da liga árabe a condenar as ações de Israel.

A preocupação da ONU surge após violentos confrontos entre palestinianos e soldados israelitas em Gaza, no primeiro dia de homenagem à chamada “grande marcha de retorno”, que se saldaram em pelo menos 16 mortos e mais de 1400 feridos. O evento é dedicado ao chamado “Dia da Terra” e tem um forte significado histórico para o povo palestiniano; serve de homenagem aos 6 árabes mortos por tropas israelitas em 1976 quando estes protestavam contra o confisco de terras, o que desencadeou fortes protestos e foi considerado um catalisador da primeira intifada iniciada em 1987. A 15 de maio, os palestinianos irão assinalar o Nakba (desastre em língua árabe). Este evento reporta a 1948 quando centenas de milhares de palestinianos foram desalojados após Israel anunciar a sua independência. Há receio, por parte dos Israelitas, que os protestos durem durante todo o mês de Abril e se prolonguem até Maio de forma a assinalar a data. Estas manifestações, aliadas ao crescimento da instabilidade política no vizinho Líbano, aumentam o medo de uma nova Intifada em território palestiniano.

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Olá, sou o Luís, tenho 27 anos e nasci em Cascais. Vivo desde, quase sempre, em Sintra e sinto-me um Sintrense de gema.  Adoro cinema - bem, adorar não é a palavra adequada, venerar parece-me um adjetivo mais justo -  e sou também obcecado por política e relações internacionais. Gosto também muito de desporto.