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Cavaco Silva alertou para a crescente “apatia cívica” dos jovens

“De uma vez por todas, é imperioso ter consciência da gravidade deste fenómeno e da necessidade premente de agir”, alertou o Presidente da República (PR) na cerimónia de encerramento da IV Conferência Internacional, Roteiros do Futuro, Portugal e os Jovens – Novos Rumos, Outra Esperança. O fenómeno é “a crescente apatia cívica” e indiferença dos jovens perante a política, considerando necessário que a sociedade e a classe política passem das “palavras aos atos”.

Referindo-se aos resultados do estudo “Emprego, Mobilidade, Política e Lazer: situações e atitudes dos jovens portugueses numa perspetiva comparada”, apresentado sexta-feira por Marina Costa Lobo, Cavaco Silva defendeu ser necessário ter consciência da gravidade desta apatia cívica.

O estudo mostra que, comparativamente com 2007, os jovens se encontram mais insatisfeitos com a democracia. Em 2015, 17,3% considera que a democracia funciona “bem”, enquanto em 2007 a percentagem era de 33,8%. Para além disso, em 2015, 57,3% dos jovens diz não se interessar “nada” por política – em 2007, a percentagem era apenas de 23,5%.

Cavaco Silva afirma que o inquérito apresentado “contém resultados que devem merecer uma reflexão séria”. Admite que existem “elementos que podem induzir algum pessimismo”, mas, ainda assim, entende que “apesar das graves dificuldades por que todos passámos nos últimos anos, é entre os mais jovens que encontramos sinais mais consistentes de esperança e confiança no futuro”.

“Quer nas expectativas face ao emprego, quer na atitude perante a mobilidade, são os mais jovens, situados na faixa etária entre os 15 e os 24 anos, aqueles que melhor interpretam as mudanças do presente e que encaram o amanhã de forma mais realista e encorajadora”, realçou.

No estudo lê-se também que 70% dos jovens portugueses com idades entre os 15 e os 24 não colocam de parte a hipótese de, no futuro, virem a trabalhar no estrangeiro. As razões que levariam os jovens a trabalhar fora do país são sobretudo as melhores oportunidades de emprego e de condições de trabalho, mas também “motivações relacionadas com o seu desenvolvimento pessoal”, “aquisição de novas competências”, “acumulação de novas experiências e ampliação das suas redes de solidariedade”.

O PR defendeu também que é essencial “desenvolver uma estratégia vocacionada para a criação de emprego qualificado e para a credibilização das instituições e seus protagonistas”.

Apesar dos resultados apresentados, Cavaco Silva está “firmemente convicto de que as novas gerações serão portadoras de uma cidadania mais exigente e informada e que irão contribuir de forma decisiva para um futuro melhor para Portugal”.

Assim, encerrou o evento com uma mensagem encorajadora: “Após esta conferência, estou mais confiante e com esperança redobrada nos tempos vindouros. Temos uma geração que é motivo de orgulho para os portugueses. São jovens mais bem preparados, mais informados, mais abertos ao mundo, portadores de uma nova ideia de cidadania, mais conscientes e mais conhecedores.”

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