Editorias, Opinião

Donald Trump nos maços de tabaco

Estamos a 20 dias do inevitável: Hillary versus Trump. Não, as primárias para escolher o candidato democrata e republicano ainda não acabaram, mas é fácil de explicar. Os candidatos não são escolhidos diretamente pela população. Os votos vão eleger delegados que, por sua vez, vão depois votar no candidato para o qual foram eleitos nas convenções dos respetivos partidos. Estes delegados estão por isso forçados a votar no candidato para o qual foram eleitos. Neste campo, Donald Trump já corre sozinho e por isso nem conta para esta análise, mas Hillary Clinton tem, para já, 1771 delegados contra 1499 de Bernie Sanders. Por estes números a luta ainda vai renhida. No entanto, há dois fatores a considerar: um dos estados que faltam ir a votos é o da California, o estado que representa o maior número de delegados, com 546, no qual Hillary esteve sempre à frente nas várias sondagens; o fator mais importante são os super-delegados. O que são? São os históricos do partido, como antigos presidentes, por exemplo, que têm lugar cativo e que podem escolher livremente em qual dos candidatos votar. No entanto, podem começar a prometer o voto antes da votação na convenção. Nesse campo Hillary Clinton tem 505 já prometidos, contra apenas 42 do lado de Bernie Sanders. Feitas as contas, Hillary Clinton conta com 2276 votos contra 1541 de Sanders. São precisos 2383 para ser o candidato democrata à Casa Branca.

Agora, mesmo com apenas um candidato, os republicanos estão cada vez mais divididos. Donald Trump não reúne consensos e é já visto por muitos históricos republicanos como um enorme tiro no pénuma eventual e provável candidatura à Casa Branca.

Recentemente, a Fox News (que é tudo menos imparcial – para quem não sabe é altamente conservadora e financiada por republicanos e consequente apoiante dos mesmos) lançou uma sondagem que colocava Donald Trump à frente de Hillary Clinton, com 45% para Trump e 42% para Hillary. Não acredito, nem por sombras, que Donald Trump consiga um lugar na Sala Oval. Esta sondagem vale o que vale, até porque nos EUA mais votos não significam uma vitória, porque o presidente é escolhido por um Colégio Eleitoral. O facto é que Trump continua a não saber aprender com os erros e jácometeu demasiados.

Donald Trump já disse mais do que suficiente para estar afastado do poder máximo em qualquer país com dois dedos de testa. Infelizmente para nós, esses dois dedos não são o caso dos Estados Unidos. Um país que ainda vive um pouco no Faroeste. Onde com 18 anos podes conduzir, ir para a guerra, e comprar armas no supermercado (!), mas não podes comprar uma cerveja. Por estas e por outras, ainda há quem aplauda um homem que quer castigar as mulheres por abortarem mas que não tem a certeza de que os homens que as engravidam mereçam também algum castigo. Esta sondagem indica uma coisa: se Trump fosse capaz de mudar o discurso, tinha seis meses para merecer o apoio do núcleo duro do partido. Eu fico descansado porque sei que ele daqui para a frente só vai fazer pior. Para o bem ou para o mal, Donald Trump só sabe ser honesto. Como dentro daquela cabeça laranja corre tudo o que estámal com o mundo essa honestidade sólhe vai fazer pior.

Os gigantes do partido estão descontentes com o rumo que esta corrida está a levar e vão certamente abster-se no apoio a Donald Trump, se não mesmo por ir contra o candidato. Os valores Republicanos são conservadores e são valores com os quais não me identifico, mas não são assassinos e trouxeram ao mundo grandes presidentes em tempos. Depois de Bush e agora com Trump é necessário voltar aos tempos de Ronald Reagan.

Já estão na rua as tais imagens chocantes prometidas há muito para os maços de tabaco. Crianças a serem analisadas, pulmões em decomposição e outras disponíveis em qualquer Google perto de si. Ridículo. Eu concordo que ninguém devia fumar, porque faz mal a todos. Tudo bem. Mas não é com imagens nojentas que o mundo vai deixar de fumar. Quem fuma sabe o mal que o tabaco faz. Aí estamos bem. As pessoas sabem o quão mau é o tabaco. Mas pronto, lá vou levar com imagens nojentas quando estiver com amigos fumadores ou quando for comprar o jornal. “Ser contra o tabaco está quase na moda”é o que me apetece dizer. No entanto, ninguém toca no álcool. Os lobbys são giros não são? Ninguém escreve “beber e conduzir mata”nas garrafas de cerveja. Ou porque não imagens de acidentes? E mais: é bem pior ter um alcoólico em casa do que alguém que fuma muito. Acreditem. E fica uma ideia: genial seria colocar Donald Trump em maços de tabaco nos Estados Unidos.

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