Editorias, Opinião

Liga dos “Milhões”

O futebol é um dos desportos coletivos mais praticados no mundo, sendo que, se nos focarmos apenas nos federados, em 2013 havia mais de 265 milhões de futebolistas federados (em 2016, o número deve ser muito superior) e em Portugal, em 2015, havia quase 163 mil federados, batendo assim um recorde nacional. Ninguém é indiferente a este “mundo” – ou se gosta ou não se gosta de futebol – que move milhões e milhões de adeptos que freneticamente apoiam os seus clubes, festejam as suas vitórias e conquistas e levam esta paixão para cada estádio, cada jogo ou para cada conversa no café.

A dada altura tanto a UEFA como a FIFA pensaram no que poderia ser feito para atrair ainda mais adeptos, investidores e, mais importante que tudo, dinheiro. Em 1995 estava a ser criada a Taça dos Campeões Europeus e, passadas 60 edições, já mudaram de nome para “Liga dos Campeões”, já houve 22 clubes diferentes a vencerem esta competição, e mais de dois mil milhões de euros gastos em prémios monetários para todos os clubes que já participaram.

Se juntarmos, a estes dois mil milhões de euros, o dinheiro gasto nas bilheteiras, nas transferências de jogadores e equipa técnica, nos brutos salários, nas dívidas, nas deslocações para os jogos, na manutenção de estádios e dos centros de treinos, chegamos a quantias absurdas e extravagantes. Quantias essas que poderiam diminuir o “buraco” que certos países, como Portugal, Grécia, Irlanda, entre outros, tentam “tapar” com o dinheiro proveniente de taxas e impostos que cada cidadão é obrigado a pagar.

Para não falar de que, quando a política e o futebol se juntam, criam a exclusiva e lucrativa Taça da “Corrupção”, na qual têm entrada direta todos os políticos ou dirigentes desportivos (diretores, presidentes e donos de clubes, entre outros) que consigam guardar no minúsculo bolso das calças milhões e milhões de euros através de esquemas mais complexos do que as equações da Matemática, as fórmulas da Física, ou as experiências da Química.

Eu próprio gosto de ver jogos de futebol, defesas fantásticas, golos de outro mundo, mas mais importante do que isso prefiro dar um “chuto” na corrupção futebolística e gastar o dinheiro de um bilhete de um jogo em algo que seja mais benéfico para mim. Para além disso jogar com amigos é muito melhor do que estar sentado no sofá a ver um jogo em que eu não posso participar.

De que lado deve então “rolar” a bola?

Pedro Almeida escreve com o Novo Acordo Ortográfico.

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