Capital, Editorias

Mãe de outros tempos

Nos dias de hoje, abrir uma toneira em qualquer lado para tirar água é uma tarefa fácil e recorrente. No entanto, nem sempre foi assim e na nossa capital multiplicam-se os vestígios dos antigos sistemas de abastecimento à povoação. Muitos deles integram o Museu da Água, e o Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras é um deles.

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Partindo da iniciativa do rei D. João V de construir o Aqueduto das Águas Livres, o reservatório integra este complexo sistema de abastecimento, tendo sido o responsável por receber as águas do aqueduto para depois as entregar nos vários pontos da cidade. Foi projetado em 1746 pelo arquiteto húngaro Carlos Mardel, também conhecido pelas obras de reconstrução da cidade de Lisboa após o terramoto de 1755, mas não foi terminado por si, uma vez que as obras demoraram 88 anos e atravessaram a vida de 7 reis! A obra foi concluída já durante o reinado da rainha D. Maria II, em 1834.

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Com uma profundidade de 7,5 metros e uma capacidade para 5.500 metros cúbicos de água, este é o reservatório mais antigo de Lisboa. Observando o seu interior, é difícil não sentir que se está num templo onde é feita uma homenagem a um dos bens que nos é tão precioso: a água.

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As janelas e os seus vários elementos arquitetónicos dão espaço a jogos de luz que tornam possível todo um conjunto de sombras e reflexos que conferem um certo misticismo ao local. E as surpresas não se ficam por aqui: ao chegar ao reservatório, a água sai da boca de um golfinho que integra uma cascata; existem algumas passagens entre paredes; é possível manobrar alguns sistemas antigos; acontecem no local vários eventos e exposições temporárias.

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No final da visita, umas longas escadarias seguem por um estreito corredor onde o cruzamento entre duas pessoas se torna complicado. Ao longo da subida começa a surgir a luz, sente-se uma leve corrente de ar e, de um momento para o outro, somos presenteados com uma das melhores vistas de Lisboa: trata-se de um terraço panorâmico que cobre todo o espaço do edifício e que permite contemplar o que nos rodeia de uma perspetiva diferente da habitual.

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Deste edifício sai umas das várias galerias subterrâneas que permitiam que a água circulasse até aos vários pontos onde era precisa: a Galeria do Rato, que termina no chafariz do Rato. Não muito longe, fica a Casa do Registo, edifício de onde saem outras conhecidas galerias, como a Galeria do Loreto, já falada na ESCS MAGAZINE e com visitas abertas ao público.

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É possível visitar este reservatório do Museu da Água na Praça das Amoreiras de terça a sábado entre as 10h e as 12h30m, e entre as 13h30m e as 17h30m. O preço de entrada é de 5€, mas existem muitos descontos que tornam esta visita mais aliciante, nomeadamente para os jovens e estudantes, que têm 50% de desconto. Depois disto, vais continuar sentado no sofá?

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