Música

Não é só no verão que existem bons festivais de música

O Vodafone Mexefest já passou por Lisboa e contou com a presença de 15 mil pessoas em dois dias (25 e 26 de novembro), segundo números da organização. Vários artistas, nacionais e internacionais, passaram pelos palcos espalhados ao longo da Avenida da Liberdade. Gallant estreou-se em Portugal no Coliseu dos Recreios e a brasileira Elza Soares foi a artista com mais anos de carreira a atuar nesta edição do festival. Contando com estes dois músicos, o cartaz do festival encheu-se com mais nomes conhecidos como Jagwar Ma, NAO e Talib Kweli, entre outros.

imagem1-madalena-costa

Gallant, a revelação norte-americana, impressionou com o poderio da sua voz e a teatralidade da postura em palco. Nascido na capital dos Estados Unidos há 24 anos, o cantor pode ser relativamente desconhecido do grande público, mas a confiança com que pisou o palco do Coliseu fez com que não demonstrasse o peso da responsabilidade.

imagem2-madalena-costa

Elza, a veteraníssima da música brasileira, cantou e encantou todos aqueles que acorreram ao Coliseu de Lisboa. Logo nos primeiros minutos do espetáculo, ecoou na sala o pedido “Gritos, eu quero ouvir muitos gritos! Não quero ninguém calado, não quero ninguém parado!”. E o público fez-lhe a vontade, ajudando a dar forma a um dos concertos mais emocionantes que terão passado por esta sala nos últimos tempos.

imagem3-madalena-costa

As filas à porta do Tivoli não deixavam margem para dúvidas: nesta edição do Vodafone Mexefest, Mallu Magalhães, cantora e compositora brasileira agora a viver em Portugal, era mesmo um dos nomes mais populares do cartaz. Também NAO, cantora britânica, foi um dos destaques do primeiro dia do Vodafone Mexefest e trouxe consigo o primeiro álbum, “For All We Know”.

À semelhança do que já havia acontecido em março, inúmeros músicos portugueses reuniram-se em Lisboa para prestar homenagem à obra de Dina. Presente na sala, mas impossibilitada de juntar a sua voz a uma seleção nacional de jovens talentos, a cantora e compositora que em junho completou sessenta anos recebeu, ao longo do serão, os aplausos dos espetadores que acorreram ao Tivoli; em palco, artistas como Márcia, Alex D’ Alva Teixeira ou Ana Bacalhau não se cansaram de destacar a riqueza e diversidade das suas composições.

Este festival combina vários géneros musicais distintos como o hip hop, o fado, a spoken word (músicas que, em vez de serem cantadas, são faladas) ou a música indie.

“Is the real hip hop in the house right now?” foi a pergunta que Talib Kweli fez quando subiu ao palco. Talib Kweli evocou Wu-Tang Clan, o espírito de Sean Price e o fantasma de J Dilla. Encaixou palavras num conjunto de pianos e cordas, cortados de forma clássica por um DJ que sabe com quantos breaks se faz um beat.

Para além dos concertos nas salas, houve também muitos concertos na rua: por exemplo, a varanda do Coliseu do Recreios foi transformada num palco e houve música na estação ferroviária do Rossio. Uma das novidades desta edição foi o “Concerto Surpresa”, no qual só no próprio dia foi anunciado o cantor que iria subir ao palco, onde e a que horas. Esta iniciativa contou com a presença de Jorge Palma, Chris Baio – baixista dos Vampire Weekend – e António Zambujo.

imagem4-madalena-costa

E, por falar em concertos surpresa, uma das iniciativas da edição deste ano foi o “Vodafone Cuckoo”, que tomou conta da varanda central do Coliseu de Lisboa. Durante os dois dias do festival, este espaço recebeu — depois do soar de um relógio que tocou sempre à hora certa — atuações exclusivas realizadas por um elenco de artistas ainda por divulgar.

Outra novidade foi as “Vozes na Escrita”: artistas que apareceram nos palcos dos concertos, inesperadamente, para dizer algo – um poema, uma crónica, a letra de uma canção. Os convidados foram Carlão, Mike El Nite, Fuse e Da Chick. Depois de Carlão, os Jagwar Ma conseguiram quase deitar abaixo o Coliseu. Em palco, o vocalista Gabriel Winterfield, o teclista Jono Ma e ainda o baixista Jack Freeman estabeleceram o tom com uma evocação do lado mais épico dos Stone Roses.

No total, foram mais de cinquenta artistas que passaram pelos dois dias de festival.