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“Portugal e Espanha não têm noção das vantagens do ensino vocacional”

A chanceler alemã Ângela Merkel garantiu, esta terça-feira, que em países como Portugal e Espanha, onde o número de licenciados é demasiado elevado, os cidadãos tendem a não valorizar o ensino vocacional e a remetê-lo para um plano secundário.

Numa reunião da confederação das associações patronais daquele país, a líder da Alemanha afirmou que em países como os da Península Ibérica se deve apostar em tentar quebrar a crença de que os estudos universitários são algo que conduz os estudantes a posições de destaque nas diferentes carreiras. Isto porque se os estudantes perceberem que há mais opções — muito mais viáveis — para além da universidade, vão apostar no ensino vocacional e, consequentemente, distinguir-se pela positiva daqueles que enveredam pelos cursos universitários.

Os cursos vocacionais, de acordo com o portal da Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, são cursos que privilegiam “tanto a aquisição de conhecimentos em disciplinas estruturantes, como o português, a matemática e o inglês, como o primeiro contacto com diferentes actividades vocacionais”. Ou seja, organizados por módulos, estes são cursos que procuram envolver os estudantes com empresas e instituições, tendo, por isso, uma vertente mais prática do que muitos cursos universitários e colocando os alunos mais perto do mercado de trabalho do que as universidades.

Actualmente, em Portugal, os cursos vocacionais são destinados a alunos a partir dos treze anos que tenham tido duas retenções no mesmo ciclo ou a partir de três retenções em ciclos diferentes no seu percurso escolar ou a alunos que, tendo obtido aproveitamento ao nível do 9.º ano, pretendam obter alternativas ao ensino secundário profissional ou regular. Ainda assim, não são muito procurados como alternativa, mas sim como escape aos anteriormente referidos.

No entanto, o facto de se começar a entender os cursos vocacionais como benéficos para o ensino português (e espanhol) poderia fazer com que o paradigma mudasse e se apostasse cada vez mais na divulgação de forma correcta de cursos deste género, contribuindo para aumentar a taxa de sucesso dos estudantes no mercado de trabalho e, consequentemente, reduzir o desemprego.