Editorias, Opinião

Querido Pai Natal, por favor não me deixes ir a recurso

Desde que comecei a estudar que me lembro de esperar ansiosamente pela chegada das melhores férias de sempre: as férias de Natal. Eram as primeiras férias depois de uns meses de estudo que tinham interrompido o meu fantástico Verão, e para além de ser uma óptima altura para descansar era também a altura de receber presentes e celebrar entre amigos ou família a noite mágica da passagem de ano. Eu era feliz, descontraída e principalmente livre de preocupações quando se aproximava a data de início das tão esperadas férias. Devia ter desconfiado de que as coisas boas não podiam durar para sempre.

Quando cheguei ao ensino superior, rapidamente vi a minha vida a mudar: deparei-me com um acréscimo na quantidade de estudo, a responsabilidade de entregar diferentes trabalhos nas mesmas semanas e claro a ilusão de conseguir conciliar tudo isto sem precisar de beber café (ilusão esta que rapidamente se desvaneceu). O semestre mal tinha começado e eu já tinha sofrido uma crise existencial, crise esta que me fez questionar se realmente tinha sido feita para estar na ESCS, isto porque tinha criado a ridícula ideia de que tudo isto seria fácil.

Passaram umas semanas e depois um mês, e quando dei por mim o semestre estava quase a acabar, no entanto, os trabalhos continuavam, continuava a assistir às cadeiras menos interessantes de presença obrigatória, com muito sofrimento e desespero obviamente, e mesmo assim eu continuava a aguentar e a acreditar que um dia, um dia não muito distante, eu iria poder voltar a descansar.

Sonhava cada vez mais com a chegada das férias, as tais férias que cresci habituada a ter, a data estava próxima e já tinha marcado na minha agenda verde (oferecida pela ESCS) a data do tão esperado final do primeiro semestre. Estava cada vez mais ansiosa e calma por saber que esse dia estava perto. Enquanto os meus colegas desesperavam por causa de avaliações eu assegurava-lhes que tudo iria tranquilizar-se com a chegada da tão desejada interrupção de aulas. Infelizmente os meus sonhos rapidamente se destruíram, porque, como qualquer universitário deveria saber (e se não sabe isto é um aviso!), as férias de Natal deixaram de ser férias a partir do momento em que vemos o nosso nome seguido de “colocado”.

Em conclusão, esqueçam relaxarem durante as férias, porque tal como eu me apercebi, infelizmente tarde demais, este espaço de tempo serve para, única e exclusivamente, darem o litro para os vossos exames ou frequências que vão ter mal Janeiro comece. Se quiserem ter notas decentes aconselho-vos a desistirem da ideia de que vão ter uns dias super descontraídos e cheios de momentos de festa, caso estejam aqui só para passar às cadeiras aproveitem todos os segundos desta interrupção preciosa que vos foi dada, e não olhem para trás, peçam só ao Pai Natal para não terem de ir à época de recurso.