Desporto

Um adeus em glória…

Andrea Pirlo anunciou recentemente o fim da sua carreira futebolística, 22 anos após ter iniciado um dos percursos mais marcantes na história do futebol mundial. Assim sendo, o New York City é a última equipa a ter o privilégio de vestir o italiano com as suas cores.

O atleta jogou pelos três grandes do Calcio. Entre 1998 e 2015 passou por Inter de Milão, AC Milan e Juventus, pelos quais venceu duas Ligas dos Campeões, seis Campeonatos Italianos, duas taças de Itália e três supertaças. Ao serviço da squadra azzurra Pirlo foi campeão do mundo em 2006. Contabiliza 13 golos pelas seleções de Itália e 73 golos nos clubes que representou, desde a sua estreia profissional pelo Brescia.

Em primeiro lugar, é importante destacar o contributo de Andrea Pirlo para o futebol nas últimas décadas. O arquiteto, assim era carinhosamente chamado, pertence a uma geração de ouro do futebol italiano que veio e virá a entusiasmar tantas outras. Ninguém esquecerá a incrível precisão de passe, bem como a qualidade com que Pirlo executava os lances livres. Ninguém esquecerá a tamanha tranquilidade e desportivismo com que encarava os jogos. Por estas e por outras é totalmente merecido o reconhecimento. Confesso que desde o anúncio oficial de retirada dos relvados que tinha a intenção de escrever este artigo. Se não fosse a qualidade do desportista em si dificilmente abordaria um tema que já foi dito e repetido. Meu dito, meu feito, cá estamos nós…

Recordo-me de Pirlo ser um dos meus jogadores favoritos a partir do momento em que comecei a ver futebol. Depois apareceram as consolas de vídeo, os jogos-simulação… o que só veio intensificar a minha preferência. Pirlo não era um goleador, mas dava a marcar, e isso para mim valia mais do que tudo o resto. Numa época mítica, em que estrelas como Ronaldo cruzavam o campo, fui dos poucos a preferir ver um médio com a bola a ver um avançado.

Andrea Pirlo nunca venceu um prémio de melhor jogador do mundo, ainda que o merecesse. A concorrência foi muito forte e é compreensível. Ainda assim, a própria carreira de Pirlo fala por si. Á semelhança de outros génios do futebol italiano, conquistou dezenas de prémios individuais, aos quais se juntaram também os mais importantes títulos coletivos.

Curiosamente, quando se fala de Pirlo é fácil pensar em Buffon. Dois jogadores que, de maneiras diferentes, marcaram uma época e estarão para sempre intimamente ligados à conquista do título mundial, em 2006. Foram colegas de equipa também na Juventus, no início da supremacia da velia signora.

Bons jogadores há muitos, mas profissionais que honram o desporto são cada vez menos. Este senhor soube transmitir uma mensagem aos fãs da modalidade mesmo após anos menos conseguidos no Inter de Milão e algumas lesões graves durante o caminho. Os obstáculos não o impediram de continuar a dar o melhor no seu trabalho. Esta é uma mensagem importante e que jamais deve ser subestimada.