Arbitragem Feminina no Mundial de 2022
É a primeira vez que vamos poder ver três árbitras principais e três assistentes num Campeonato do Mundo. Apesar de ser uma conquista, é, ainda, algo inédito.
O Mundial deste ano, que terá lugar no Qatar, entre os dias 21 de novembro e 18 de dezembro, vai ter três árbitras principais entre os 36 escolhidos nas seis confederações de futebol. A francesa Stéphanie Frappart (UEFA), a ruandesa Salima Mukansanga (CAF) e a japonesa Yoshimi Yamashita (AFC) são merecedoras de maior destaque, embora a lista seja composta por mais três assistentes.
A brasileira Neuza Back, a mexicana Karen Díaz Medina e a norte-americana Kathryn Nesbitt completam o leque de seis mulheres a marcar presença na arbitragem do próximo campeonato do mundo. Apenas o VAR não terá qualquer mulher nas suas funções.
Nunca antes tinham sido escolhidas árbitras para apitar a prova masculina. Segundo o presidente da Comissão de Árbitros, Pierluigi Colina, “A nomeação é o resultado de um longo processo iniciado há vários anos, que começou com a indicação de árbitras para certas competições masculinas de seniores e de jovens“.
O responsável da arbitragem da FIFA disse que espera que aquilo que hoje é notícia no futuro seja algo comum e enalteceu ainda o alto nível das profissionais escolhidas: “Espero que no futuro a seleção de árbitras de elite para competições masculinas importantes seja vista como algo normal e já não como sensacional.”
De patamar em patamar até ao topo
Stéphanie Frappart
Stéphanie Frappart é o nome de maior sucesso e experiência. Aos 38 anos, muitos têm sido os marcos que tem atingido na sua carreira, sendo pioneira na maior parte deles. Depois de ter jogado futebol, aos 13 anos começou o seu percurso na arbitragem. Após passar pelas principais competições de futebol feminino, continuou a quebrar barreiras ao chegar às provas masculinas. Em 2014 tornou-se na primeira mulher a arbitrar um jogo da II liga francesa e passados cinco anos chegou à Ligue 1, a principal divisão do futebol gaulês. Nesse mesmo ano, depois de já ter marcado presença na final do Mundial feminino, foi nomeada para apitar a Supertaça Europeia entre Liverpool e Chelsea.
Entre jogos de Liga dos Campeões, qualificação para o Mundial e Euro 2020, Stéphanie é a única mulher a pertencer ao quadro de árbitros profissionais da liga francesa. É ainda detentora do prémio de melhor árbitra do mundo, pelo terceiro ano consecutivo pelo IFFHS (Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol).
Yoshimi Yamashita
Apesar de não ser tão mediática como Frappart, a japonesa tem também subido patamares ao longo da sua carreira. Aos 36 anos, já foi nomeada para o Mundial feminino de 2019, torneio Olímpico de 2020 e marcou presença na segunda competição masculina de clubes da Ásia, a AFC Cup. Já este ano, tornou-se na primeira a apitar na Liga dos Campeões asiática.
Salima Mukansanga
Natural do Ruanda, aos 35 anos, completa o trio de mulheres que irão apitar os duelos do Campeonato do Mundo. Embora tenha tido a ambição de ser jogadora de Basquetebol, focou-se no desporto rei começando a trilhar a sua longa jornada até ao auge da sua carreira. Este ano, apitou o Guiné-Zimbabué para a Taça das Nações Africanas. Em declarações à DW Sports, assume a importância que o seu percurso tem para as mulheres: “Alguns países ainda não permitem mulheres e raparigas no futebol. Dizem que não é para meninas. Este é o momento de lhes dar uma oportunidade e apoiá-las. Eu sou mulher, estou pronta e sou capaz, porque trabalhei muito pela minha carreira.”
Fonte da capa: El gráfico
Artigo revisto por Beatriz Neves
AUTORIA
A paixão pelo desporto foi o que a fez querer escrever para a Magazine. Encontra no desporto, tal como na música, a maior forma de liberdade e aprendizagem. Só precisa de um bom concerto e um bom jogo de futebol para ser a pessoa mais feliz do mundo. Considera-se uma pessoa justa e por isso a imparcialidade estará presente em cada um dos seus artigos.