Chega ao fim o mandato de Liz Truss
Após 45 dias, a líder do Partido Conservador cedeu face à pressão que tem vindo a sofrer, no dia seguinte a ter estado presente no Parlamento, onde foi fortemente criticada pela oposição.
Liz Truss só assumiu funções há pouco mais de um mês, mas isso não foi impedimento para que ao longo destas semanas tenham surgido cada vez mais críticas ao governo da líder conservadora, que anunciou hoje, frente à sua residência oficial, em Downing Street, a sua demissão. A ex-ministra dos negócios estrangeiros chegou ao cargo que abandonou nesta quinta-feira após a demissão de Boris Johnson. No seu primeiro discurso como primeira-ministra definiu como prioridades a redução de impostos, o combate à crise energética – fruto da guerra na Ucrânia – e o melhoramento do Sistema Nacional de Saúde britânico com vista a “colocar o país no caminho para o sucesso a longo prazo”.
Apesar de diversos economistas defenderem que no momento atual era crucial consolidar as finanças públicas, o governo conservador avançou com medidas que muitos definem como “ultraliberais”, lançando um pacote que prevê o agravamento da dívida pública em 121 mil milhões de euros, devido em grande parte aos cortes nos impostos.
Nos tempos que se seguiram, assistiu-se a um agravar da crise económica, que Liz Truss já herdou do governo anterior, marcada pela constante desvalorização da libra em relação ao dólar, o aumento do custo de vida e o escalar dos preços dos combustíveis, fruto deste mesmo pacote.
Embora curto, ainda foi possível assistir a três demissões neste governo. Primeiro, Conor Burns, ministro do comércio, por alegada conduta imprópria. Depois, Kwasi Kwarteng, ministro das finanças, que Liz Truss justificou invocando o “interesse nacional” e a necessidade de estabilidade económica no Reino Unido. Mais recentemente, Suella Braverman, ministra do interior, demitiu-se alegando ter enviado um documento oficial através do seu e-mail pessoal, apesar de ser do conhecimento público que era uma crítica assumida da decisão da primeira-ministra em recuar na política de cortes de impostos que anunciara anteriormente. Destas três, a demissão do ministro das finanças foi a que gerou mais controvérsia, tendo a oposição acusado a primeira-ministra de não prestar esclarecimentos plausíveis aos deputados.
Imediatamente após a demissão de Kwarteng foi encontrado um substituto para o cargo, Jeremy Hunt, a quem foram concedidos mais poderes, de forma que o ministro conseguisse reverter a crise que o país atravessa. Hunt agiu prontamente e a sua primeira medida foi reverter por completo o “mini-orçamento” anteriormente anunciado por Liz Truss.
Esta chegada fez com que os britânicos se tivessem questionado: “Quem está verdadeiramente no poder? Liz Truss ou Jeremy Hunt?”. Hunt desmantelou completamente o plano económico da primeira-ministra, e muitos diziam até que Truss detinha o cargo, mas não o poder.
Apesar da tentativa de reconquistar a confiança e contrariar o cenário de crise que se configurava através da regressão nas medidas anunciadas e da substituição do ministro das finanças, nada disto foi suficiente para evitar algo que já vinha sendo classificado pelos meios de comunicação britânicos como “inevitável”. Ao longo dos últimos dias a opinião pública tinha vindo a questionar como atuaria o partido liderado por Truss, já que ditam as regras do Partido Conservador que um voto de censura a nível interno só pode surgir após 12 meses de mandato. Caso não houvesse renúncia, era possível que se equacionasse uma mudança nessas mesmas regras, uma vez que uma grande parte dos membros do partido estavam descontentes com a governação da primeira-ministra.
Os últimos dados relativamente ao descontentamento mostram que Liz Truss se encontrava no nível mais baixo de aprovação do que qualquer outro primeiro-ministro alguma vez já esteve: 80% dos britânicos desaprovaram o seu desempenho e 55% dos parlamentares conservadores mostraram-se favoráveis à sua demissão. Face a estes números começaram a surgir, mesmo antes da oficialização da demissão, possíveis nomes para a substituir, desde Rishi Sunak, antigo ministro das finanças britânico e atual membro do parlamento, ou até mesmo Boris Johnson, o polémico antecessor de Truss.
Liz Truss torna-se assim na primeira-ministra britânica com o mandato mais curto de sempre, demitindo-se 45 dias após a sua tomada de posse. No discurso em que formalizou a sua demissão, a líder dos conservadores assumiu que já falou com o líder do seu grupo parlamentar, Sir Graham Brady, no sentido de marcar eleições para a liderança no partido, que iram-se realizar na próxima semana. Afirmou também, contudo, que permanecerá como primeira-ministra até que um sucessor seja escolhido.
Fonte da capa: Sic Noticias
Artigo revisto por João Nuno Sousa
AUTORIA
Desde cedo soube que queria ser Jornalista, mas a vida trocou-lhe as voltas e entrou em Relações Públicas. O Rodrigo continua com a mesma ambição e o curso em que está não representa uma condicionante para os planos que tem para o futuro. Como indeciso que é, ainda não sabe em que área do Jornalismo quer trabalhar, algo que vai tentar descobrir ao fazer parte dos diferentes núcleos que a ESCS oferece. O Rodrigo não gosta de falar na 3ª pessoa.
Parabéns Rodrigo…
Não esperava outra coisa vinda de ti.
🥰🙏
Muito bom!!! Gostei do que li!!!
Muito bem escrito, dá-lhe Rodrigo!!