Já mais de 400 vítimas denunciaram abusos sexuais na Igreja Católica
Foi revelado esta terça-feira que a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa já recebeu 424 testemunhos, apesar de a maioria destes crimes já ter prescrito.
Apenas 17 destes casos foram encaminhados para o Ministério Público, e outros 30 estão a ser estudados pela Comissão Independente. Foi Pedro Strecht, pedopsiquiatra e coordenador da Comissão, que anunciou a situação. Afirma ainda que estão a trabalhar com a Polícia Judiciária e acredita que “o número mínimo de outras vítimas referidas nestes depoimentos será no final muitíssimo maior que as quatro centenas”.
É possível perceber a gravidade da situação através das declarações de Pedro Strecht, nas quais este refere que as vítimas eram de ambos os sexos, de todos os pontos do país e de diversos grupos sociais.
“As situações reportadas cruzam já bastante informação idêntica, facto que reforça a consistência dos depoimentos e traça quadros graves existentes ao longo de décadas, mais evidentes quanto mais para trás se recua no tempo.”
A maioria destes crimes já prescreveu, uma vez que o tempo limite definido para testemunhos válidos diz respeito a crimes cometidos desde 1950, ou seja, apenas nos últimos 72 anos. Apesar disto, as vítimas cujos depoimentos já não são proveitosos exigem um pedido de perdão.
A Conferência Episcopal Portuguesa declarou neste mesmo dia um pedido de perdão às vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica, reforçando a “determinação em tudo fazer para que, no futuro, tais crimes não se voltem a repetir”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao ser questionado por jornalistas, comentou que não ficou surpreendido com as mais de 400 denúncias e que não será um “número particularmente elevado”, tendo em conta o tempo das denúncias e comparando com outros países.
“Há queixas que vem de pessoas de 90/80 anos que denunciam o que sofreram há 60, 70 ou 80 anos. O que significa que estamos perante um universo de milhões de jovens ou muitas centenas de milhares de jovens que se relacionam com a Igreja Católica, pelo que haver 400 casos não me parece particularmente elevado. Noutros países e com horizontes mais pequenos houve milhares de casos”, afirma Marcelo Rebelo de Sousa.
A Comissão Independente foi criada em dezembro de 2021 e pretende “dar voz ao silêncio” de todas as vítimas de abusos sexuais na infância por parte de membros da Igreja Católica, investigando e encaminhando para as autoridades competentes todos os casos que terão acontecido entre 1950 e 2022.
Fonte da capa: TSF
Artigo revisto por Carolina Rodrigues
AUTORIA
A Mafalda veio de Sintra com o sonho de ser jornalista. Inspirando-se em tudo o que a rodeia tem as suas paixões centradas na escrita e na leitura, sempre curiosa para querer saber mais quer informar os seus leitores com tudo que se passa na atualidade e ainda dar as melhores dicas de lifestyle. Um dia espera que através da comunicação o mundo se torne num lugar melhor com igualdade para todos, onde ninguém tenha mais de ficar em silêncio.