Cinema e Televisão

Verão Danado: O rosto diz tudo

 Verão Danado é um filme português, da autoria de Pedro Cabeleira ( vencedor de uma menção especial  na categoria Cineasti del Presenti no Festival de Locarno, que premeia as primeiras obras) e com direção fotográfica de Leonor Teles (vencedora de um Urso de Ouro, em 2016, na categoria curta-metragens com a Balada de um Batráquio), que não podes perder.

 O elenco conta com Pedro Marujo (Chico), Lia Carvalho (Maria) e Ana Valentim (Tânia), entre 150 atores que o compõem.
 No filme acompanhamos Chico ( Pedro Marujo) , após este acabar a sua licenciatura, e as suas aventuras no Verão, marcado por jantares, noitadas e saídas à noite repletos de paixão, drogas e momentos psicodélicos.  Apesar de parecer que a obra só se foca na vida noturna, perante esta, vemos que a narrativa esconde imenso por baixo daquilo que é aparente.
 De forma espetacular e imersiva é abordada uma geração sem rumo, sem previsões para o futuro mas com imensa energia e que procura um rumo para a sua vida. Esta jornada está essencialmente concentrada na figura do protagonista.

 

Pedro Marujo (imagem cedida pela produção)

 

 Pedro Marujo, na sua estreia cinematográfica , consegue surpreender pelo nível de emoção que consegue transmitir com as suas expressões faciais e por uma representação que nunca se torna falsa. Este foco nas expressões faciais é , aliás, transversal ao filme. O diálogo toma um lugar mais secundário, principalmente nas cenas de festa, o que torna muito mais realista a sua representação. No entanto, este foco dificulta a interpretação dos temas transmitidos pelo filme.

 

Pedro Marujo e João Robalo (imagem cedida pela produção)

 

 Um outro problema da narrativa é a confusão de nomes que se pode gerar face a tantas personagens em cena, o que leva a ficar-se às vezes confuso se uma certa personagem já tinha aparecido ou não em cena.
 A realização do filme podia cair no usual, com um visual limpo e extremamente cuidado,  mas a falta de meios na sua rodagem não o permitiu. Tal leva a um filme muito mais arrojado na sua abordagem visual, conseguindo surpreender o espectador pela sua diferença. Mas pode ser algo que pode levar a uma distração principalmente para quem prefere um visual limpo.
 Além disso, principalmente nas cenas de festa, é impossível conseguir não ficar imerso no ambiente que elas emanam, hipnotizando o espectador.

 

Lia Carvalho e Pedro Marujo, atrás deles Isaac Graça (imagem cedida pela produção)

 

 Um momento também ele hipnotizante acontece num convívio após um jantar, no qual Chico e Maria ( Lia Carvalho) dançam ao som da Canção do Engate, de António Variações.
 A troca de olhares entre os atores, a música e o ambiente envolvente transportam por completo a cabeça para o universo do filme, conseguindo-nos fazer esquecer tudo durante aquela cena.

 

 

 O filme teve a sua última exibição em Lisboa hoje às 13h30, no Espaço Nimas. Mas estará em itinerância pelo resto do país. Já tendo as seguintes datas e locais marcados:

 

4 Janeiro – Famalicão – Cineclube de Joane

6 Janeiro – Madeira (Ponta do Sol) – Auditório John dos Passos

9 Janeiro – Tomar – Cinema Paraíso

14 Janeiro – Vila do Conde – Teatro Municipal – Cineclube de Vila do Conde

23 Janeiro – Almada – Academia Almadense

26 Janeiro – Viana do Castelo – Ao Norte

 

 Além disso, a partir do dia 1 de Janeiro, o filme estará disponível na plataforma Filmin, que agrega cinema independente e que contém com uma coleção de filmes portugueses como  Os Maias e a trilogia As Mil e Uma Noites.

 

 Não percas brevemente na tua Magazine, a entrevista ao realizador Pedro Cabeleira, à diretora de fotografia Leonor Teles e às atrizes Lia Carvalho e Ana Valentim.