Estreou no passado dia 25 de outubro e é a prova de que o cinema europeu continua a apostar em histórias com significado. Conta com quatro nomeações para os prémios do Cinema Alemão, incluindo Melhor Filme.

Não fala de um acontecimento importante ou marcante. Mostra um pequeno acontecimento que evoca o ano de 1956, uma altura crítica na história da Alemanha do Leste, após a Segunda Guerra Mundial. No entanto, a mensagem que pretende passar foi bem trabalhada. A Revolução Silenciosa – Das Schweigende Klassenzimmer – é a prova de que uma pequena faísca pode originar um grande fogo.

Passa-se na Alemanha de Leste, RDA, em 1956 (cinco anos antes da construção do muro de Berlim), mais precisamente em Stalindstadt, uma cidade-modelo criada pelos soviéticos. Conta-nos a história de um grupo de estudantes no último ano do liceu – estes decidem fazer dois minutos de silêncio em memória das vítimas resultantes de uma tentativa fracassada de revolução na Hungria. Após este momento, é-nos mostrada toda a obstinação e o pior lado do regime, que se estava a construir.

O filme foi adaptado da obra homónima do escritor e ensaísta alemão Dietrich Garstka, mas deixa um pouco a desejar. O realizador de Fritz Bauer: Agenda Secreta, Lars Kraume, conseguiu produzir um filme razoável, mas o livro poderia ter merecido uma melhor adaptação. Denota-se uma certa ligeireza e jovialidade ao tratar este tema, o que poderá não ter sido uma escolha feliz para tratar um momento grave.

O enredo está bem estruturado e traz-nos uma história real e com uma mensagem. Não é marcante, nem merecedor de inúmeros aplausos, mas está bem contextualizado e tem um grande enfoque nas ideologias e ideias libertárias da juventude desta época – vistas como uma grande ameaça para os regimes totalitários. Para além disto, A Revolução Silenciosa segue de perto as relações familiares e a relação das personagens com o seu país.

O filme conta ainda com um leque de jovens atores que, apesar de não serem brilhantes, desempenharam bem os seus papéis. Isto claramente facilitou o objetivo de Kraumer ao conseguir dar mais espessura a algumas das personagens.

Artigo corrigido por Ângela Cardoso