Síria: Ataques fazem 80 mortos em 24 horas
Pelo menos 80 pessoas morreram nas últimas 24 horas na Síria devido a vários ataques aéreos que se suspeitam ser da responsabilidade do Governo sírio com apoio de forças militares russas, numa tentativa de atingir áreas onde se encontram forças rebeldes de várias facções.
Este domingo, de acordo com a cadeia noticiosa Al-Jazeera, aviões de guerra alegadamente pertencentes a forças militares russas atingiram a vila de al-Shafah na província de Deir Az Zor, na região este do país, matando cerca de 51 pessoas. Um outro ataque na aldeia de al-Darnaj, também este domingo, fez subir a contagem de mortos para os 55.
A província de Deir Az Zor, onde ocorreram ambos os ataques, é uma das zonas recentemente reconquistadas ao Estado Islâmico, pouco depois de o grupo ter sido expulso dos seus principais pontos militares, incluindo Raqqa.
Ainda este Domingo, em Ghouta, um distrito próximo da capital síria, Damasco, pelo menos 25 pessoas morreram num bombardeamento por parte de forças russas e do Governo sírio em áreas onde se encontram tropas de várias fações da oposição rebelde. Uma parte dos ataques teve como alvo um mercado local num bairro residencial, matando 16 pessoas.
De acordo com o Observatório Sírio pelos Direitos Humanos, um grupo de monitorização da guerra civil síria sedeado no Reino Unido, os números das recentes mortes incluem cinco crianças.
Esta zona próxima da capital tem sido frequentemente atacada apesar de estar oficialmente designada como uma zona de fim da escalada de tensões, onde a atividade militar está proibida de acordo com um compromisso assinado em setembro entre a Turquia, a Rússia e o Irão. Apesar do acordo, e por ser um ponto estratégico próximo da capital, onde o Presidente sírio Bashar al-Assad se encontra, os ataques ainda não foram interrompidos. Esta clara violação contínua do acordo entre os vários países já foi responsável, de acordo com os centros médicos da região, pela morte de, pelo menos, 250 pessoas, devido a alegados ataques aéreos do Governo sírio com o apoio do Governo russo.
As forças rebeldes em Ghouta conseguiram manter o governo sírio afastado durante a guerra e, como forma de retaliação, o Governo sírio impôs um cerco à região, o que causou uma crise humanitária, com elevada escassez de bens alimentares e medicamentos.
O acordo assinado no passado mês de setembro pretendia que as hostilidades entre as várias facções e o Governo sírio, incluindo ataques aéreos, fossem interrompidas durante um período de seis meses em várias zonas estratégicas, com o objetivo de proteger as populações civis aí residentes. Estima-se que dois milhões e meio de pessoas vivam nas áreas afetadas pelo acordo.
O conflito sírio teve início em 2011, após uma resposta violenta por parte do Governo a protestos civis contra o presidente e tornou-se numa guerra violenta entre o Governo e várias forças rebeldes apoiadas no terreno por diferentes potências militares mundiais, incluindo a Rússia e os Estados Unidos.