“Wonder”, apenas mais um filme familiar
Baseado no bestseller do New York Times e realizado por Stephen Chbosky, Wonder – Encantador estreou no passado dia 7 (quinta-feira). Foca-se na vida de August Pullman, um menino de 10 anos que nasceu com uma deformidade facial.
O filme começa com um monólogo de August, cuja face se encontra escondida por um capacete de astronauta. Desta forma, a nossa atenção é inteligentemente captada. Neste momento, o filme parece ter tudo para nos apaixonar.
O drama familiar acompanha um ano da vida deste rapaz: desde a sua entrada no 5.º ano de escolaridade, numa escola pública, até ao final desse ano letivo. No entanto, não passa disso mesmo: um drama familiar. O enredo, que no início parecia forte e promissor de uma emocionante trama, revelou-se fraco e aborrecido.
Jacob Tremblay vê-se, deste modo, num filme que nem aos calcanhares de Room, que estreou em 2016, chega. Julia Roberts, que interpreta a mãe de August, traz-nos a mesma personagem tão igual e enfadonha como todas as que já interpretou. Por alguma razão, parece sempre conseguir emocionar as mães, que parecem sempre não ter problema algum em incomodar os outros com as suas barulhentas emoções. Owen Wilson, escolhido para interpretar o pai de August, anda de mão dada com Julia Roberts. A mesma personagem de sempre, mas desta vez com menos piada ainda. Parece que ser sério não lhe fica bem.
Se o filme é bom? Não me sinto apta para fazer tal julgamento. Se gostei? Ora vejamos, as duas mil vezes que bocejei respondem à pergunta? Acredito piamente que dentro do género drama familiar este seja um filme bem feito. Um daqueles que vemos com a família e os mais pequenos. Uma espécie de Home Alone, mas em modo drama, ao invés de comédia.
No entanto, a não naturalidade de alguns dos atores a representar deixou-me desconfortável. Um desconforto que não permitiu que me envolvesse com tudo o que estava a ver.
O enredo também não impressiona, a infantilidade com que o tema é abordado é explicada pelo facto se tratar da história de um miúdo de 10 anos, porém poderia ter havido um maior aprofundamento na vertente psicológica de cada personagem.
A forma como o autor nos apresenta algumas das personagens, dando-nos uma visão da experiência de cada uma na primeira pessoa, quase nos faz acreditar que nos vai presentear com um enredo de cariz mais profundo e marcante. Que engano! A conclusão acaba sempre por ser a mesma: os dilemas interiores de cada um foram tratados com uma superficialidade que dificulta que o filme se torne interessante para adultos.
Os clichés foram infinitos: a irmã negligenciada, o bully, a mãe que deixa de estudar para poder cuidar do filho e muitos mais. Para os que gostam de um bom plot-twist no final, não será inteligente elevar as expectativas. O enredo acaba de uma forma fraca e fácil.