Moda: o reflexo das sociedades
Temos consciência de que existe arte em todo o lado e não se restringe apenas a formas como a pintura ou a escultura. A moda é um tipo de arte emergente nas sociedades atuais. Está presente na vida da Humanidade desde sempre e desempenha um papel crucial na construção social das sociedades.
Por definição, a moda é um comportamento. O conceito refere-se a diversos estilos de vestuário que prevalecem numa dada sociedade numa dada época histórica. Como tal, acompanha o tempo e as sociedades através das roupas que são utilizadas, associando-as ao contexto da época: político, social e sociológico.
A moda sempre foi uma arte visual: é definida e apreciada pelo uso de cores, formas, padrões, movimento… é uma forte forma de expressão, pois é através dela que identificamos as pessoas que conhecemos e formamos opiniões – sendo que a primeira impressão que temos de alguém é muitas vezes constituída a partir da roupa que esta usa.
Também entre nações, culturas e religiões encontramos diferenças no vestuário. Conseguimos reconhecer que as pessoas pertencem a uma zona geográfica específica ou que praticam uma religião específica pelas roupas que usam. Sem isso, só saberíamos ao conhecermos a pessoa pessoalmente. No entanto, nas sociedades atuais, estas associações pela roupa levam a problemas como a discriminação, o preconceito e o racismo.
Uma forte representação da vertente visual da moda está nos movimentos e subculturas das sociedades: gótico, hippie, hispter, punk… que se identificam, fortemente, pelo aspeto visual daqueles que os integram. A moda toma um papel muito importante socialmente e as pessoas procuram ser definidas através dela.
Antes, a moda era pensada e concebida apenas pela sua necessidade. Os hábitos e costumes de dadas épocas históricas, incluindo a atualidade, podem ser identificadas através dos tecidos usados, da silhueta das peças e mesmo dos padrões usados. Mais recentemente o design e o estilismo aliam-se para tornar a moda mais apelativa, pensada e feita com o propósito de ser uma forma arte visual e não apenas como roupa para o dia a dia.
Antigamente, era identificada uma diferença entre as classes através do seu vestuário: as classes mais altas usavam peças com quantidades de tecido excêntricas, cores vibrantes e silhuetas exageradas, enquanto as classes mais baixas usavam peças mais simples, com pouco tecido, tendo muitas vezes de recorrer a diversas técnicas para remendar as poucas roupas que tinham, por vezes abdicando de outros tecidos mais velhos. Hoje em dia esta desigualdade ainda existe mas a roupa é um bem mais acessível a todas as classes.
Atualmente, a moda já não é, apenas, uma comodidade. É usada como símbolo de individualidade e veículo de autoexpressão. Existe agora toda uma cultura e um movimento que rodeiam a moda: as semanas da moda em todas as grandes capitais, a necessidade de ter modelos e estilistas de renome a darem a cara nas mesmas, a instantaneidade de vendas das marcas mais luxuosas, a atenção constante dos órgãos de comunicação social… Assistimos, cada vez mais, ao uso da extravagância em desfiles de moda, de tecidos e silhuetas incomuns, usados puramente pela arte e não pensados como elementos que serão usados para vestir.
Os estilistas usam-na também como uma forma de comunicação para expressarem as suas posições sociais e políticas bem como para promoverem movimentos e causas que defendem ou promovem, sempre com o objetivo de causarem algum tipo de impressão – mesmo que esta seja negativa.
A moda é então uma forma de arte visual que sempre esteve e continuará a estar presente nas sociedades. Permite-nos encontrar o nosso individualismo, não só como pessoas mas também como sociedades e como parte das mesmas. É uma forma de arte que está sempre connosco e que é cada vez mais reconhecida como tal.
Fotografia “thumbnail”- Fonte: Slate
Artigo revisto por Rita Serra