FC Porto: Dragão ferido que deu “passos” atrás e em frente pelos seus objetivos
Crónica sobre o momento de forma do FC Porto e a sua campanha Europeia
No ano do 125º aniversário, a equipa do FC Porto comprometeu-se com os objetivos de revalidar o título de campeão nacional, de ganhar as restantes competições internas e de ir o mais longe possível na Liga dos Campeões.
Ora, com a Supertaça já conquistada e com a Taça da Liga perdida nas grandes penalidades para o Sporting, os dragões procuram ser bicampeões nacionais, conquistar a prova rainha do futebol português e passar aos quartos de final da prova milionária do futebol europeu.
Estes não são objetivos fáceis de cumprir, mas as tropas comandadas por Sérgio Conceição procuram – muito através do carisma do seu treinador – contornar essa dificuldade e dar grandes alegrias ao mar azul, que tem sido um dos pilares desta equipa.
O momento de forma do FC Porto pode classificar-se como positivo. Apesar da derrota na primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões frente à Roma e da perda de quatro pontos contra o Vitória de Guimarães e o Moreirense, que significaram uma aproximação ao SL Benfica, a equipa azul e branca vem de duas importantes vitórias frente ao Vitória de Setúbal e ao Tondela. Este momento de forma dos azuis e brancos confunde-se com o período conturbado de lesões que sofre, sendo esse um grande desafio para Sérgio Conceição e para a restante equipa técnica.
Os dois jogos que significaram a perda da vantagem dos 5 pontos, que distanciavam os dragões dos encarnados, não foram de todo semelhantes. Fazendo um raio-x aos dois encontros, podemos concluir que no jogo contra a equipa vitoriana estivemos perante um FC Porto que conseguiu criar espaços e praticar um bom futebol, mas faltou-lhe a eficácia na hora de colocar a bola no fundo da baliza dos minhotos. Já em Moreira de Cónegos, a exibição dos comandados por Sérgio Conceição foi mais preocupante pela incapacidade em criar oportunidades de golo, principalmente na 2ª parte do encontro.
Resta agora saber se o resultado e a exibição do FC Porto frente ao Vitória de Setúbal e ao Tondela são suficientes para catapultar os dragões para voos mais altos na Liga NOS.
Partindo para uma análise mais profunda daquilo que é o momento desta equipa, podemos tirar diferentes ilações, mas vamos por partes.
Nos últimos jogos, o FC Porto tem-se apresentado num esquema tático de 4-4-2, e algumas vezes num 4-3-3, em que os protagonistas dentro das 4 linhas têm diferentes papéis no jogo.
Podemos destacar Felipe e Pepe. Os dois patrões da defesa e os primeiros organizadores de jogo da equipa portista procuram, muitas vezes a partir de passes longos, as costas do adversário, tendo sido Pepe o “abre-latas” em Tondela. Éder Militão, um dos grandes valores desta equipa, é um desperdício a lateral direito. Foi substituído pelo recém-chegado Wilson Manafá, que se assume nesta posição pela profundidade que dá nas incursões pelo corredor direito. Héctor Herrera, o motor e o equilíbrio desta equipa. Quando o internacional mexicano se encontra bem, a equipa responde de forma positiva aos obstáculos que encontra. Óliver Torres, o mais forte organizador e cérebro do jogo da equipa azul e branca, não foi muito feliz em Moreira de Cónegos. Guardou essa felicidade para o jogo frente ao Tondela, em que finalmente juntou o golo às suas capacidades reconhecidas. Otávio, o falso extremo direito que descai muitas vezes para 3º médio, como se verificou no estádio João Cardoso. A juntar a estes nomes, torna-se importante referir ainda Jesús Corona. O “El Tecatito” é o atual segundo avançado do FC Porto num esquema de 4-4-2, assumindo-se como uma “dor de cabeça” para as defesas adversárias pelos desequilíbrios que causa. Brahimi, o mágico da equipa que está colado à bola como o íman ao ferro, sendo o número 8 dos dragões também um íman que atrai os jogadores da equipa adversária, dando mais espaços aos seus companheiros. É por ele que passa todo o jogo ofensivo dos azuis e brancos, com exceção dos encontros frente ao Vitória de Setúbal e ao Tondela, em que foi substituído por Adrián Lopez, que confere um jogo mais combinativo e coletivo à equipa. Por fim, entre tantos outros jogadores relevantes para a manobra ofensiva dos portistas, considero importante referir o Tiquinho Soares e o Fernando Andrade, sendo o primeiro um avançado mais fixo. Ao estar mais apto para um 4-4-2, permite que o ponta de lança brasileiro jogue de costas para a baliza à espera de que o seu companheiro de ataque – normalmente Moussa Marega – procure a profundidade. Já Fernando Andrade assume-se como o substituto “ideal” de Marega (que está a contas com uma lesão) para manter o 4-4-2. Em Tondela, e tendo como apoio primeiramente Jesús Corona e depois Adrián Lopez, o avançado ex-Santa Clara assumiu a posição central do ataque, como um “falso 9”.
A todos estes nomes podemos adicionar Iker Casillas, Alex Telles e Danilo Pereira, que, não sendo as principais figuras do momento atual de forma do FC Porto, irão sempre fazer parte da espinha dorsal desta equipa.
Falando agora da campanha europeia do clube da cidade invicta, podemos afirmar que tem sido de facto uma campanha invicta, que só foi quebrada no último jogo frente à Roma, em que os azuis e brancos saíram derrotados por 2-1. Os dragões passaram por uma fase de grupos praticamente imaculada, com 5 vitórias e 1 empate, encantando a Europa do futebol por ser a equipa desta fase que mais pontuou (16 pontos). Resta agora saber se é capaz de dar a volta à eliminatória e ultrapassar a Roma, rumo aos quartos de final. Na primeira mão, frente aos comandados de Eusebio Di Francesco, o FC Porto apresentou-se num 4-4-2 com Herrera e Danilo no meio campo, e Fernando Andrade no ataque ao lado de Tiquinho Soares. Na primeira parte, a equipa jogou um futebol que indiciava expetativa, lenta na construção quando tinha bola e à procura da profundidade oferecida por Fernando Andrade. Já na segunda parte, vislumbrou-se um jogo com mais espaços para ambas as equipas, em que, apesar de o FC Porto se encontrar mais confortável no jogo (tendo até uma excelente oportunidade para inaugurar o marcador pela cabeça de Danilo), acabou por sofrer dois golos no momento em que perdeu Brahimi por lesão. Mas, por ironia do destino, foi o substituto e patinho feio, Adrián Lopez, que virou bonito, marcando no Olímpico de Roma um golo de belo efeito, que mantém a equipa azul e branca bem viva nesta eliminatória. A verdadeira decisão vai ter lugar no Estádio do Dragão, no dia 6 de março.
São estes os traços que caracterizam o FC Porto atualmente, que, parafraseando o título desta crónica, pode ser descrito com a caricatura de um dragão ferido pelas lesões, mas que, com alguns passos atrás e outros em frente, se mantém vivo na luta pelo título de campeão nacional e pelo sonho da liga milionária…
Fonte fotografia “thumbnail”: O Jogo
Artigo revisto por Vitória Monteiro