Música

Grammy Awards 2021: será que se pode apostar numa premiação tão inesperada?

A noite mais importante do mundo musical chega já no próximo dia 31 de janeiro para celebrar o melhor de 2020. No entanto, nem tudo corre como esperado. Recordes, controvérsias e expetativas: haverá mesmo algo a surpreender? Todas as explicações sobre os Grammys do próximo ano.

Fonte: © GRAMMY.com

Depois de as nomeações serem anunciadas no passado dia 24 de novembro, várias questões foram surgindo: desde as polémicas de The Weeknd ao possível recorde de Beyoncé. Mas, antes de se falar de tudo, é importante explicar quais são as condições para se ser nomeado para os prémios da Recording Academy. Os músicos têm de ter lançado as suas gravações e composições entre 1 de setembro de 2019 e 30 de agosto de 2020. Só assim é que conseguem submeter os seus projetos.

UM ESPERADO INESPERADO

Todos os anos acontecem situações inesperadas quando saem as nomeações e desta vez não foi exceção. Contudo, esta «exceção» foi além do inesperado. Tudo apontava para que Fiona Apple estivesse nomeada para «Álbum do Ano», com Fetch the Bolt Cutters, depois de a Metacritic pontuar o projeto da cantora norte-americana como a mais alta de 2020 e a segunda mais alta de sempre (98/100). Em vez disso, a Academia apenas a nomeou nas categorias de Rock e de Música Alternativa. Também se esperava que os grandes álbuns de Pop de Lady Gaga e de Harry Styles (Chromatica e Fine Line, respetivamente) estivessem nomeados para os Big Four (quatro prémios mais importantes). No entanto, apenas foram nomeados para as categorias de género específico. O mesmo aconteceu com Roddy Ricch e com o Bob Dylan, que nem uma nomeação recebeu, depois de o seu álbum Rough and Rowday Ways ter sido tão aclamado pela crítica internacional como dos melhores álbuns do ano.

Artistas e bandas que não era expectável que aparecessem na lista de corrida aos prémios acabaram por se sobressair, como é o caso de Black Pumas ou de Coldplay. Não se tira o mérito a estes projetos; aliás, até foram bastante bons. Contudo, não era aquilo de que se estava à espera. A Recording Academy consegue sempre surpreender e mostrar que apesar do facto de muitas músicas e álbuns poderem chegar aos topos dos Charts não quer dizer que outros menos bem sucedidos não sejam de tão boa qualidade. É o caso de Djesse Vol.3, do britânico Jacob Collier cujo álbum não entrou em nenhuma parada da Billboard ou prediction da GoldDerby. Ainda assim, arrecadou três nomeações, sendo uma delas «Álbum do Ano», um dos prémios mais galardoados da noite.

Fonte: Jacob Collier via YouTube

A POLÉMICA DO THE WEEKND

À medida que a cerimónia de apresentação dos nomeados ia decorrendo, foi-se considerando cada vez mais inesperado o facto de não se ver o nome de The Weeknd em nenhuma nomeação. Depois de se passar as categorias de Pop e de R&B e de não haver qualquer nomeação (categorias onde The Weeknd poderia estar nomeado), a única esperança era que a «boa nova» só chegasse com as categorias principais. Não chegou. The Weeknd manteve o seu single Blinding Lights durante quatro semanas seguidas no topo da Billboard Hot 100 e no final do ano ficou na mesma posição no mesmo top anual; ganhou inúmeros prémios pelos seus singles e pelo álbum After Hours em grande prémios como American Music Awards ou MTV Video Music Awards; alcançou o número um nas paradas de mais de 50 países e ainda atingiu os 1 700 mil milhões de streams no Spotify com o seu single Blinding Lights, sendo a música mais ouvida nesta plataforma, em 2020. Todavia, todas estas provas não foram suficientes para The Weeknd conquistar as tão esperadas nomeações.

Foram várias as especulações e teorias que os órgãos de comunicação internacionais tentaram criar sobre a razão pela qual a Recording Academy não quis reconhecer The Weeknd pelo seu ano espantoso e a verdade é que ainda não se chegou a nenhuma conclusão 100% assertiva. No entanto, o cantor não deixou de se pronunciar em relação ao sucedido, acusando a Academia, via redes sociais, de corrupção e de racismo. Foram várias as celebridades que apoiaram o artista e republicaram as publicações feitas pelo The Weeknd. 

The Weeknd via Twitter

De acordo com a TMZ, The Weeknd sofreu as consequências de ter preferido o Super Bowl aos Grammys. O cantor canadiano vai-se apresentar no espetáculo de intervalo da quinquagésima quinta final da Taça da National Football League, no dia 7 de fevereiro (uma semana depois da noite dos prémios da música) e este também planeava uma grande performance na gala dos GRAMMY Awards. Aparentemente, a Academia deu a escolher a The Weeknd entre as duas celebrações e o cantor preferiu exatamente a segunda. Seguindo este raciocínio, a Recording Academy fez The Weeknd pagar pelas suas decisões. O cantor acabou por desabafar no Twitter, dizendo que este esquema não passa de um «não convite».

The Weeknd via Twitter

MAIORES NOMEAÇÕES E POSSÍVEL RECORDE DA BEYONCÉ

Sem ter lançado nenhum álbum, a rainha do R&B conseguiu arrecadar nove nomeações este ano, sendo que duas delas são para «gravação do ano», com Black Parade e Savage (Remix). Beyoncé poderá ultrapassar um recorde no próximo dia 31 de janeiro, sendo a mulher a receber mais Grammys em toda a História. À sua frente, com apenas mais três pontos, está Alison Krauss. A Queen B apenas precisa de mais quatro prémios para ultrapassar Krauss, uma vez que esta última não está nomeada este ano. Tudo aponta para que consiga bater esse recorde, porque, além dos outros dois singles nomeados para as categorias de R&B, Rap e para as principais, a cantora norte-americana está também nomeada para «melhor filme musical», com Black Is King, e para «melhor videoclipe» com Brown Skin Girl; prémios esses em que a vitória é quase garantida.

BeyoncéVEVO via YouTube

Logo a seguir a este máximo de nove, vêm três artistas empatados com seis nomeações cada um: Dua Lipa, Roddy Ricch e Taylor Swift. As duas cantoras, como num duelo, lideram as apostas nas categorias em que estão nomeadas, que são praticamente as mesmas. Ambas revolucionaram o mundo do Pop nesta nova década ao introduzir dois géneros completamente diferentes. Quem sairá a ganhar?

THE BIG FOUR

Chegando, finalmente, aos quatro prémios mais importantes da gala, com o prémio «Álbum do Ano», começa o duelo Taylor Swift vs. Dua Lipa, apesar de não existir qualquer rivalidade entre as duas ícones do Pop. As opiniões andam muito renhidas, sendo que, segundo a GoldDerby, as primeiras duas estão mais próximas de chegar ao troféu. Porém, além de Future Nostalgia, da Dua Lipa, e de Folklore, da Taylor Swift, os outros dois álbuns com grandes hipóteses de ganhar são: Hollywood’s Bleeding, do Post Malone, e Women in Music Pt. III, das HAIM.

Fonte: © pitchfork.com

Passando a outro dos Big Four, no prémio de «Gravação do Ano», Dua Lipa está novamente no topo das apostas da Golderby, desta vez com o single Don’t Start Now, muito próximo do segundo lugar de Megan Thee Stallion e de Beyoncé, com Savage (remix). Em terceiro lugar está Circles, de Post Malone, e em quarto está novamente a Beyoncé, mas com Black Parade, lugar que passa para primeiro quando se trata da opinião dos especialistas. 

Fonte: © pitchfork.com

Na mesma onda, para «Canção do Ano», sai Post Malone e entra H.E.R. com I Can’t Breathe, música que este ano já ganhou vários prémios em categorias de «vídeo solidário», como símbolo do movimento Black Lives Matter.

H.E.R. via Youtube

Com os músicos do futuro, «Artista Revelação» pode ser considerada a categoria mais incerta a nível de seguranças de quem vai ganhar. Apesar disso, Doja Cat, Megan Thee Stallion e Phoebe Bridgers são as favoritas ao pódio. Se seguirmos o raciocínio de prémios como os MTV VMA, os MTV EMA, os AMAs ou os PCA, Doja Cat será a grande vencedora, mas com os Grammys nunca se sabe.

Fonte: © pitchfork.com

Depois de um ano em que Billie Eilish ganhou os quatro Big Four, é impossível voltar a acontecer o mesmo. Ainda assim, será que Dua Lipa leva os três grandes para casa? Temos de esperar para ver.

Fonte: © AP News

Nas categorias de géneros específicos, parece que as apostas continuam muito semelhantes à da General Field. Dua Lipa e Taylor Swift parecem empatar nas predictions do Pop. No R&B, Black Parade, da Beyoncé, continua no topo, juntamente com Jhene Aiko, Chloe x Halle e John Legend. Rock, Rap, Latin e muitas outras categorias trazem vários músicos e compositores para a excelência desta cultura. São no total mais de 80 prémios que se vão entregar na grande noite da música.

MUDANÇAS E FALTA DELAS

Onde se vê uma mudança é no Country: género que nunca foi representado por tantas mulheres. Aliás, estes Grammys são um passo para a igualdade de género no mundo da música. Vê-se uma grande parte das nomeações lideradas por mulheres. No entanto, em questões raciais, os Grammys são acusados de racismo pelo facto de quase terem categorias para negros e categorias para brancos. Fala-se do Pop e de R&B, por exemplo. Um problema que, ao longo dos anos, é falado e persiste.

Pela primeira vez, assiste-se a um grupo de K-Pop a ser nomeado para uma das maiores categorias dos prémios da Recording Academy: Dynamite, dos BTS, nomeado para «melhor performance pop por uma dupla ou grupo». No entanto, é apenas uma nomeação. Ainda se vê pouca globalidade nestes prémios e isso tem sido muito criticado pela imprensa internacional.

Big Hit Labels via Youtube

Enquanto esperamos pela noite tão ansiada dos GRAMMY Awards 2021, resta-nos ouvir os projetos dos nomeados e fazer as nossas próprias predictions. Quem irá ganhar? Quem irá atuar na gala? Isso ainda ninguém sabe. Apenas sabemos que quem irá apresentar a cerimónia será o Trevor Noah e que esta vai decorrer no dia 31 de janeiro de 2021, no Staples Center, em Los Angeles. Em princípio, como todos os anos, a SIC CARAS transmite a gala em direto em antena aberta. Não percam!

Artigo por Manuel Leite

Artigo revisto por Rita Asseiceiro