Bella Hadid: “apenas” supermodel ou a próxima ubermodel?
Isabella Khairiah Hadid, 26 anos, tinha apenas 20 quando foi eleita modelo do ano, escolhida por profissionais da indústria da moda, e este ano voltou a sê-lo. Já fez mais de 220 desfiles, 27 capas para a Vogue, entre as quais cinco no mesmo mês, e há quem diga que, se ainda não tinha entrado para a história da moda, depois de ter fechado o desfile da Coperni, ao vestir um vestido feito no próprio momento com spray, entrou de certeza. Mas será que tudo o que tem feito a levará a ser a ubermodel da nossa geração?
A VERDADEIRA RUNWAY – vida profissional
Bella Hadid começou a sua carreira aos 16 anos. E, assim como os irmãos, aos 18 anos foi levada a Nova Iorque pela sua mãe, Yolanda, que também foi modelo, para assinar contrato com uma agência de modelos.
É representada desde aí pela IMG Models: uma das maiores e mais conhecidas agências de modelos. Agência esta que representa também outras grandes modelos do mundo da moda: Kate Moss, Shalom Harlow, a própria irmã de Bella Hadid – Gigi Hadid -, e a única ubermodel de toda a história da moda: Gisele Bündchen.
A primeira New York Fashion Week em que participou foi a de 2014, desfilando pela Desigual, e desde aí vemo-la recorrentemente nas principais semanas da moda.
Entre 2016 e 2017 deu o seu grande salto, pisando as runways de marcas como: Versace, Chanel, Dior, Marc Jacobs, Givenchy, Miu Miu, Michael Kors, Ralph Lauren, Moschino, Calvin Klein, Victoria’s Secret, Fendi, Off-White, Coperni, Jacquemus, Mugler, Schiaparelli, entre tantas outras.
Em 2016 também se estreou nas capas de grandes revistas, incluindo a Vogue: a turca em maio, e em setembro a japonesa, italiana e francesa. Começou a ser uma cara recorrente na capa desta revista, o que a levou, em 2017, a quebrar o recorde da modelo Doutzen Kroes, aparecendo em cinco edições internacionais: Espanha, Arábia, Brasil, China e Austrália. Hoje, conta já com 27 capas.
A RUNWAY PESSOAL – vida pessoal
Durante a sua infância e adolescência fazia equitação e tinha como sonho participar nos Jogos Olímpicos de 2016. Já revelou também, através da i-D, que as primeiras memórias que tem são a andar de cavalo e a brincar com os irmãos.
Em 2014 mudou-se para Nova Iorque para estudar fotografia, mas suspendeu os estudos para se focar na carreira como modelo, uma vez que se mostrava difícil conciliar as duas coisas. No entanto, apesar de ter deixado o curso de fotografia, já demonstrou interesse em regressar. Quer então, quando chegar essa altura, continuar a focar-se na moda, mas do lado de “trás”: o das câmaras. É fascinada pelo poder que as mesmas têm, no sentido em que nos permitem captar momentos e emoções.
A RUNWAY CONSIGO MESMA – viver consigo mesma, doenças e struggles
Em 2012 foi diagnosticada, assim como o irmão e a mãe, com Lyme crónica, uma doença que provoca frequentemente fadiga, problemas de memória, insónias, dor e inchaço nas articulações. Em 2020 revelou a doença no seu Instagram e tem-nos mostrado, através do mesmo, um pouco da sua luta contra a doença, e também da sua vida com a mesma. É completamente indiscutível a importância de alguém com esta visibilidade partilhar que tem uma doença e partilhar a realidade de quem vive com a mesma, como forma de apoio a quem também passa por esta ou outras doenças.
Considera muito importante que as pessoas notem a sua ética de trabalho, que é indiscutível: a modelo nunca chega atrasada e nunca falta. Em 2019 fez um desfile com 38º. graus de febre, durante a Paris Fashion Week – ninguém reparou, foi a modelo que depois contou ao público.
Além disso, também se considerava bastante insegura, e sentiu que com o chegar da pandemia teve finalmente tempo, e foi “obrigada” a olhar para si mesma, a olhar para quem era. Isto porque antes tudo girava à volta do seu trabalho enquanto modelo: estava habituada a acordar, chorar, ir trabalhar, voltar e estar cansada.
Além desta doença, também se tem confrontado com ansiedade e depressão, usando uma vez mais o Instagram para partilhar a própria experiência, e, de certa forma, ajudar quem passa pelo mesmo: “I want you to know that there’s always a light at the end of the tunnel, and the rollercoaster always comes to a complete stop at some point”.
Por falar em traumas, é claramente notável que muitos dos mesmos foram causados, tanto a Bella como à sua irmã, pela mãe. Yolanda demonstra ser extremamente rígida em termos de dietas e pressionou imenso os filhos para seguirem a carreira de modelo, como forma de tentar viver a vida dela através deles. Além disso, fez bullying à própria filha do meio pelo nariz que tinha, e a Bella por gostar de ser morena, ao contrário do resto da família.
A RUNWAY ATÉ SUPER OU UBERMODEL – o vestido e a modelo que vão ficar para a história
O vestido branco, minimalista e perfeito foi criado no momento do desfile no corpo de Bella Hadid. Foi isto que aconteceu no fecho da coleção primavera/verão 2023 da Coperni, na Paris Fashion Week. Bella mostrou-se ao público apenas de roupa interior, acompanhada de artistas, e despediu-se do público com um vestido feito de spray. Foi este o momento que levantou tantas questões à volta de Bella Hadid, foi assim que ela, juntamente com o vestido, a marca e os criadores, entraram para a História da Moda. E como ela própria disse mal chegou ao backstage: “look what I’m wearing: it’s art. This is real life art in real time”.
Mas será isto, juntamente com tudo o resto que Bella já fez, suficiente para a tornar na nova Ubermodel? Será que haver outra Ubermodel é sequer ponderado?
O título foi dado apenas a Gisele Bündchen, colocando-a a um nível acima de todas as Supermodels da geração dela, e, portanto, há quem acredite que Bella conseguirá lá chegar também. Chegará a Ubermodel da nova geração de modelos.
Isto graças a momentos como os descritos: desfilar com febre; partilhar os struggles dela com o mundo; ser a musa de tantas marcas; fazer inúmeros desfiles num só dia; e a tantos outros momentos que temos visto, tanto nas runways, como fora delas, em que prova não ser só uma modelo.
Fonte da capa: NiT
Artigo revisto por Inês Moutinho
AUTORIA
Está no segundo ano do curso de Jornalismo e, durante os seus 19 anos de vida, sempre achou que se vestia super bem. Mas claro que agora olha para trás e ri-se imenso de certos outfits que usou. Quer sempre melhorar, gosta imenso de quando a vida a surpreende e acha que é das pessoas que mais sonhos tem, sendo um deles sem dúvida trabalhar na Vogue. Decidiu entrar na ESCS Magazine, por esta lhe dar um gostinho do que é escrever na área da moda, e por acreditar que “tudo acontece por uma razão” o que a leva a aceitar sempre novos desafios e experiências.