Música

Será o fim do BRAT Summer?

O “BRAT Summer” chegou ao fim e o que vem a seguir? Um álbum-remix: o verde-lima veio para ficar.

Charli XCX, cantora, DJ, compositora e produtora de 32 anos, começou a sua carreira na música pop e pareceu atingir o seu pico nos anos 2010 com os êxitos Fancy, I Love It e Boom Clap. Nos últimos anos, Charli dedicou-se a desenvolver um lado mais experimental do pop (conhecido também como hyperpop) com a ajuda do produtor A. G. Cook e da sua amiga SOPHIE, que faleceu no início de 2021. BRAT é o sexto álbum da artista inglesa e foi responsável por trazer este lado desconhecido do pop experimental ao mainstream.

O movimento BRAT

A era “BRAT” teve início em fevereiro de 2024 com o lançamento de Von Dutch, primeiro single do projeto, que rapidamente se tornou viral no TikTok, em especial devido ao remix com Addison Rae, uma das principais figuras desta rede.

BRAT estabeleceu-se como um movimento cultural desde o seu anúncio no dia que antecedeu o lançamento do single. A capa foi o primeiro passo para Charli dominar o verão de 2024: o fundo verde-lima apenas com a palavra “brat” em minúsculas e com o tipo de letra Arial alongado revoltou muitos internautas e vem a tornar-se, mais tarde, a imagem chave de marketing do projeto.

Fonte: Genius
Fonte: Twitter (@charli_xcx)

A artista não se mostrou indiferente à agitação que a capa despoletou; no X, respondeu a um dos tweets que colocava a capa do projeto ao lado de outras (“eternal sunshine”, onde Ariana Grande aparece apenas de costas, “Radical Optimism”, onde Dua Lipa aparece apenas no fundo da imagem e “THE TORTURED POETS DEPARTMENT”, onde a cara de Taylor Swift é pouco visível). No tweet lia-se: “Os diretores de arte devem estar em greve, meu Deus…”, ao que Charli responde: “Há tanto a dizer sobre isto / Eu sinto que a procura constante em ter acesso aos corpos e rostos das mulheres nas capas dos nossos álbuns é misógina e chata”.

Os conhecidos “memes” com a capa de BRAT começam a surgir quando a cantora publica um link para um “gerador” que permite colocar qualquer texto no mesmo fundo e tipo de letra que a capa do projeto. Quanto à cor verde-lima, esta torna-se cada vez mais uma corrente, semelhante ao fenómeno do rosa-Barbie no verão passado: unhas, roupas, Stanley Cups, malas de luxo. Até é utilizado pela equipa de Kamala Harris para a sua campanha a Presidente dos EUA. Charli garantiu que o marketing genial não ficaria por aí e decidiu mudar a capa dos seus projetos anteriores de modo a manter um design semelhante ao de BRAT.

Fonte: Spotify

O “BRAT Summer” inicia-se com o lançamento do segundo single, 360, que contém as duas frases mais icónicas e célebres do álbum: “I’m so Julia” e “Bumpin’ that” (referência óbvia ao uso de cocaína).

Assim, chega o “BRAT day” a 7 de junho e o álbum é disponibilizado nas plataformas de streaming e lojas físicas, com 15 músicas e 45 minutos de duração. O disco, recebido com carinho pelos fãs e críticos musicais, é descrito como “raro”, “energético” e “brilhante”. Estreia-se na 3.ª posição da tabela de vendas da Billboard e torna-se ainda o álbum mais aclamado do ano até ao momento. BRAT surge como um álbum ousado, com batidas fortes e letras repetitivas que envolvem o espírito de rave do disco. Club classics, a segunda faixa, captura toda a essência do álbum, misturando a experimentação sonora do pop – neste caso, hyperpop – e letras sobre a vida noturna de discoteca.

Com o passar dos meses, Charli lança a versão Brat and it’s the same but there’s three more songs so it’s not com três músicas inéditas e mais três remixes com figuras emblemáticas da música pop.

Fonte: MOST2414

Brat and it’s completely different but also still brat

Em setembro chegou o fim do verão e muitos temiam que isso significasse o fim do “BRAT Summer”. Com o lançamento de quatro remixes diferentes, rapidamente se percebeu que Charli não terminaria já a era do sexto álbum.

Brat and it’s completely different but also still brat, lançado no início do mês de outubro, trouxe novos artistas ao projeto e um som completamente diferente às músicas já conhecidas. A Billie Eilish, Addison Rae, Troye Sivan, Dua Lipa e Lorde juntam-se Caroline Polachek, Ariana Grande, The Japanese House, Tinashe, entre muitos outros.

O álbum-remix é uma recriação ousada e eclética do trabalho de Charli, que estende o espírito rebelde e experimental que BRAT trouxe ao mundo. Este demonstra ser não só uma exploração de novas direções musicais, mas também, de certo modo, uma desconstrução do projeto anterior. O destaque, neste álbum, vai para I might say something stupid com The 1975 (banda da qual faz parte o seu noivo George Daniel), transformando-a numa balada assustadoramente lenta e contrastando com a energia frenética do restante álbum.

Neste momento, Charli XCX tem ainda um ano inteiro pela frente. Ao lançamento dos dois álbuns, juntou-se uma digressão em conjunto com Troye Sivan, a SWEAT Tour que marcou presença em vinte e uma cidades dos EUA. Contas feitas, a Billboard prevê que, com o BRAT Summer, Charli tenha arrecadado cerca de 20 milhões de dólares, posicionando-se como uma das artistas mais influentes do ano e a caminho de – quem sabe? – vencer o seu primeiro GRAMMY.

Fonte: Rolling Stone

Fonte da Capa: Instagram (@wasabi_darling)

Artigo revisto por: Miguel Costa

AUTORIA

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Duarte tem 20 anos e foi apenas no fim do primeiro ano no curso de Publicidade e Marketing na ESCS que decidiu que Jornalismo era o seu futuro. Desde sempre que a música foi a sua grande paixão, associando cada uma das memórias mais antigas com uma música diferente. Com um gosto especial por pop e pop alternativo, sonha um dia poder fazer parte da equipa de uma rádio.