Al Pacino em Perfume de Mulher: uma atuação que marcou o cinema
Ao falarmos de cinema, é inevitável passar por Al Pacino sem mencionar a estrela que este representa para a história da cinematografia.
Al Pacino é considerado um dos maiores e mais consagrados atores da história do cinema, tendo, aos 33 anos, conquistado Hollywood com a sua memorável atuação no filme O Padrinho, que lhe valeu a nomeação para o Óscar de melhor ator.
Embora já com uma carreira riquíssima e recheada de mérito, foi apenas em 1992, após seis nomeações para os Óscares, que Al Pacino recebeu, finalmente, a estatueta de melhor ator, pela sua interpretação em Perfume de Mulher. A sua atuação neste filme e a forma como levou a sério a sua personagem foi, sem margem de erro, uma das mais icónicas do cinema, tendo o Óscar sido mais do que justificado.
Perfume de Mulher narra a história de um ex-oficial do exército dos Estados Unidos, Frank Slade, que, após um acidente, ficou cego. Este mesmo homem, a quem Al Pacino dá vida, vive amargurado com a vida até conhecer o jovem Charlie Simms, que decide ser o assistente do ex-tenente-coronel cego durante o fim de semana de Ação de Graças, como forma de garantir o seu Natal com a família. Só que o tenente Frank tinha outros planos e resolve viajar com Charlie para Nova York, com o objetivo de relembrar os bons momentos da vida antes de se suicidar. Durante esta viagem, o tenente carrancudo acaba por se ir aproximando do rapaz, esquecendo a sua amarga infelicidade, mudando, assim, o objetivo inicial desta viagem e, consequentemente, o destino da vida de Frank.
O filme está repleto, do início ao fim, de emoção, mas não me alongo muito mais na sua narrativa, tanto por esse não ser o foco principal do meu artigo, como para não dar spoiler do desenrolar dos acontecimentos.
A grande questão à qual pretendo responder com este artigo é: Afinal, de que forma é que esta atuação de Al Pacino marcou o cinema?
Al Pacino quis garantir uma interpretação o mais realista e sensível possível. Para entender como encarnar esta personagem, visitou vários centros e instituições para cegos. Conheceu clientes da Associated Blind de Nova York, focando-se nos relatos de diversas pessoas que perderam a visão devido a traumas. Também em Nova York visitou um grupo de defesa para cegos, o Lighthouse, que lhe ensinou técnicas que uma pessoa deficiente visual pode usar para encontrar uma cadeira, sentar-se, ou seja, aprendeu a realizar tarefas do dia-a-dia sem depender da visão. Al Pacino usou a linguagem corporal e as expressões faciais para transmitir a cegueira da personagem, tendo aprendido a reagir a estímulos sonoros e comunicar sem a capacidade de ver.
Para esta sua excecional performance, Al Pacino manteve-se dentro da personagem fora do set de gravações, técnica essa também praticada por muitos outros atores ao longo dos tempos. Assim, passou a usar óculos escuros e a comportar-se como se estivesse cego quando não estava a filmar, garantindo uma interpretação consistente e realista.
A cena mais memorável deste filme foi o momento em que Frank e uma jovem rapariga dançam tango, cena esta para a qual Al Pacino teve de aprender a dançar sem usar a sua visão, de forma a interpretar a mesma da forma mais realista possível. Tal envolveu trabalhar com um instrutor de dança e praticar os passos vendado, para simular a experiência de dançar sem ver. Esta cena protagonizada por Al Pacino, que marcou o cinema e em que ele dança de maneira impecável, é inesquecível, simboliza a comunicação através da dança, onde, mesmo cego, Frank exibe habilidade e um envolvimento emocional com a música.
Esta preparação de Al Pacino para interpretar o aposentado tenente-coronel foi fundamental para o sucesso de Perfume de Mulher e para a sua própria aclamação enquanto ator, tendo-lhe rendido, então, o Óscar de Melhor Ator. A sua atuação é aclamada pela crítica como sendo mais importante que o próprio drama do filme, descrita como grande e ousada. No entanto, é também de destacar a própria qualidade da história que este filme nos conta, deixando-nos a pensar na beleza da vida.
Aconselho todos os leitores a verem, pelo menos uma vez na vida, esta obra cinematográfica, tanto pela história emocionante que nos conta como pela própria atuação de Al Pacino, que é de tirar as palavras da boca.
Al Pacino é, de longe, um dos melhores artistas do cinema de todos os tempos.
Fonte da capa: The Enterprise World
Artigo revisto por Beatriz Mendonça
AUTORIA
Raquel Bernardo tem 18 anos, é natural de Lisboa e entrou este ano para o primeiro ano da licenciatura de jornalismo. O jornalismo sempre foi uma área que a cativou desde jovem uma vez a mesma ter sido desde criança bastante comunicativa (e que nunca parava de falar). Transmitir informação e conhecimento aos outros sempre foi algo que a Raquel considerou imprescindível numa sociedade tão agitada como a nossa, olhando o papel dos jornalistas como nobre.
Desde pequenina que demonstrou uma grande paixão pela escrita, paixão essa semeada pelo seu pai, escritor de rubricas, e, com esta entrada para a ESCS magazine, a mesma espera tanto melhorar as suas qualidades de escrita como aprofundar a sua relação com esta.