Desporto

Jannik Sinner e Doping: Justiça ou Privilégio?

Jannik Sinner, nascido a 16 de agosto de 2001, já mostra ser um dos melhores tenistas da sua geração. Em 2024, fez história ao tornar-se o primeiro italiano a atingir o posto número 1 do ranking de singulares da ATP, após vencer dois torneios do Grand Slam: o Open da Austrália e o Open dos Estados Unidos.

Apesar de estar a atravessar a melhor fase da sua carreira, em março de 2024, Sinner testou positivo à clostebol por duas vezes.

Fonte: ATP Tour

Clostebol é um esteroide anabolizante, utilizado para aumentar a massa muscular e melhorar o desempenho desportivo, sendo uma substância proibida pela Agência Mundial Antidoping (WADA), desde 2004. A WADA é a entidade responsável por elaborar o Código Mundial Antidopagem, bem como certificar-se de que, no caso do ténis, a Agência Internacional para a Integridade do Ténis (ITIA), o aplica corretamente.

Fonte: sportal.it

No caso de Sinner, a ITIA ilibou o atleta após um painel independente, a quem o caso foi apresentado, ter considerado que a explicação do tenista era credível.  Segundo o tenista, a contaminação ocorreu acidentalmente por meio do seu fisioterapeuta, Giacomo Naldi, que terá usado um spray dermatológico para tratar cortes e feridas que contém clostebol na sua mão. Naldi massajou Sinner sem usar luvas, o que terá levado à contaminação. Em Itália, apesar deste spray ser de venda livre, a lei requer que a sua embalagem contenha um símbolo que alerte a presença de clostebol no produto.

Apesar da absolvição inicial, a WADA recorreu da decisão e o caso está agora entregue ao Tribunal Arbitral do Desporto, onde Jannik Sinner poderá ser suspenso por um período de um a dois anos.

A WADA argumenta que a decisão de que “não houve culpa ou negligência” não está de acordo com as regras estabelecidas para casos desse tipo. Mesmo acreditando na explicação do atleta, a WADA acredita que Sinner deve assumir alguma responsabilidade, especialmente considerando que o farmacêutico Umberto Ferrara, personal trainer do tenista, foi quem aconselhou o spray a Giacomo. 

O caso de Jannik Sinner levantou questões importantes sobre a consistência da aplicação das regras antidoping no ténis. A grande dúvida é se a Agência Internacional para a Integridade do Ténis (ITIA) tratou o caso de Sinner de forma justa, comparativamente a outros casos passados.

 A ITIA atribuiu a rapidez com que o caso foi tratado à colaboração do tenista e da sua equipa legal. Karen Moorhouse, presidente executiva da agência, reforçou que as regras são aplicadas de igual forma a todos os casos, independentemente de quem seja o jogador envolvido.

No entanto, muitos tenistas ficaram surpresos com a brevidade na resolução do caso e com a falta de punição severa, considerando que Sinner falhou o teste antidoping duas vezes. Um dos mais vocais sobre a situação foi Nick Kyrgios, que defendeu que o italiano deveria ser suspenso por dois anos. Já Dennis Shapovalov, antigo número 10 do mundo, sugeriu que a ITIA tem “regras diferentes para jogadores diferentes”.

Nesta mesma linha, Tara Moore, tenista britânica que cumpriu 19 meses de suspensão enquanto aguardava a resolução do seu caso, também sugeriu que jogadores de topo são tratados de forma diferente. O seu compatriota Liam Broady reforçou a crítica, dizendo que independentemente de Sinner ser culpado pela contaminação, a velocidade com que tudo se resolveu não é a certa: “Muitos jogadores passam pelo mesmo e têm de esperar meses ou anos para que a sua inocência seja declarada.”

Perante isto, fãs e jogadores aguardam ansiosamente a decisão final do Tribunal Arbitral do Desporto. Culpado ou não, é certo que o caso de Sinner já impactou negativamente a credibilidade do ténis, levando a que muitos tenistas tenham perdido a confiança nos órgãos de gestão do desporto, e assim desvalorizando a efetividade da luta contra o doping no ténis.

Fonte da Capa: Enervit

Artigo revisto por Miguel Calixto

AUTORIA

+ artigos

Desde criança que a Maria sempre esteve envolvida nas mais diversas modalidades, mas foi à Ginástica de Trampolins que se dedicou durante 11 anos. Atualmente no primeiro ano da licenciatura em Jornalismo, tem como objetivo encontrar o equilíbrio perfeito entre a paixão pelo desporto e o jornalismo. Entre as suas maiores paixões estão o futebol e a Fórmula 1, mas é o desenvolvimento do desporto profissional feminino que realmente a motiva. Vê a ESCS Magazine como um desafio e como uma excelente oportunidade de aprender ao mesmo tempo que explora aquilo que mais gosta.