As falhas no INEM que levaram à morte de 11 pessoas
Os funcionários do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) realizaram, entre os dias 30 de outubro e 7 de novembro, uma greve às horas extraordinárias. Em nove dias, morreram pelo menos 11 pessoas à espera de auxílio que chegou demasiado tarde ou que nunca chegou.
A primeira morte aconteceu logo a 31 de outubro, em Bragança. Um homem de 86 anos, que morava a dois minutos do hospital, sofreu uma paragem cardiorrespiratória em casa, tendo a esposa tentado, durante mais de uma hora, contactar o 112. Quando chegaram os meios de socorro, já era tarde demais. No mesmo dia, em Vendas Novas, um homem de 73 anos sentiu-se mal em casa. Sem resposta do INEM, os familiares contactaram diretamente os Bombeiros Voluntários, que declararam a morte no local.
A 2 de novembro, registaram-se mais duas mortes. Em Tondela, uma idosa de 94 anos sofreu uma paragem cardiorrespiratória em casa. Um familiar ainda conseguiu contactar o INEM, mas apenas 45 minutos depois é que a chamada foi transferida para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes. A mulher ainda foi transferida para o Hospital de Lamego, onde acabou por morrer. Em Mogadouro, um homem de 84 anos sofreu um engasgamento durante o almoço. Ao fim de quase uma hora sem resposta do INEM, foi levado por familiares para o Centro de Saúde, encontrando pelo caminho uma viatura dos bombeiros que o transportou para o Hospital de Bragança, onde ficou em coma. Mais tarde, foi-lhe declarada morte cerebral, tendo falecido no dia 9.
No dia 4 de novembro registaram-se sete mortes. Em Almada, uma mulher de 70 anos sentiu-se mal no tribunal. Após uma hora e meia de tentativas de contacto com o INEM e da indisponibilidade dos Bombeiros Voluntários, foi uma viatura da PSP a transportar a idosa para o Hospital Garcia de Orta, onde faleceu. Em Cacela Velha, um homem de 77 anos foi encontrado em paragem cardiorrespiratória. Durante quase duas horas, foram realizadas tentativas de contacto para o INEM, pelo que acabaram por contactar os Bombeiros de Vila Real de Santo António, mas já nada havia a fazer.
Em Castelo de Vide, uma idosa de 87 anos sofreu uma paragem cardiorrespiratória no lar onde vivia. Depois de dois telefonemas e de uma hora e meia à espera, o socorro do INEM nunca chegou. A idosa ainda foi transportada, pelos bombeiros, para o Hospital de Portalegre, onde acabou por morrer. Em Leça da Palmeira, um homem de 92 anos entrou em paragem cardiorrespiratória, tendo a família contactado os Bombeiros Voluntários, depois de inúmeras chamadas sem resposta para o INEM. Os bombeiros ainda tentaram manobras de suporte básico de vida, mas sem sucesso.
Em Pombal, um homem de 53 anos morreu após esperar duas horas pelo INEM, tendo pedido à esposa que o levasse ao hospital, mas acabou por sofrer uma paragem cardíaca no caminho. Os bombeiros foram acionados e tentaram reanimá-lo, mas sem sucesso, tendo o INEM de Leiria chegado apenas meia hora depois. Ainda em Pombal, um idoso de 90 anos faleceu em casa depois de ter estado à espera, pelo menos, uma hora por uma resposta do INEM. Os bombeiros ainda foram acionados e prestaram assistência, mas já era tarde demais.
Sobre a última morte, ainda no dia 4, apenas foi confirmado pelos Bombeiros Voluntários de Matosinhos-Leça que se tratou de uma mulher que, antes de ligar para os bombeiros, tentou contactar o INEM durante cerca de 30 minutos, sem nunca obter uma resposta.
Ministra da Saúde promete esclarecer situação
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, prometeu que fará de tudo para “apurar responsabilidades” sobre as mortes possivelmente relacionadas com falhas no socorro do INEM. Ao mesmo tempo, a ministra assumiu “total responsabilidade pelo que correu menos bem”, mas recusou demitir-se. Amadeu Guerra, procurador-geral da República, admitiu que “pode estar em causa uma situação de negligência no que diz respeito ao atendimento das pessoas”.
No total, o Ministério Público abriu sete inquéritos às mortes, enquanto a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde abriu um inquérito às falhas no socorro por parte do INEM, nomeadamente devido aos atrasos no atendimento de chamadas.
Fonte da Capa: Notícias ao Minuto
Revisto por Pedro Filipe Silva
AUTORIA
Quando era criança, a Letícia sonhava em ter uma profissão diferente todas as semanas. Quando chegou a altura de escolher o que estudar no ensino superior, o cenário não podia ser mais diferente porque parecia que nada lhe interessava. Por gostar muito de ler e escrever e por ter sempre muita curiosidade em procurar respostas para as suas perguntas, a licenciatura em Jornalismo na ESCS pareceu-lhe a melhor opção. Foi durante o curso que percebeu que a sua paixão era a mesma que, em tempos, também tinha sido a da sua mãe: o Jornalismo Desportivo. Antes de acabar a licenciatura e de se especializar na área do desporto, decidiu abraçar uma nova experiência e escrever para a secção de Informação da ESCS Magazine.