A magia da tradição: Contos e Lendas de Natal
O clima está progressivamente mais frio, luzes brilham por toda a parte, canções natalinas ecoam vezes sem conta nos nossos ouvidos e os anúncios festivos dominam a televisão. É oficial: estamos na época do Natal!
Nesta época tão especial do ano, algo que não pode faltar é uma boa história, e as melhores – aquelas que remetem para os jantares de família, os serões junto à lareira, e as aconchegantes vozes dos nossos avós – andam sempre de mãos dadas com a tradição.
Afinal, porque está o Bolo-Rei associado aos Reis Magos? Qual é a verdadeira origem do Pai Natal? E porque colocamos uma estrela no topo de um pinheiro?
A Lenda do Bolo-Rei
Da tradição popular portuguesa, esta lenda explica a conexão entre o Bolo-Rei e os três Reis Magos.
Reza a lenda que, certa noite, ao analisar o céu e reparar numa estrela que se movia e que era muito mais brilhante que as outras, os Reis Magos foram avisados de que se tratava de um aviso para o nascimento do filho de Deus. Decidiram segui-la, levando consigo ouro, incenso e mirra para lhe oferecer.
Ao chegar à cidade de Belém, no entanto, os Reis depararam-se com uma importante questão: qual deles seria o primeiro a oferecer o seu presente?
Todos consideravam que o seu respetivo presente era o mais importante e aquele que deveria ser oferecido em primeiro lugar a Jesus. Não demorou muito para que começassem a discutir, e a zanga chamou a atenção de um artesão que por ali passava.
O artesão propôs uma solução para o problema: conduzindo os três Reis Magos à sua humilde casa, pediu à mulher que fizesse um bolo e que dentro da massa colocasse uma fava; partiriam depois o bolo em três partes e aquele a quem a fava saísse seria o primeiro a oferecer o seu presente ao menino.
De acordo com a lenda, a mulher do artesão não se limitou a fazer um simples bolo, escolhendo colocar uma côdea dourada para representar o ouro, frutas cristalizadas para representar a mirra e açúcar para simbolizar o incenso.
Não se sabe ao certo quem ganhou o desafio, mas a verdade é que o formato do Bolo-Rei e a sua frequência nas mesas portuguesas mantém-se até hoje.
A Lenda de São Nicolau
Conta-se que S. Nicolau, filho de cristãos abastados, demonstrou desde cedo grande generosidade.
Na cidade onde vivia encontrava-se também um comerciante falido, que tinha três filhas que não se podiam casar devido à pobreza da família. Quando soube que o pai destas três meninas pensava em prostituí-las, numa tentativa desesperada de angariar dinheiro, Nicolau passou pela casa do comerciante e atirou um saco de ouro pela janela aberta. O saco caiu junto à lareira, perto de algumas meias que estavam a secar.
Com o dinheiro de Nicolau, o comerciante conseguiu preparar o enxoval da filha mais velha e casá-la. O mesmo aconteceu com as outras duas filhas, quando estas atingiram a maioridade, salvando-as assim de um terrível destino.
Quando faleceu, a 06 de dezembro de meados do século IV, São Nicolau, que se tornou também bispo de Myra, doou todos os seus bens à caridade.
Esta história faz com que seja atualmente conhecido como a bondosa figura que deixa presentes nas meias junto à lareira na noite de Natal.
O Conto do Pinheiro de Natal
Este é um conto relativamente curto que explica por que razão está o pinheiro associado à época do Natal.
Conta a história que, na noite de Natal, junto ao estábulo onde estava o menino Jesus, se encontravam três árvores: uma tamareira, uma oliveira e um pinheiro.
As três árvores, ao testemunharem o nascimento do menino Jesus, quiseram oferecer-lhe um presente. A oliveira deixou cair imediatamente uma das suas azeitonas, enquanto a tamareira ofereceu uma das suas doces tâmaras. O pinheiro, no entanto, não tinha nada para oferecer e ficou muito triste.
As estrelas do céu, ao observar a tristeza do pinheiro, decidiram aproximar-se e pousar sobre os seus galhos. Iluminado pela luz das estrelas, o pinheiro tornou-se assim a árvore mais icónica desta época tão especial.
É claro que todas estas histórias são apenas contos, passados de geração em geração através da oralidade. É altamente improvável que os Reis Magos tenham comido um Bolo-Rei na noite do nascimento do menino Jesus; as árvores e as estrelas não têm sentimentos e a origem do Pai Natal como a figura que hoje conhecemos vai para além da história de S. Nicolau.
Acontece, no entanto, que as lendas têm sempre um fundo de verdade e acreditar nestas (nem que seja durante uns segundos), tornam o nosso mundo num lugar mais mágico e a época do Natal numa altura mais especial.
Artigo corrigido por: Matilde Gil
Fonte da capa: CANTIC
AUTORIA
A Maria Luís nasceu em Lisboa, mas foi na cidade do Cartaxo, em pleno coração do Ribatejo, onde descobriu uma paixão pela escrita que fez com que se aventurasse no universo literário e no curso de Jornalismo. Encontrou na ESCS Magazine um espaço perfeito para crescer e dar a conhecer aos outros a arte onde deu os seus primeiros passos: a literatura. Após um ano como redatora, decidiu aventurar-se uma vez mais e aceitar o cargo de Editora de Literatura da melhor revista de Benfica.




