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Rodrigo Testa: Uma jovem promessa do automobilismo mundial

Rodrigo Testa de Sousa é um jovem piloto português que corre em GT na Lamborghini Super Trofeo. Com uma passagem pelos Karts ainda em criança, ambiciona chegar ao nível mais alto no mundo dos motores.

Como é que surgiu a paixão pelas corridas?

Sempre gostei muito de corridas. Desde pequeno que eu e o meu pai víamos Moto GP e Fórmula 1 e eu vibrava imenso com esses momentos.

Ainda estive no Motocross, com cinco anos, mas a minha mãe dizia sempre que era muito perigoso; então, quando tinha sete anos, o meu pai apresentou-me os Karts e acho que foi aí que começou esta paixão pelas corridas.

Até tenho um vídeo de quando era pequeno, com três ou quatro anos de idade, em que o meu pai me pergunta “O que é que queres ser quando fores grande?”, e eu disse “Corridas”, o que é engraçado comparado com as respostas da minha irmã que queria, por exemplo, ser mãe ou uma princesa.

Fonte: Rodrigo Testa

Como foi a tua jornada desde os Karts até agora?

Houve um ano de transição (entre os Karts e o GT), em que existia muita indecisão, então começámos por ver diferentes campeonatos para dar o “salto”. Estávamos a ver maioritariamente Fórmula 4, que é aquilo que todos os miúdos querem após saírem dos karts.

E então nesse ano estive sem correr. Foi um ano de testes, treinos e aprendizagem para a Fórmula 4, onde conhecemos pessoas que abriram as portas para o Grande Turismo. 

Conhecemos um piloto, na altura, que nos apresentou a equipa em que fiz o meu primeiro ano de Grande Turismo. Acabou por ser uma solução não tão dispendiosa que encontrámos.

Pensámos “Porque é que não começamos no GT aos 16 anos? Adquiro experiência e, quando chegar aos 21 ou 22 anos, já vou ter cinco ou seis anos de experiência, vou estar um “passo à frente””. Acho que acabou por ser a decisão acertada. 

Falaste muitas vezes em “nós” na tomada de decisões. Quem é ou quem são essas pessoas?

Quando falo em “nós” falo maioritariamente do meu pai, porque o meu pai esteve sempre ao meu lado e foi ele que me apoiou nisto e também faço isto por ele, que se “parte” em metade para fazer acontecer as coisas. Foi sempre ele que tentou ver qual seria a melhor solução para aquilo que nós queremos alcançar.

Nunca falo só em mim, mas falo sempre em nós porque, quando ganhamos todos, não ganho só eu.

Os meus amigos também me dão apoio fora das corridas. Eu acho que eles são um escape, para mim são um “peace of mind”.

As corridas são uma “profissão”, e fora delas sou um rapaz de 18 anos que gosta de passar tempo com os meus amigos. São eles que muitas vezes me dão aquela ajuda emocional de que preciso.

Um ídolo na vida e um ídolo no desporto?

Na vida é fácil: é sem dúvida o meu pai. O tempo que ele abdica para ajudar a concretizar o meu sonho é algo que se calhar poucos pais fariam.  

O meu pai fala sempre na questão da disciplina, da ética de trabalho e do respeito e tenta sempre transmitir-me isso da melhor maneira. Desde pequeno que me passa esses valores para que eu melhore na pista – e até mesmo fora dela. Ele diz-me sempre “80% é fora da pista e 20% é lá dentro”.

No desporto, sempre olhei para o Valentino Rossi e para o Fernando Alonso; sempre torci por eles desde que me lembro. Também admiro muito o Ronaldo, não pelas conquistas, mas pela ética de trabalho e pela vontade de vencer.

Consegues descrever o ambiente que se vive no paddock num dia de corrida?

Felizmente, dentro do mundo do Moto Sport e do próprio paddock considero que somos todos uma grande família. São pessoas com quem passamos muito tempo, estamos com elas de manhã à noite, o que nos dá a possibilidade de as conhecer de uma forma mais profunda. Criei amizades que são para a vida.

Pelo menos para mim existe alguma ansiedade antes de começar a corrida; são aquelas borboletas na barriga juntamente com a vontade de ganhar. São vários momentos até à corrida nos quais tento manter o foco mesmo com tanta agitação na grelha antes de começar; é de longe o momento mais chato. O tempo parece que não passa: dez minutos parecem 1h30. 

Em relação aos fãs, é muito bonito vê-los, mas não têm muita relevância na corrida pois a adrenalina é tanta que não existe espaço para pensar neles. Gosto muito quando as crianças pedem fotos e se sentam dentro do carro, porque são experiências únicas para elas que me fazem lembrar da minha infância.

Luca Mondello, Andrea Picini, Rodrigo Testa, Luca Persiani, Ugo de Wilde, Gianluca Testa
Fonte: Rodrigo Testa

Qual é o sentimento de estar no pódio? Foi o melhor momento da tua carreira até agora?

O sentimento de estar no pódio é inexplicável! Lembro-me da nossa primeira vitória na época passada! Na altura estava na Iron Lynx, tínhamos uma certa expectativa sobre nós e foi muito satisfatório ver as caras das pessoas que trabalharam para aquele objetivo. 

Ficou-me na memória principalmente a cara do nosso driver coach, Luca Persiani, que infelizmente já faleceu. Ele tinha um sorriso de “orelha a orelha” e marcou-me porque ele representava todos aqueles que nos ajudam todos os dias.

Rodrigo Testa e Luca Persiani
Fonte: Rodrigo Testa

Quais são as ambições que tens para o futuro?

A curto prazo, queremos fazer o campeonato italiano de GT. Vamos entrar numa nova competição (Pro-Am) que me permite mostrar mais da minha capacidade como piloto. 

A longo prazo, quero me tornar piloto profissional ou piloto de fábrica. Quero cumprir esse sonho de criança e conseguir fazer disto a minha profissão.  

Fonte da capa: Rodrigo Testa

Artigo revisto por Sofia Santos

AUTORIA

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Diogo Rodrigues, nascido e criado em terras ribatejanas, chega à ESCS para ingressar no curso de Jornalismo.
Apesar de ter nascido com uma bola nos pés, que o acompanha até hoje, a música sempre teve um lugar especial no seu coração!
Com a entrada na ESCS Magazine espera aprender e desfrutar ao máximo desta experiência.