Artes Visuais e Performativas

O papel da arte urbana na comunicação social

Street Art”, a arte urbana, a arte que é posta de parte, a arte sujeita a mais críticas, é o tipo de arte que se observa na rua. São os graffitis, os stencils, as esculturas e as pinturas que em vez de estarem emolduradas num museu ou galeria, estão expostas em vias públicas. São formas visuais no espaço público. 

As artes urbanas, na maioria das vezes, são as artes postas de parte, comparadas com “vandalismo” e desvalorizadas por não haver uma noção de “estatuto”. Esta discriminação para com as artes urbanas foi desaparecendo aos poucos quando estas passaram a ser consideradas linguagem artística e socialmente relevante em vez de meras práticas marginais.     Nos dias de hoje, servem um propósito de meio de comunicação extremamente poderoso e impactante. 

   Mas, porque motivo?

Estas manifestações de arte transmitem, em muitos casos, para transmitir mensagens policiais, sociais, culturais e ambientais fora dos canais tradicionais dos media. Muitos dizem até serem mais “fortes” que outros tipos de manifestações pois, a menos que sejam danificadas ou retiradas por outros, são formas “eternas”. Comparando, por exemplo, com greves e manifestações populares, que acontecem durante um determinado período de tempo, estas tornam-se num lembrete muito mais duradouro, onde qualquer pessoa que por elas passe, será relembrada dos respectivos motivos e tópicos abordados.

As artes urbanas como meio de comunicação são um “media alternativo”, transmitem mensagens fora do controlo das instituições que, por vezes, as tentam ocultar.

Estas mensagens são: Diretas, Visuais e Emocionais.

Para os artistas, o espaço público é o seu palco, é nele que exprimem as suas opiniões o que, muitas das vezes, não é só deles. Com as suas criações, conseguem denunciar, questionar, criar diálogos visuais, demonstrar descontentamento ou, até mesmo celebrar, porque nem tudo são desgraças. 


Fonte: Reuters

Os artistas deste meio muitas das vezes optam por utilizar nomes artísticos com o propósito de ocultar a sua identidade devido à sensibilidade dos tópicos que abordam, no entanto existem sempre os que, mesmo utilizando esta “máscara” acabam por se revelar. 

Temos o exemplo de Banksy, que até hoje continua incógnito apesar de todas as tentativas de o desmascarar.

Com isto surge um problema, a dualidade entre subversão e institucionalização deste meio. Sente-se presente uma tensão entre o que seria a rebeldia original da arte urbana e entre a sua integridade no sistema artístico e turístico.

Digamos, por exemplo, que uma marca manda fazer um mural na parte de fora do seu edifício, uma questão de estética e publicidade, isto faz com que a arte urbana perca a sua autenticidade “rebelde” ao ser institucionalizada? Continua a ser alguma fora de resistência dentro do sistema que a acolhe? Supúnhamos agora que, à frente desse mural, noutra parede, era feito um graffiti, ninguém pediu para este estar lá, este pode ser desvalorizado (por haver uma comparação entre desenhos) só por estar na mesma área que o outro ? Se estivesse noutra parede, noutra rua, já não seria? 

São estes dilemas que acabam por alimentar esta “discriminação” para com a arte urbana. 

Fonte: P55.ART

A verdade é que, realmente existem casos onde certas expressões artísticas acabam por danificar os espaços públicos mas, arte é subjetividade e quem somos nós para dizer que não é bonito, que não tem significado, ou até mesmo que não merece estar lá? Muitos são apologistas que deviam ser impostas regras acerca dos sítios onde estas manifestações artísticas são realizadas, trazendo novamente questões de ética, pois com as respectivas regras, a essência de “manifestação” iria se perder… ou será que não? 

As artes urbanas são uma forma democrática e dinâmica de expressão artística contemporânea. Transformam cidades em telas vivas, redefinindo o conceito de “galeria” e promovem diálogos entre artistas e cidadãos. A arte urbana comunica, provoca e questiona, é um espelho das sociedades atuais e, apesar de ser colocada de lado, dá muito que falar e pensar, especialmente neste mundo da comunicação.

Fonte da Capa: CK Travels

Artigo revisto por Carolina Ferreira

AUTORIA

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Vinda de Cascais, a Teresa entra na escs com 17 anos. Está no curso de Audiovisual e Multimedia no primeiro ano. Sempre gostou muito de escrever e de falar sobre tudo o que lhe vem à cabeça, veio para a Magazine com o objetivo de partilhar um bocadinho disso com todos e expandir os seus conhecimentos sobre a área da redação. Escrever é um movimento de autoconhecimento, uma expressão de si mesma, acredita que se aprende muito quando se escreve, não só sobre os diferentes tópicos mas também sobre a pessoa em si. Na área da redação, cada um tem o seu toque especial e é isso que torna a escrita tão interessante.