Artes Visuais e Performativas

Um devaneio ou a banda?

Já te deste conta que estavas a delirar, a sonhar acordado, receoso de voltar à realidade? Quem assistiu ao concerto de Devaneio, na Disgraça, já passou por isso.

Conhecidos pela sua fusão de estilos musicais- bossa-nova, rock alternativo e punk- estes setubalenses são um delírio experimental. A imprevisibilidade dos seus passos torna-os atípicos, mesmo para o underground. Então… o que aconteceu a Devaneio? Estão de volta?Estando aqui, ou ali, estiveram em Lisboa, na Disgraça, dia 11 de Outubro envolvendo a plateia com as suas sinfonias ora doces ora brutais. Muitos deslocaram-se para os ver na expectativa de ouvir os seus êxitos: “Mariana”,“Na merda”,“Justificação” e saíram de lá com um novo catálogo de músicas. Outros, que nunca tinham ouvido falar de Devaneio, estando no espaço para ouvir outras bandas, renderam-se à curiosidade, que se transformou em admiração.

Fonte: ARTEGOOFY

Entre gritos emotivos, desespero e um timbre sincero acompanhados de movimentos cruos e intensos o vocalista e baterista, Joe Homes, preparou as “masmorras” para uma noite quente. 

Sob a luz vermelha e escassa do espaço, pouco foi dito entre músicas: toda a energia foi canalizada para a atuação e toda ela devolvida, não só em aplausos, mas em dança,  moshpits, crowdsurfing, histeria e até momentos de puro silêncio. Cada um viveu as ondas ultrassonoras à sua maneira.

As novas fachas deixam claro a viragem da banda: mais ousadas, mais desconcertantes aproximando-se da sonoridade ruidosa e experimental de Sonic Youth. O cruzamento de melodia e ruido, aliado à impolidez intencional da banda, confere autenticidade e amplifica o seu alcance emocional.

Apesar de conceder um tom grave às melodias, o baixista, Petko Angelov, cativou a plateia com o seu entusiasmo, em perfeita sintonia com a guitarra alegre e riffs divertidos da guitarrista, Margarida (Manga) Quesada. 

A voz angelical de Margarida fundiu-se com a sua lírica melancólica e introspetiva criando um refúgio para os fãs das suas letras. O efeito é imediato, todos cantam o “bem-estar”: o tempo passa tão devagar, sinto que estou a desperdiçar…E o tempo que desapareceram, foi um desperdício? Com o primeiro álbum acabado de sair, “Sublime”, surge a questão: qual o é caminho da banda sem-género?

Fonte: ARTEGOOFY

Produzido por Joe Homes, o LP trata de temas existencialistas como o amor, a solidão, a arte, o desperdício de potencial e a pressão de viver numa sociedade de aparências e julgamentos, destacando canções como “Meio frango na grelha só leva um alho”, “No final”, “Fdz o insta”, “Não vales um cu” e “Pedir muito”.

Quando questionado sobre o trajeto da banda, Joe Homes responde que seguem para “um caminho sublime com um piquinho de devaneio e ainda mais dança”, sugerindo que, no futuro, a banda continuará a contagiar pessoas com a sua energia e novos experimentalismos, sem perder a essência daquilo que torna Devaneio um devaneio.

Fonte: DEVANEIO

Fonte da Capa: Devaneio

Artigo revisto por: Diogo Bértola

AUTORIA

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A criatividade que me borbulha na mente transborda para o cabelo, que a cada mês muda de cor. Sou a Leonor, e adoro o Princepizinho. Acabada de entrar no 1o ano de jornalismo, a curiosidade levou-me a aderir à magazine pois mesmo sempre me ter fascinado pelo escrita e pelo mundo da comunicação, preciso de consistência. A arte e trabalhos manuais são o meu refúgio da monotonia e desgraça da vivência humana a desabar. Quero descobrir, mesmo não sabendo o que procuro, e tudo o que sei quero partilhar com todos aqueles que me quiserem ouvir, deixem-me cativar-vos.