Raul Perestrello: “Nós não temos uma democracia em Portugal”
As eleições presidenciais estão cada vez mais próximas e a ESCS Magazine, a ESCS FM e o E2 juntaram-se à corrida a Belém para conversar com os candidatos à presidência da República. Entre eles está Raul Perestrello, madeirense de gema, licenciado em engenharia elétrica e empresário experiente, que passou grande parte da sua vida na Austrália, onde desenvolveu, através da atividade profissional, a sua veia empreendedora.
O Sonho
Raul Perestrello afirma que toda a sua vida profissional tem sido guiada por um sonho. O candidato perdeu os pais muito jovem, mas sempre teve o desejo de explorar o mundo. Nos anos 80, deixou a ilha da Madeira para conhecer a Península Ibérica, aproveitando as oportunidades que à época eram mais limitadas do que as que os jovens têm atualmente.
“O mundo tornou-se muito mais pequeno para explorar; toda a gente fala inglês ou uma outra segunda ou terceira língua, o que torna tudo mais fácil”.
Raul Perestrello observa a juventude em Portugal e lamenta o atraso em inovação e desenvolvimento, defendendo que a sua visão e experiência podem ajudar a enquadrar o país num “mercado atualizado, não apenas na Europa, mas também internacionalmente”.
A Falta de Visão em Portugal
Raul Perestrello acredita que elevar Portugal ao estatuto de “grande nação” só é possível através de um olhar visionário. O pré-candidato critica os governantes, independentemente da cor política, por não aproveitarem as oportunidades estratégicas. Como exemplo, refere uma entrevista recente entre o presidente Marcelo Rebelo de Sousa e Donald Trump, na qual, segundo ele, “não houve discussão sobre comércio e oportunidades para produtos portugueses nos Estados Unidos, como vinho e azeite”.
“Há 15 ou 20 anos, poucas pessoas conheciam Portugal. Hoje, tornou-se um país que todos querem visitar e conhecer”.
Contudo, segundo o próprio, houve falhas no aproveitamento do potencial existente para desenvolver indústrias estratégicas com o mercado americano, que é extremamente atrativo.
“Um Presidente de Todos os Portugueses”
Raul Perestrello acredita que o Presidente da República deve representar e dar conforto a todos os cidadãos, independentemente da sua cultura, religião ou inclinação política.
“Um presidente deve respeitar todos os partidos, sejam de direita, esquerda ou centro, e ouvir as pessoas, respondendo às suas necessidades com visão e sonho para desenvolver a nação”
O candidato vê um país que enfrenta problemas sérios, como o elevado desemprego juvenil, que atualmente atinge os 22%: “Muitos jovens terminam os seus cursos e não conseguem encontrar trabalho, o que afeta não só a vida profissional, mas também a saúde mental e a motivação para ter sucesso”. Assim sendo, reconhece que um presidente deve participar ativamente na sociedade e utilizar o seu poder de influência para ajudar todos os cidadãos portugueses.
No combate à fuga dos jovens, o político vê na criação de indústrias e oportunidades uma estratégia que abre portas ao sucesso e à valorização.
“Muitos jovens saem das universidades ou vão estudar para o estrangeiro, mas quando regressam, não encontram apoio e ficam sufocados”.
Presidente da República, um Arquiteto da Sociedade
Na visão de Raul Perestrello, o Presidente é como “um arquiteto da sociedade, tem de haver ideias na mesa, tem de haver recomendações para que depois se abram os caminhos ao desenvolvimento dessas ideias”.
De acordo com o seu ponto de vista, Portugal deve identificar e investir nas indústrias em que é competitivo, como a indústria do azeite, da cortiça e dos vinhos – uma aposta proveitosa no mercado internacional, sem tentar competir com gigantes como a China.
“Não temos qualquer minério para justificar nem petróleo nem gás, então, nós temos que reverter às indústrias que nós temos e torná-las um sucesso, e envolver a juventude”.
Raul Perestrello acrescenta ainda que Portugal está a perder a sua juventude: “se nós continuarmos com o ritmo dos últimos 15 anos ou 20 anos, o futuro de Portugal é muito cinzento. Sem mudanças radicais nos próximos cinco anos, não teremos um país dinâmico”, alerta, referindo-se também à fuga de cérebros.
Socialismo, Liberdade e Democracia em Portugal
Raul Perestrello defende um socialismo democrático que promove a igualdade e liberdade.
“Portugal quer mudar e sair da rotina que temos tido desde o regime de Salazar até hoje. A juventude quer mais liberdade de expressão e participação, e tem um papel central na transformação da nação”.
Raul Perestrello não deixa de fazer um apelo à presença do Presidente na edificação de uma sociedade mais democrática: “Tive 30 anos de experiência na Austrália, onde o sistema político é mais aberto e democrático. Portugal precisa de uma abordagem semelhante: um presidente que promova diálogo entre os partidos, abra mais espaço à participação da população e fortaleça a democracia, que ainda considero incompleta”.
Fonte da Capa: E2
Artigo revisto por Eva Guedes e Mariana Ranha
AUTORIA
Com a cabeça algures entre a Terra e Saturno, Raquel Bernardo está no segundo ano da licenciatura de jornalismo. Desde pequenina que demonstrou uma grande paixão pela escrita - paixão essa semeada pelo seu pai, escritor de rubricas e imaginador insaciável. Agora, aproveitando a herança que lhe foi dada pelo seu pai, Raquel pretende levar as suas ideias mais longe, de modo a abalar qualquer limite. Aceitou a proposta para assumir a editoria de Grande Entrevista e Reportagem, vendo nesta oportunidade uma forma de crescer e desenvolver novas competências.
Desde pequenina que demonstrou uma grande paixão pela escrita, paixão essa semeada pelo seu pai, escritor de rubricas, e, com esta entrada para a ESCS magazine, a mesma espera tanto melhorar as suas qualidades de escrita como aprofundar a sua relação com esta.




