Selma
“Selma” chega aos cinemas portugueses com as suas nomeações para os Óscares nas categorias de melhor filme e melhor canção original. O que, à primeira vista, possa parecer um filme sobre Dr. Martin Luther King Jr., acaba por se revelar muito mais que apenas isso.
A grande âncora do filme é, de facto, a fantástica representação de David Oyelowo, que consegue transformar a sua voz (e o seu sotaque inglês) na voz de Luther King de tal forma que, cada vez que Oyelowo falava, via nele o homem que muitos conhecemos pelo famoso discurso “I have a dream”. Para além disso, o prémio Nobel da Paz de 1964 – curiosamente é na cerimónia deste prémio que o filme tem início- é retratado num momento em que parece estar a perder a fé e força que geralmente o caracterizam, o que não deixa de ser algo surpreendente, mas também enriquecedor.
Mas, como disse, o filme não se foca nesta figura, foca-se sim na luta pelo direito ao voto dos afro-americanos, que teve palco na pequena cidade do Alabama que dá nome ao filme – Selma. Sem embelezar a situação, mostram-nos toda a violência a que os cidadãos que lutam pelos seus direitos são sujeitos. Podem, portanto, esperar algumas cenas cruas e duras que farão os mais sensíveis encolherem-se nos lugares e, possivelmente, derramar uma lágrima (ou mais).
E esse é apenas um dos ângulos pelos quais nos mostram os eventos. O outro mostra-nos os bastidores políticos e é aqui que entram as participações de Tom Wilkinson e Tim Roth, como o presidente Lyndon B. Johnson e o governador do Alabama George Wallace. Estes que são apenas dois dos nomes de um elenco bastante competente em que consta o nome de Oprah Winfrey (que protagoniza uma cena em que lhe é negado o direito de se registar para voto).
Ao sair da sala de cinema – ao som da música nomeada “Glory”-, fiquei com a impressão de ter visto um filme extremamente humano: não é perfeito (mas quase), não tenta embelezar nada, é emocionante e extremamente poderoso. Só uma questão permanece… como é que Oyelowo não recebe uma nomeação da academia? Parecia-me muito merecida!
AUTORIA
Assumidamente despistada mas extremamente pontual, Sofia Fernandes é uma sportinguista fanática, com uma séria paixão por pizza e que por acaso adora a 7.ª arte!