Como (re)viver depois de uma morte
“Quando Aqui Estavas” é um livro que fala sobre o luto, sobre como fazê-lo, sobre compreender as razões que levam alguém a fazê-lo, e quais poderão ser as razões para ficar. Neste livro, conhecemos Danny, um rapaz de 18 anos que perdeu há pouco tempo a sua mãe e que se vê sozinho com esta nova realidade da sua vida… Vai descobrindo algumas coisas que não sabia sobre a sua mãe, relativamente aos seus últimos meses, e tenta descortinar o que se passou com ela. Esta viagem leva-o a Tóquio e a descobertas que lhe permitirão viver e ultrapassar esta dor.
À medida que a narrativa avança, percebe-se que Danny é uma personagem com muitos problemas. O seu pai morreu há mais de seis anos, a irmã adotada desapareceu pouco depois da morte do pai e a mãe acabou por falecer devido a um cancro com o qual lutava há já alguns anos. Além disso, a única pessoa que Danny alguma vez amou partiu-lhe o coração. Tendo em conta que a personagem, no início da história, está a acabar o secundário, encontra-se numa fase da vida onde tudo parece pior do que aquilo que realmente é.
As personagens secundárias são também fundamentais no desenvolvimento da narrativa. A Kana é alguém muito importante no percurso do Danny. É alguém cheio de vida que está constantemente a trazer-nos um sorriso à cara, mas, ao mesmo tempo, é alguém cheio de sabedoria que também sabe agir de uma forma séria e sabe dizer as palavras certas no momento certo.
Relativamente à escrita de Daisy Whitney, esta equilibra beleza com simplicidade, dependendo do momento em que se desenvolve a ação. O ritmo é calmo, com capítulos curtos, que proporcionam a leitura voraz e as suas descrições, apenas ligeiramente aprofundadas, permitem a visualização total e sensitiva de um mundo novo, diferente e admirável nas suas desigualdades. Foi um livro que me cativou e que li de uma só assentada. É fácil relacionarmo-nos com Danny, na sua procura do prazer imediato como forma de sentir algo e fugir à dor das constantes perdas que tem vindo a sofrer. A maneira como a autora encaminha a história está bem conseguida. Com o tal ritmo regular, ela faz a personagem passar por diversas situações que a fazem perceber que, muitas vezes, é nas pequenas coisas que encontramos a alegria de viver.
A autora fala-nos da procura de uma razão de viver, da procura de uma razão para ser feliz, de uma razão para amar, ainda que estas não sejam fáceis de encontrar. Uma leitura muito intensa que nos prende a cada página. Um livro que nos faz refletir sobre a vida, sobre a morte e como lidar com essa perda. Considero que seja uma obra direcionada aos jovens, mas que todos devemos ler, porque nos ensina a viver simplesmente.