A Receita da Liderança
Liderança: a arte de comandar pessoas atrair seguidores e influenciar positivamente mentalidades e comportamentos, dizem os especialistas. No seminário O Desenvolvimento de Lideranças Fortes: A Comunicação como Eixo Central, este e outros mitos foram esquecidos – e muitas janelas abertas.
[cycloneslider id=”escs”]
“A comunicação e a liderança são questões altamente pertinentes no nosso quotidiano e imperativas no séc. XXI” – esta frase de Sandra Miranda,diretora do Mestrado em Publicidade e Marketing, introduziu o discurso da “receita da liderança” de Luís Filipe Costa, diretor de Marketing do Santander Totta.
“Na era da globalização, tudo tem tendência para se igualar, exceto as pessoas”, afirmou Luís Filipe Costa, invocando uma citação de Bertrand Russell: “As pessoas têm uma única coisa em comum: são todas diferentes”. Com o mesmo fio condutor, caracterizou os seres humanos, no que diz respeito à relação que estabelecem entre si: inteligentes, aqueles que obtêm ganhos para si e para a sua organização; malfeitores, que obtêm ganhos para si e perdas para a sua organização; generosos, todos os que não se importam de obter menos ganhos, desde que a sua organização saia sempre beneficiada através do seu esforço; os estúpidos, que obtêm sempre menos ganhos para si do que para a sua organização; os estúpidos mais-que-perfeitos, categoria que ainda padece de uma análise detalhada – talvez os colaboradores de Thomas Edison o inserissem nesta categoria em 1879, após ter passado um ano a fracassar na invenção da lâmpada elétrica. Quatro colheres de motivação – a grande mistura de traços de personalidade que, segundo o marketeer, existe nas organizações pode limitar o engagement, isto é, a motivação dos trabalhadores, e o enablement, a sua capacidade de trabalho, nas organizações. No entanto, a liderança tem um impacto entre 50 a 70% na motivação das equipas. “Uma catedral estava a ser construída. Quando questionados acerca do seu trabalho, um trabalhador respondeu que estava a pintar paredes, outro disse que estava a colocar azulejos… E o líder afirmou com convicção: ‘Estou a construir uma catedral’, ou seja, pensou no fim último!”, afirmou Luís Filipe Costa, que de seguida abordou uma temática fulcral: a das hard e soft skills. As hard skills prendem-se com o conhecimento técnico, o planeamento e a organização, a gestão de pessoal e de projetos – duas colheres de tecnicidade e conhecimento. As soft skills ligam-se à capacidade de comunicar de forma superior, à motivação intrínseca, à gestão do stress, à construção de equipas e à gestão da mudança – 1kg de responsabilidade e partilha de tarefas.
Separe o essencial do secundário – “Devemos abdicar da estratégia em prol do caráter. É como a ordem da vida e a ordem da liderança: primeiro, vêm as coisas importantes; em segundo lugar, as materiais; e, em terceiro, as menores”.
Habitualmente, confunde-se gestão com liderança. A liderança é uma questão de essência; “a sua verdadeira medida é a influência”, afirmou Luís Filipe Costa, que depressa invocou um exemplo real: “Numa companhia aérea, os líderes são os assistentes de bordo, que influenciam diretamente os clientes, persuadindo-os a regressar!”. Simplicidade na abordagem q.b. – “liderar é servir, é satisfazer as necessidades das pessoas que estão confiadas ao nosso cuidado, daí que o diretor de uma companhia aérea não seja necessariamente o líder da mesma, mas sim os profissionais que interagem diariamente com aqueles que optam pelos seus serviços”, concluiu o diretor de marketing do banco espanhol.
Adicione muita paixão durante todo o processo – Se desdobrarmos o vasto leque de características de um líder, encontramos várias qualidades. O rumo, pois qualquer um pode controlar o leme, mas é preciso traçar a rota. A adição, na medida em que o líder adiciona, não divide. E o que seria ele sem a intuição? Um líder avalia tudo em função da liderança. O magnetismo, pois quem somos determina quem atraímos. A imagem – não esqueçamos algo: as pessoas fazem aquilo que veem. E o impulso? É a diferença entre perder e ganhar! Legado: o valor duradouro de um líder é avaliado pela sua sucessão. Após explicar o significado de cada uma destas qualidades, Luís Filipe Costa estabeleceu a distinção entre os líderes: “Todos são alquimistas, mas existem os visionários, os coach (profissionais que inspiram as pessoas através das suas atitudes e não pelo autoritarismo), os afiliativos, os democráticos, os pacesetting (exigem muito de todos, principalmente dos profissionais de baixa performance, desejando que tudo seja bem feito num curto espaço de tempo e não comunicam devidamente) e os dominantes”.
1kg de estratégia, duas chávenas de humildade e uma colher de chá de alegria e dedicação – “O orador fez analogias e conseguiu captar a nossa atenção… Neste mestrado, em que sentimos que precisamos de nos aprofundar a nós mesmos, este seminário foi imperativo”, afirmou Tânia Vieira, aluna do mestrado em Publicidade e Marketing. Jaqueline Dias, oriunda do Brasil, rumou a Portugal após ter-se licenciado em Jornalismo, e partilha da opinião da sua colega: “O mestrado é um processo de construção muito solitário e a publicidade em Portugal é tradicional, mas estou a gostar imenso desta experiência e a aproveitá-la ao máximo! Quero ser professora catedrática”. Já Liliana Guedes realçou a necessidade de ser multitasking na atualidade e de “quase tudo girar à volta da publicidade e do marketing”. Inês Diniz, defensora da área social, deseja contrariar essa tendência e pretende conhecer formas de ligar as causas humanas a um “mundo que se foca demasiado no capitalismo e na produtividade”. Sérgio Fonseca, comercial de vendas e formador há oito anos, sonha com uma carreira no ensino e aponta alguns problemas no mundo da comunicação: “Não se arrisca, as sedes dos departamentos estão descentralizadas, existe pouca viabilidade dos projetos e pouco empreendedorismo – eu comecei do zero e criei o meu próprio negócio”.
Deixe levedar durante uns minutos em lume brando… praticar, praticar, praticar – tal como foi referido anteriormente, Thomas Edison criou a lâmpada e, quando lhe diziam “Mas precisaste de mil tentativas para chegar aqui!”, declarava com convicção “Não, simplesmente encontrei mil formas de não fazer uma lâmpada”. Acontece o mesmo a um líder: necessita de se reinventar diariamente e de se motivar a si e à sua equipa, nem que para isso descubra mil modos de não o fazer.
AUTORIA
Se virem uma rapariga com o cabelo despenteado, fones nos ouvidos e um livro nas mãos, essa pessoa é a Maria. Normalmente, podem encontrá-la na redação, entusiasmada com as suas mais recentes descobertas “AVIDeanas”, a requisitar gravadores, tripés, câmaras, microfones e o diabo a sete no armazém ou a escrever um post para o seu blogue, o “Estranha Forma de Ser Jornalista”… Ah, e vai às aulas (tem de ser)! Descobriu que o jornalismo é sua minha paixão quando, aos quatro anos, acompanhou a transmissão do 11 de setembro e pensou: “Quero falar sobre as coisas que acontecem!”. A sua visão pueril transformou-se no desejo de se tornar jornalista de investigação. Outras coisas que devem saber sobre ela: fica stressada se se esquecer da agenda em casa, enlouquece quando vai a concertos e escreve sempre demasiado, excedendo o limite de caracteres ou páginas pedidos nos trabalhos das unidades curriculares. Na gala do 5º aniversário da ESCS MAGAZINE, revista que já considera ser a sua pequena bebé, ganhou o prémio “A Que Vai a Todas” e, se calhar, isso justifica-se, porque a noite nunca deixa de ser uma criança e há sempre tempo para fazer uma reportagem aqui e uma entrevista acolá…!