Literatura

A FACIL 2024 e a importância dos autores locais

Há quatro anos consecutivos que a Rede Intermunicipal de Bibliotecas da Lezíria do Tejo (RIBLT) organiza, com o apoio da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), um evento a nível regional destinado à promoção do livro, da leitura e do trabalho dos autores da região.

A FACIL (Feira do Autor da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo) deste ano realizou-se no penúltimo fim de semana do mês de setembro, e contou com a representação de onze municípios convidados. 

Foi no Jardim de Infância Padre Tobias, em Samora Correia, que se iniciou a feira deste ano. Num primeiro dia dedicado à literatura infantil, o município de Santarém começou as atividades com a dinamização de uma sessão de contos. Para além desta sessão e de uma exposição de ilustração dinamizada pelo município de Benavente, o primeiro dia da FACIL contou com a presença dos autores cujos livros se dedicam a este tema.

O segundo dia do evento começou com uma Oficina de Cianotipia dinamizada por Andreia Salgueiro na Biblioteca Odete e Carlos Gaspar. Durante este dia, os visitantes da feira puderam desfrutar não só das apresentações dos livros e da presença dos seus respetivos autores, como também de um espetáculo musical ao final da tarde. 

Fio à Meada, um inspirador grupo de mulheres que se encontrava “por acaso” em Lisboa, preencheu a Praça da República do Palácio do Infantado com um coro forte e harmonioso de vozes femininas que reinterpretam a música tradicional portuguesa. Para além do gosto pela tradição oral, este é um grupo cujo repertório inclui temas sobre o papel da mulher e a liberdade, temas que continuam em grande destaque nos dias atuais. 

O dia acabou com uma partilha de lendas dos onze municípios convidados.

Para além das apresentações dos livros dos autores dos municípios de Salvaterra de Magos, Cartaxo, Golegã, Alpiarça e Benavente, o último dia da FACIL 2024 promoveu uma tertúlia dedicada à poesia, dinamizada por Domingos Lobo, no jardim do Palácio.

Fonte: Maria Luís Pita

São eventos como este que nos fazem refletir sobre a importância de nos distanciarmos dos grandes nomes internacionais para nos focarmos no que está mais próximo de nós. 

Acima de tudo, a FACIL faz-nos refletir sobre o importante papel que estes autores locais assumem na comunidade e no mundo literário. Também nos faz refletir sobre a responsabilidade e o compromisso assumido pelas entidades desta área.

Ao organizar e realizar anualmente esta feira, a RIBLT e a CIMLT garantem que o trabalho destes autores é promovido em vez de ignorado, enquanto passam uma mensagem de esperança para aqueles que querem crescer no mundo desta arte e são desencorajados por falta de apoios. Além disso, este evento garante, ainda, que estes autores são ouvidos e que as suas obras são recordadas pelos seus municípios e pelos visitantes da feira. 

São estes autores locais que se encarregam da importante missão de manter viva a essência da sua terra e de partilhar com as gerações mais jovens as histórias e os importantes eventos que fizeram parte dela – uma missão que é, muitas vezes, esquecida e ignorada. 

Uma vez que estamos a falar de autores locais, deixo aqui três sugestões de leitura.

Catarina Abreu é do município de Rio Maior e os livros da sua mais recente coleção, Os Caçadores de Mistérios foram editados pela Capital Books. No que diz respeito ao enredo, os leitores encontrarão nesta coleção semelhanças com os conhecidos volumes de Uma Aventura de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, com a particularidade da preocupação, por parte da autora, com questões como representatividade. 

Para além dos mistérios envolventes, Os Caçadores de Mistérios contam com um leque de personagens que pretendem despertar e promover a tolerância e a consciência nos leitores mais novos. 

Os amantes de uma obra literária mais introspectiva podem encontrar a sua próxima leitura de cinco estrelas no Segue! – Mar calmo nunca fez bons marinheiros de Inês Ramos, natural do município da Azambuja. 

Este livro é o resultado de uma combinação entre a literatura e a música, dois mundos muito importantes para a autora. Desta forma, a autora convida também a que os leitores façam o seu próprio caminho à medida que avançam pelas páginas deste livro. É, portanto, uma leitura com um ritmo muito diferente das obras a que provavelmente estamos habituados – um ritmo que é escolhido pelos próprios leitores.

Por fim, para os amantes de história, no município do Cartaxo, na freguesia de Pontével, lançou-se há pouco tempo o livro Igreja Matriz de Pontével: Fé, História e Património. Reunindo o trabalho de onze autores e coordenado pelo padre Miguel Ângelo e por Ana Carina Azevedo, esta é uma obra de leitura obrigatória para aqueles que têm curiosidade em saber mais sobre a história e os tesouros desta vila ribatejana. Para além do seu valor histórico, este é um livro que destaca os elementos da arte sacra e da simbologia da igreja através de documentos nunca vistos pela comunidade. 

Fonte da capa: Município de Benavente

Artigo revisto por Mariana Céu

AUTORIA

+ artigos

A Maria Luís nasceu em Lisboa, mas foi a cidade do Cartaxo, no distrito de Santarém, que testemunhou o seu crescimento como pessoa e os seus primeiros passos na área da escrita. A sua grande paixão pelo mundo da literatura fez com que escrevesse e auto publicasse o primeiro romance aos 15 anos de idade. Hoje tem 18, está no primeiro ano da licenciatura em Jornalismo e vê a ESCS MAGAZINE como uma oportunidade para partilhar com os outros aquilo que a faz mais feliz.