A fotografia fácil
Em Outubro de 2010 uma revolução aconteceu, não para o Ocidente, não para a humanidade, mas sim para a arte fotográfica. O “Instagram” nasce e, hoje, com mais de 300 milhões de utilizadores, foi o único instrumento criado que gerou a democratização da fotografia com que nos deparamos. O nome é uma mescla de “Instant camera” (câmara instantânea) e “telegram” (telegrama). O objectivo é simples: através de um smartphone, captar um momento e postá-lo, imediatamente, na Internet. Mais de 60 mil imagens são postadas por dia e uma nova profissão nasceu: “instagramer”. Mas, afinal, que fenómeno é este?
Tendo em conta que é uma rede social apenas de fotografias, hoje, todos somos fotógrafos.
Porquê? Porque fomos à Ribeira da Naus e tirámos uma fotografia à ponte 25 de Abril com o Sol a pôr-se no canto inferior direito. E como passamos pelo Terreiro do Paço, não hesitamos em retratar a fantástica estátua de D. José, com as construções amarelas como pano de fundo, que nem sabemos o que é, mas que é sinal de que passeamos muito e somos excelentes fotógrafos. É só um exemplo de como o Instagram democratizou a fotografia, tornando-a simples, fácil, barata… muitos outros aspectos também podem ser analisados.
Por outro lado, muitos são aqueles que não saem de casa sem postar uma fotografia nesta rede social, que não começam a comer sem fazer um “click” sobre a refeição ou que não adormecem sem se actualizar no que diz respeito às novidades dos seus amigos. O Instagram entrou na vida das pessoas tão fortemente que alterou hábitos e rotinas. A exposição da privacidade aumentou de tal forma que conseguimos conhecer casas alheias sem nunca as ter visitado. Isto torna-se um problema quando, a fim de atingir maior popularidade através do número de seguidores, damos conta de que desconhecidos acompanham cada passo das nossas vidas, sabem onde estamos e para onde vamos, e nada fazemos para mudar isso. Isto é só um dos perigos que corremos.
Quem se lembra daquela rapariga que ficou conhecida por tirar fotografias excelentes a fruta? Foi a primeira “instagramer” portuguesa e, depois disso, outros tantos surgiram. A verdade é que nem tudo é mau e, de facto, quando se tem ideias sólidas, fora do normal e inéditas, não há forma melhor para as divulgar do que usar o “Insta”. Mas é preciso relembrar: “ideias sólidas, fora do normal e inéditas”!
Poderia tecer mil argumentos sobre este assunto, mas continuo a achar que o que melhor se adequa é sem dúvida “be different, don’t be stupid”.