A linguagem do corpo: o que a dança comunica sem palavras
“É uma poesia silenciosa que fala diretamente ao coração.”
Desde os primórdios da humanidade que o corpo humano tem sido um dos mais poderosos instrumentos de expressão. Mesmo antes do surgimento da linguagem, já nos comunicávamos por gestos, posturas e movimentos. É a partir desta capacidade que nasce a dança. Mover-nos é uma forma de traduzir e dizer o que as nossas palavras não alcançam. A linguagem do corpo é, portanto, universal. No entanto, não significa que seja fácil de interpretar. Podemos afirmar que a comunicação não verbal é um fenómeno complexo!
Diversos psicólogos afirmam que grande parte do que expressamos no dia a dia não vem totalmente das nossas palavras, mas sim dos gestos, da postura, do olhar e do tom de voz. É na dança que este potencial expressivo atinge o seu auge — sabiam? Cada movimento é pensado para conter uma intenção, emoção e ritmo. Cada gesto é carregado de sentido e valor. O seu objetivo é passar ao espectador o que sente, mesmo sem precisar de o verbalizar.
O que torna cada movimento especial é a maneira como pode ser interpretado de diferentes formas por diferentes espectadores. A dança é, nas suas diferentes formas, uma linguagem simbólica.
Fonte: Conceito
Através dos diferentes estilos, conseguimos carregar diferentes linguagens. Por exemplo, conhecemos o ballet clássico pelos seus movimentos precisos e cuidadosos, que formam um vocabulário próprio para narrar histórias. Já na dança contemporânea, o ênfase recai na liberdade expressiva e na subjetividade do gesto, permitindo a cada corpo criar e transmitir o seu próprio discurso. Conseguimos também observar identidades culturais, crenças e modos de vida nas danças populares, como o samba, flamenco ou as danças africanas. Assim, a dança comunica tanto o íntimo como o coletivo, o individual como o social.
Estudos feitos demonstram que assistir a diversos tipos de dança ativa nos espectadores as mesmas áreas cerebrais relacionadas ao movimento. Isto é, a empatia faz com que a mensagem da dança seja percebida de forma sensorial, não apenas intelectual. Através da dança, as emoções ganham uma forma. Por exemplo, a raiva de um dançarino pode se transformar em movimentos brutos e tensos, a tristeza em gestos lentos e curvados e a alegria em saltos. É assim que não só o espectador recebe estas emoções, como o dançarino se liberta e transmite o que sente.
Esta comunicação não depende de um idioma, nacionalidade ou idade. Neste aspeto, o nosso corpo é um território de “encontro” entre culturas. A dança une pela sensibilidade e experiência partilhada através do movimento.
Fonte: Oak Culture
Nos dias de hoje ,o ato de dançar serve não só para passar emoções, mas também ideias e revoluções. Muitos coreógrafos usam o corpo como um instrumento político, questionando, de forma subjetiva, as normas sociais, os papéis de género e padrões de beleza. Sabiam que o hip-hop foi criado como uma forma de protesto social para jovens de comunidades marginalizadas? No seu contexto de preconceito, pobreza e falta de oportunidades, estes jovens ganharam uma voz através dos movimentos, transformando a violência dos gangues em arte. A linguagem tornou-se, assim, uma forma de discurso crítico. O gesto, o ritmo e o espaço transformaram-se em argumentos e posicionamentos que nos convidam à reflexão.
Para concluir, a dança é uma arte presente. O que comunica sem palavras é a própria essência da existência humana — o desejo de se conectar e expressar, de ser visto e sentido. Cada corpo conta uma história, utilizando o movimento como testemunha da emoção, cultura e tempo. Num mundo cada vez mais dominado pela comunicação digital e palavras escritas, a dança relembra-nos que o corpo também fala e, muitas vezes, até diz mais do que qualquer discurso. Quando a música começa e o corpo se move, não existe necessidade de uma tradução, porque, afinal, a dança é a linguagem primordial da alma. É uma poesia silenciosa que fala diretamente ao coração.
Fonte da capa: Superprof
Artigo corrigido por Constança Alves
AUTORIA
A Madalena tem 18 anos e sempre foi apaixonada pela escrita. Desde pequena aproveitou a sua criatividade e originalidade para escrever sobre tudo um pouco. Entrou este ano na escs no curso AM e decidiu sair um bocadinho da sua zona de conforto e juntar-se à escs magazine. Desta maneira partilha parte da sua paixão com quem gosta de ler e explora novas paixões através da arte. É a partir da leitura e da escrita que nos damos a conhecer a quem quer e espera, portanto, conseguir espalhar esta sua paixão.



