Ai, Mouraria
Com a vinda do bom tempo, a vontade de ficar em casa é cada vez menor, e passear por Lisboa é sempre uma boa opção. Porque não deixar para outro dia o passeio matinal na Expo, o almoço em Belém ou o passeio pela tarde na Baixa (sítios onde já fomos vezes sem conta)? Lisboa é uma das cidades mais bonitas da Europa, e uma das cidades com mais história também, e não precisamos de ir muito longe: o bairro da Mouraria, por exemplo, é um dos bairros mais bonitos e antigos da cidade – remonta ao século XII – e, consequentemente, um dos com mais história – resistiu ao tempo passando pela conquista de Lisboa, a época dos Descobrimentos, pelo nascimento do Fado e até, mais recentemente, à globalização.
A Mouraria deve o seu nome ao facto de D. Afonso Henriques, após a conquista de Lisboa em 1147, ter confinado os muçulmanos para esta zona da cidade, empurrando-os para fora da antiga muralha – até serem expulsos, juntamente com os judeus, em 1497.
A Mouraria, ou Bairro dos Mouros, é até hoje um dos bairros mais típicos da cidade, e, curiosamente, o bairro mais intercultural de Lisboa – a maioria da população estrangeira é do Bangladesh, da China, Índia, do Paquistão e de Moçambique. Toda a multiculturalidade está enraizada no meio do fado, dos monumentos e da cultura portuguesa.
A Mouraria é o verdadeiro berço do fado – a mágoa e melancolia dos cânticos muçulmanos estão na sua origem – : era na Mouraria que a primeira grande fadista, a célebre Severa, vivia no século XIX, levando a música do povo aos salões aristocratas. Morou na Rua do Capelão, junto ao Beco dos Três Engenhos, e foi considerada a expressão máxima do fado à época. A sua casa é hoje um restaurante e casa de fados, o Maria da Mouraria. Entre mulheres de sari, turistas, chineses e bengali e restaurantes indianos, encontramos a única casa de fado do bairro – a Maria da Mouraria. Entre o fado e o ambiente acolhedor, serve-se o típico bife da casa, num edifício que chama a atenção pela sua arquitetura.
Por feliz coincidência, na casa em frente, nasceu, já no século XX, aquele que foi considerado o “rei do fado da Mouraria”, Fernando Maurício.
Como principais pontos de interesse o pequeno bairro da Mouraria tem a Igreja de São Cristóvão e o Miradouro do Monte Agudo. A Igreja de São Cristóvão localiza-se no topo das Escadinhas de São Cristóvão – terá sobrevivido ao Terramoto de 1755 – e entrou recentemente para a lista bienal do World Monuments Watch.
O Miradouro do Monte Agudo é um dos miradouros menos conhecido de Lisboa. Construído em 1950, tem duas entradas – uma na Rua Heliodoro Salgado, e a outra na Rua Ilha do Príncipe – e foi reabilitado em 2009, tendo agora uma esplanada. A vista panorâmica vai do Tejo às Avenidas Novas, ilustrada por um painel de azulejos que ali se encontra.
O bairro – que deu nome ao famoso fado de Amália Rodrigues, ‘Ai Mouraria’ – é um dos bairros da Lisboa antiga que mais atraem turistas. Opções para almoçar não faltam: no Zé da Mouraria encontramos os tradicionais pratos da cozinha portuguesa mesmo no coração da Mouraria; no Topo – um dos mais recentes rooftop de Lisboa – encontramos comida mais sofisticada confecionada por chefes de renome – nunca esquecendo a multiculturalidade onde se insere (não se localizasse ele em pleno Martim Moniz) e a essência da cozinha portuguesa. A vista sobre a cidade é um dos principais pormenores que levam tanta gente ao Topo, no Cento Comercial Martim Moniz.
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Para chegarmos à Mouraria basta apanharmos o metro, na linha verde, e sair na estação do Martim Moniz.
Linda cultura …..Amei saber …..do povo de minhas origens!!