Axl Rose conquistou os fãs portugueses de AC/DC
Os AC/DC estrearam-se a 7 de maio em Lisboa com Axl Rose como vocalista. Depois da polémica substituição de Brian Johnson pelo músico dos Guns N’ Roses e da corrida à devolução dos bilhetes, os fãs garantem que quem não foi ao concerto vai arrepender-se e falam num espetáculo memorável.
Eram 21h10 quando, em jeito de resposta à polémica que se gerou nas últimas semanas com a troca de vocalista, os AC/DC tiveram uma entrada fulgurante em palco. Estava tudo preparado para uma grande noite de rock ‘n’ roll, com Angus Young a encher o palco e Axl Rose, sem desafinar, sentado no seu cadeirão, por ter o pé partido.
Mesmo com a banda a autorizar a devolução do valor dos bilhetes a todos aqueles que se recusaram dar uma oportunidade a esta formação precoce, o Passeio Marítimo de Algés encheu para mais uma demonstração de rock ‘n’ roll feito como mandam as regras; e, no final, não se ouviu uma única voz de desagrado entre os milhares que acorreram ao evento.
Após uma tarde de chuva que transformou o recinto do Passeio Marítimo de Algés num imenso lamaçal, cerca de 60 mil pessoas estiveram presentes no concerto para aproveitarem o espetáculo da banda australiana.
Axl Rose mostrou que as canções dos AC/DC estavam bem ensaiadas: voz forte e firme ao som de temas como ‘Rock or Bust’, que abriu o concerto, ou como ‘Shoot to Thrill’. Já em ‘Back in Black’ não conseguiu disfarçar a herança dos Guns N’ Roses. Nada que incomodasse as milhares de cabeças enfeitadas com os famosos chifres que nunca deixaram de abanar ao som das canções. Mais sofrível foi ‘Thunderstruck’, que mostrou as fragilidades da voz de Axl. Mais uma vez, nada que importasse ao público. O concerto estava lançado e o povo queria uma noite de festa.
Pelas melhores ou pelas piores razões, este era um concerto que tinha tudo para ser épico e memorável – e foi, pelas melhores razões. Os AC/DC estão mais que habituados a contrariar as piores expectativas. Fizeram-no em 1980, quando se viram privados de Bon Scott, e, agora, conseguiram fazê-lo de novo. Talvez não da forma mais diplomática ou cordial, é certo, mas pela amostra no Passeio Marítimo de Algés, a escolha de Axl Rose acabou por resultar muito melhor do que seria expectável à partida, com o timbre do músico a assentar como uma luva na música da banda.
No entanto, no que diz respeito à substituição de Brian Johnson por Axl Rose houve opiniões muito diversas. Soraia Amarelinho refere que “não é grande fã”, mas reconhece que Axl Rose “é um ‘monstro’ do rock e tem talento suficiente para ser a nova cara dos AC/DC”. Por seu lado, Gonçalo Martins refere que não podia achar melhor esta substituição, pois “o Axl dispensa apresentações e tem um repertório que mais nenhum cantor do género tem”. Sandra Faria concorda com Gonçalo e acrescenta que “foi preciso ter estado lá, viver aquele concerto, estar a metros de distância para perceber o quão bom afinal pode ser o Axl nos AC/DC”.
No que toca às opiniões sobre o concerto, todos aqueles que foram não saíram descontentes; quem o diz é André Seia “o concerto foi fantástico. Não tenho nada a apontar a nenhum elemento da banda, e o som estava excelente”. Por sua vez, Sandra Faria descreve o concerto numa palavra: “arrepios”. “Posso dizer que foi (…) dos melhores concertos da minha vida. O palco, o fogo-de-artifício no final, os canhões nas laterais do palco a deitar fogo, a garra do Angus Young a tocar os seus solos como se fosse nos primeiros concertos de carreira… Foi brutal. Uma experiência única. Daquelas experiências que só se tem uma vez na vida.”
Acima de tudo isto, ficou uma vez mais provado que, enquanto Angus Young estiver na banda, os AC/DC nunca vão deixar de ser os AC/DC. Dê lá por onde der.