Beetlejuice Beetlejuice: Pensa Duas Vezes Antes de o Chamar
Mais de três décadas após a sua estreia, o fantasma mais irreverente do universo de Tim Burton volta a assombrar os cinemas. Beetlejuice Beetlejuice (2024) é a tão aguardada sequela do filme do realizador norte-americano: Beetlejuice – Os Fantasmas Divertem-se, de 1988. No clássico Beetlejuice ficámos a conhecer a história de Barbara e Adam Maitland, que após um acidente fatal se vêem transformados num casal de fantasmas presos na sua própria casa. Quando a família Deetz compra a propriedade, os Maitland, determinados a recuperar a sua residência, vão tentar expulsá-los (com sustos). No entanto, as tentativas não são bem sucedidas, especialmente quando percebem que Lydia, a filha adolescente, os consegue ver. Ao descobrirem que a casa está “assombrada”, Charles e Delia Deetz vêem nisto uma oportunidade de a tornar numa atração macabra, de modo a lucrarem com isso. Desesperados, o casal de recém-mortos pede ajuda ao excêntrico bioexorcista (exorcista dos vivos) Beetlejuice, o que resulta num caos ainda maior, tanto para os mortos como para os vivos, e em particular para a jovem Lydia.
Neste novo filme, a morte do patriarca leva as três gerações da família de volta à casa de Winter River, onde haviam sido atormentadas no passado. Lydia (protagonizada por Winona Ryder), agora adulta, regressa a Connecticut para o funeral do pai e traz consigo a sua filha adolescente com quem mantém uma relação distante. Apesar de compartilhar o fascínio pelo macabro com a mãe, Astrid (Jenna Ortega) tem uma postura cética em relação à existência de fantasmas, sentindo alguma descrença relativamente às capacidades da mãe. Este antagonismo torna-se particularmente interessante quando Lydia procura novamente a ajuda do espírito de Beetlejuice (Michael Keaton) para resgatar a jovem Astrid quando esta fica presa na afterlife. A evolução desta dinâmica entre mãe e filha promete ser um dos pontos altos da narrativa, introduzindo uma nova geração de personagens e enredos enquanto mantém o espírito excêntrico que tornou o primeiro filme um cult favorite.
O filme teve a sua estreia no Festival Internacional do Cinema em Veneza, onde foi recebido com uma ovação de pé durante quatro minutos. No entanto, as críticas são mistas. Xan Brooks, crítico do The Guardian, comenta que “[e]sta sequela há muito esperada não acrescenta muito ao mito, nem leva a história numa radical nova direção”, considerando esta nova produção de Beetlejuice “pouco potente e descartável”. Por outro lado, Nicholas Barber da BBC caracteriza o filme como “uma sequela que surge 36 anos depois, presta uma homenagem inteligente e afetuosa ao seu antecessor, mas ultrapassa-o em quase todos os aspetos”. Apesar da divisão de opiniões, Beetlejuice Beetlejuice representou um sucesso nas bilheteiras, arrecadando globalmente, até agora, mais de 43,2 milhões de dólares. Esta conquista faz do filme a segunda maior estreia comercial do mês de setembro, apenas ultrapassado por It, em 2017. A importância de preservar a nostalgia da história original enquanto se introduzem novidades e novos talentos, como Jenna Ortega, parece ter sido um ponto crucial para atrair tanto o público original como toda uma nova geração de fãs.
Com todo este sucesso surge inevitavelmente a questão: será que ainda veremos um terceiro filme? Para já não há nada que o indique. Aliás, repetir o nome de Beetlejuice três vezes sempre teve um resultado imprevisível. Contudo, aquilo que Tim Burton e este filme nos transmite é que no mundo gótico de Beetlejuice o bizarro tem sempre lugar.
Fonte da capa: Cut to the take
Artigo revisto por Beatriz Morgado
AUTORIA
Embora esteja (ligeiramente) mais perto dos 30 do que dos 3, a Beatriz nunca passou da idade dos porquês. A sua curiosidade inata é o que a faz interessar-se por mil e um temas, podendo ficar horas a falar sobre qualquer assunto (se não a mandarem calar). Não troca nada deste mundo por um bom café acompanhado de uma conversa que a faça pensar. Entrou para a ESCS Magazine com o desejo de reavivar a paixão pela escrita, algo que cultiva desde a infância, e para continuar a satisfazer o seu amor por conversas intermináveis, agora traduzidas em texto.