Comportamento VS Identidade
Os outros e a nossa identidade pessoal
Desde o momento em que nascemos até ao momento em que morremos, todos os nossos comportamentos, ações e forma de pensar são influenciados pelos outros ao nosso redor, formando, aos poucos, o que chamamos de identidade. Mas de que forma é que essas influências impactam a formação da nossa identidade?
Podemos chamar a este processo de socialização. À medida que o indivíduo cresce, vai adquirindo conhecimentos e normas de convivência, e tudo começa na infância. O modo como os nossos pais criam modelos que as crianças tendem a replicar estabelece as primeiras bases da nossa personalidade. Esta repetição de padrões, tanto em casa como na escola, tem o poder de redefinir as nossas ideias sobre nós mesmos e sobre o que fazemos. Por exemplo, se crescermos num ambiente onde aprendemos que não se deve comer com os cotovelos em cima da mesa, mastigar de boca aberta ou segurar mal os talheres, iremos aplicar esses conhecimentos ao longo das nossas ações, ou pelo menos é o esperado. É bastante importante esta repetição de movimentos, pois é ela que nos ensina como devemos atuar em sociedade e o que devemos fazer para obter melhores performances no que fazemos ao longo do nosso percurso. A inspiração nos outros, por vezes, é o que desperta as nossas melhores ideias e o impulso que precisamos para fazer algo que temos na nossa lista de desejos há muito tempo.
Outro fator que também contribuiu para a construção da nossa identidade é a pressão social. Pode parecer extremo, mas a verdade é que todos nós já ficámos a pensar sobre algum comentário dirigido a nós, ponderando se nos deveria afetar ou não, mudando, assim, algo em nós. Muitos jovens, hoje em dia, adotam certas formas de vestir, falar ou agir para não se sentirem excluídos do seu grupo de “amigos”, ou seja, observam os comportamentos daqueles que supostamente admiram no momento e tentam imitá-los para que sejam adorados, criando assim uma parte da sua identidade baseada e influenciada pelos outros. Por exemplo, se crescermos a ouvir que somos inteligentes, tenderemos a acreditar nisso. No entanto, se crescermos numa atmosfera cheia de críticas negativas, iremos desenvolver uma visão bastante insegura acerca da nossa pessoa. A imagem que passamos para o exterior pode refletir quem somos de forma positiva ou negativa. Por isso, é importante que não sejamos facilmente influenciados por opiniões que não são nada mais nada menos do que pessoas que transmitem as suas inseguranças para as outras na esperança de se sentirem melhor consigo mesmas.
Para além disso, não podemos deixar de pensar na media e nas redes sociais. É chocante como um like, um comentário, uma publicação ou um vídeo podem influenciar e mudar totalmente a maneira como vivemos, seja porque queremos estar dentro das tendências e, por isso, abdicamos do que gostamos para agradar aos outros, seja porque temos um desejo faminto de validação por parte dos outros, o que se reflete mais na nossa autoestima e na maneira como pensamos.
Apesar de sermos facilmente influenciados por comportamentos alheios, é possível encontrar um equilíbrio para evitar a artificialidade. Muitas vezes, são os comentários externos que nos permitem ter uma visão mais crítica sobre o que nos rodeia, criando, assim, dentro de nós uma identidade coerente com os seus valores. Compreender esta dinâmica demonstra uma maturidade que muitos não possuem e reforça a essência de cada um.
Fonte da capa: Unsplash
Artigo revisto por Leonor Almeida
AUTORIA
A Inga está no primeiro ano de licenciatura em Audiovisual e Multimédia. É uma amante de todas as formas de arte, desde música, cinema e televisão até exposições, teatro e artes plásticas. O seu envolvimento com a escrita sempre foi uma constante na sua vida, e ela sempre adorou dar a sua opinião sobre os diversos assuntos que rondam o mundo. Sempre que tem uma ideia, não hesita em anotá-la, esteja onde estiver. O enriquecimento cultural e o contributo para o seu desenvolvimento pessoal são algumas das razões pelas quais compartilhará as suas ideias na ESCS Magazine, juntamente com a sua habilidade para organizar seja o que for.