E no fim, Edward só parou em Cannes
Depois de Tabu, Aquele Querido Mês de Agosto e As Mil e Uma Noites, composto por três volumes, chega-nos Grand Tour.
Foi no passado dia 19 de setembro que estreou nas salas portuguesas a mais recente longa-metragem de Miguel Gomes, produzida pela produtora independente Uma Pedra no Sapato.
Com Gonçalo Waddington e Cristina Alfaiate, inspirado por um pequeno excerto de Um Gentleman na Ásia, de William Somerset Maugham, Grand Tour traz-nos uma história romântica no sudeste asiático. É no início do século XX, na Birmânia, que a narrativa acontece. Edward, um diplomata britânico, está prestes a casar, quando à última da hora decide fugir da sua mulher, Molly, que está prestes a chegar. Contudo, Molly é persistente e, graças à sua vontade e determinação em ter a mão de Edward, vai atrás das suas “pegadas” pelo continente asiático.
Grand Tour busca a melancolia, a incerteza e o encarar do vazio através da personagem de Edward, suportada também através do filme monocromático, o que acaba por ser o total oposto do que é sentido pela personagem de Molly. Esta é uma mulher determinada a estar com Edward, em nenhum momento deixando de o procurar.
Ao longo do filme, Miguel Gomes cria também uma relação entre o tempo da história, século XX, com a atualidade, concebendo assim uma ligação entre o mundo fictício e o mundo real – descontinuidade e continuidade.
Inicialmente, o filme foi apresentado ao público em maio deste ano, na 77.ª edição do Festival de Cannes, onde o realizador português foi galardoado com o prémio de melhor direção, juntando-se a nomes como Tran Anh Hung, com “The Taste of Things”, e Park Chan-wook, com “Decision to Leave”, vencedores do mesmo prémio nas últimas edições do festival, deixando assim um grande marco na história do cinema português.
Além de fazer parte da lista de candidatos à categoria de Melhor Filme Europeu na 39.ª edição dos Prémios Goya, Grand Tour foi também a escolha portuguesa para se apresentar como candidato aos Óscares.
Grand Tour continuará em exibição, pelo menos ainda neste mês de outubro, nas salas de cinema lisboetas Medeia Nimas e Cinema Ideal, tal como nos cinemas UCI e Cinema City.
Por fim, vale recordar que nos dias 21,22 e 23 de outubro a Festa do Cinema estará de volta, com bilhetes de cinema a 3,5€ por todas as salas de cinema do país, onde todos poderão ter oportunidade de ver a longa-metragem que parou Cannes.
Fonte da capa:
Artigo revisto por Miguel Costa
AUTORIA
O Henrique tem 19 anos, é de Lisboa e está agora no seu primeiro ano de licenciatura no curso de Audiovisual e Multimédia. A sua cabeça passa a maioria do tempo no mundo das artes, sendo um apaixonado pela pintura, a música, o cinema e a moda. Com a ESCS Magazine espera partilhar aquilo que mais gosta, informando o público, e sobretudo despertando nele o interesse por estas áreas.