Literatura

Este não é um livro de crónicas

“Este não é um livro qualquer de crónicas. Se fosse, não recomendava que o lessem. Mas devem ler… e várias vezes.”

Francisco Salgueiro começa assim o seu livro Portugal Kitsch. O autor é sócio da primeira empresa portuguesa de assessoria mediática e digital de celebridades, Naughty Boys. Fotógrafo premiado internacionalmente e autor de doze livros publicados pela LeYa/Oficina do Livro, incluindo os best-sellers O Fim da Inocência O Fim da Inocência IIfoto-1-madalena-costa-este-nao-e-um-livro-de-cronicas-literatura

O escritor conta como começou a escrever este livro, que, supostamente, não é de crónicas. No final dos anos 1990 éramos pirosos. Entre outras coisas. E como tal, Francisco Salgueiro entreteu-se a escrever o que via à sua volta: os secadores dos quartos de hotel que não secavam, a impossibilidade de levar para casa os restos dos doces dos casamentos num tupperware, ou as pessoas dizerem clichés como «quando se fecha uma porta, abre-se uma janela».

Os seus artigos foram publicados no Diário de Notícias – «Notícias Magazine» e tiveram êxito em todo o mundo. Ok, não ao nível dos Transformers, mas mesmo assim correram mundo. Depois de milhares de pedidos para juntá-los num livro, aqui estão eles. Todos juntinhos. Garanto que vão rir. E muito. Se no final não tiverem dado, pelo menos, cinco gargalhadas, provavelmente foi porque injetaram botox nos maxilares.

Para perceberem sobre o que estou para aqui a falar deixo aqui alguns excertos que este autor escreveu neste livro. Aproveitem.

“Nem tudo o que é estadia em hotel merece cinco estrelas – mesmo quando o hotel é literalmente de cinco estrelas. Há alguns dramas frequentes que são autênticos flagelos para o frequentador de hóteis mais ou menos regular. Recostem-se e enumerem comigo: tenho a certeza de que vão reconhecer alguns.

  •  Wifi? Claro! Na receção.

“O panfleto diz que sim, tem internet, e acentua que é grátis (quanta bondade!). Depois chegamos e no quarto não liga. É grátis, sim. A internet funciona muito bem, sim senhora. Ali na zona da entrada. Portanto, preparem-se. Logo visto o pijaminha e venho aqui para o lounge trocar vidas de Candy Crush. Pois bem percebo que uma pessoa vai para um hotel – muitas vezes – para descansar, mas consideremos que a) descansar também é ler blogs e b) como é que se vive sem internet?  Ou então podem não ter, mas assumam isso sem vergonha e digam que não há mesmo wifi nenhum, para não ir gente ao engano. Já me aconteceu viajar em trabalho e ter de me sentar nos degraus do hotel a responder a emails urgentes. Porque tinha wifi…na receção…que por acaso até fecha a determinada hora.”pngfoto-2-madalena-costa-este-nao-e-um-livro-de-cronicas-literatura