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Greve na função pública com cerca de 80% de adesão

Segundo a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, a greve da função pública desta sexta-feira teve uma grande adesão, que se sentiu em todo o país, com valores a rondar os 80%. Mais de 20 hospitais, de norte a sul do país, tiveram uma paralisação entre os 75% e os 100%.  Já na área da educação, 90% das escolas foram encerradas.

Neste que foi o segundo dia de greve nacional dos funcionários públicos, a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, indica que “a greve, em termos globais, tem mais de 80% de adesão” e reforçou a ideia de que ‘’não vamos desistir de lutar até às eleições”.

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, afirmou que, “em relação aos resíduos sólidos e aos hospitais, as adesões rondam  entre os 90 e os 100% e isso reflecte, por um lado, o grande descontentamento dos trabalhadores face à falta de resposta do Governo relativamente às suas reivindicações’’. Afirma também que, se a situação não se alterar, “ a resposta só pode ser uma: é que, depois do dia 15, outras lutas seguirão até que os problemas sejam resolvidos’’.

Estas paralisações deram-se porque o governo quer prolongar o congelamento salarial por mais um ano, até 2020. Isto não provoca agrado, pois 2019 é um ano eleitoral e não se sabe se António Costa permanecerá como Primeiro Ministro.

O Governo já tinha aumentado o nível mais baixo de remuneração da função pública, que passou dos 580 para os 635,07 euros, numa fase em que o salário mínimo nacional aumentou para os 600 euros.

Na área da educação, o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores, Mário Nogueira, afirmou que a adesão à greve nas escolas foi de 90%. Estes dados têm em conta docentes e não docentes. Acrescentou que “esta adesão mostra bem o protesto que os trabalhadores da administração pública estão neste momento a manifestar contra a política de desinvestimento deste governo, com a degradação do serviço público”.

Relativamente à saúde, mais de 20 hospitais apresentaram uma adesão à greve entre os 75% e os 100% no turno da noite. Por exemplo, registou-se, nas áreas de urgência e do bloco, uma adesão 100% nos Hospitais de São José e Santa Maria e de 90% nos hospitais Amadora-Sintra, de Gaia e de Chaves.

Quanto aos serviços de recolha noturna de resíduos, estes estiveram encerrados nos concelhos de Almada, Alcochete, Amadora, Évora, Loures e Odivelas, Moita, Palmela, Seixal e Setúbal.

A adesão foi muito significativa”, referiu o secretário-geral da Federação de Sindicatos de Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (FESAP), esclarecendo que, se necessário, vão avançar com mais paralisações.

Esta paralisação, marcada pela Frente Comum há cerca de um mês, foi feita para que o Governo apresentasse uma proposta de aumentos generalizados para a função pública, o que não veio a acontecer.

Os trabalhadores da função pública têm os salários congelados desde 2009. Desde o início do ano, já foram entregues 112 pré-avisos de greve. Dados retirados do Ministério Público indicam que foram os professores a organizar o maior número de protestos. Seguem-se as áreas dos serviços de segurança e justiça. Relativamente à área da saúde, os enfermeiros já entregaram seis pré-avisos.

Revisto por Ana Roquete