Música

Jazz nos Grammys!

BRAT, Cowboy Carter e Short n’ Sweet são nomes familiares, certo? 

Estes álbuns e os seus artistas foram alguns dos grandes vencedores desta 67ª edição dos Grammys e foram falados e ouvidos durante muito tempo por nós, apreciadores de música, o que diz muito sobre o impacto dos artistas pop e da própria cultura.

Apesar disso, é importante referir que os Grammys não se constituem apenas de géneros e nomes mainstream, e que existe uma variedade de categorias por descobrir. 

94 é o número de categorias abrangidas pelos Grammys. Estas estão divididas em 11 campos secundários e um geral, onde se encontram prémios como a Música ou o Álbum do Ano. Cada campo é constituído por dois ou mais géneros musicais (exceto o último de música clássica) e, em média, por 8 ou 9 categorias. 

Este ano, para além do pop, o country obteve protagonismo, dado às nomeações atribuídas a Beyoncé e ao facto de o seu álbum Cowboy Carter ter ganho duas categorias relacionadas a este género musical…

Mas e o jazz

Jazz, Traditional Pop, Contemporary Instrumental & Musical Theater é o nome do campo em que o Jazz se encontra e conta com seis categorias.

Na primeira, denominada Best Jazz Vocal Album, Samara Joy levou o prémio com o seu EP natalício chamado A Joyful Holiday. Samara aventurou-se numa produção de Natal com adaptações de clássicos da época e colaborações com a sua própria família como O Holy Night, em parceria com a família McLendon, e The Christmas Song juntamente com o seu pai, Antonio McLendon. 

Fonte: Grammys

Mas este não foi o único prémio da noite para Samara. Twinkle Twinkle Little Me, com Sullivan Fortner, integrado no mesmo projeto, recebeu o galardão para a Melhor Performance de Jazz, garantindo-lhe assim dois prémios. 

A categoria seguinte conta com um vencedor cuja influência e carreira marcaram uma geração de músicos e compositores do género! Com 25 prémios atribuídos e 67 nomeações, Chick Corea continua na memória tanto dos que o seguiram durante a sua carreira, como também da Academia de Gravação e, por esse motivo, continua a ser reconhecido e premiado. Remembrance, o seu último trabalho em parceria com Béla Fleck, ganhou a categoria de Melhor Álbum Instrumental de Jazz, preservando a sua reputação do grande pianista que foi.

E não só de duetos se faz o jazz. A essência do género está não só em quem o produz, nem em quem o canta, como essencialmente nos instrumentos e nos músicos que lhes dão vida. E é para os homenagear que a categoria Best Large Jazz Ensemble Album existe! 

A grande vencedora deste ano foi a Dan Pugach Big Band, uma banda de jazz contemporâneo, com o álbum Bianca Reimagined: Music For Paws And Persistence, que visa chamar a atenção para a defesa dos animais. Bianca Reimagined é inspirado na mascote da banda, a pitbull Bianca.

Legendary jazz singer Billie Holiday loved her dogs. Charlie Parker reportedly wrote Marmaduke, which was inspired by his dog. During his youth, Duke Ellington even worked as a soda jerk at the Poodle Dog Café. So, you see, there’s something of a history between jazz musicians and their mutts.” 

Dan Pugach Big Band
Dan Pugach

A Bianca foi resgatada pelo fundador da banda em 2011, numa das missões de resgate a pitbulls em que o fundador da banda participou e, infelizmente, faleceu em 2018. O álbum contém faixas cujos temas variam entre o processo de resgate de Bianca, a impotência, o sentimento de perda e, principalmente, o amor. O álbum está disponível nas plataformas de streaming habituais.

Fonte: Dan Pugach Website

Na 34ª categoria, que assinala o Melhor Álbum de Jazz Latino, o grande vencedor foi Zaccai Curtis com Cubop Lives!. A categoria procura reconhecer as produções que combinam jazz com elementos de estilos musicais latinos, como salsa ou bossa nova, e Zaccai Curtis fá-lo de maneira impecável. O álbum tem 17 faixas e foi inspirado no jazz afro-cubano e no Bebop, um estilo de jazz mais rítmico e complexo que surgiu nos anos 40, em Nova York. A junção dos dois é o que torna este um projeto tão interessante 

Por fim, a última categoria do género musical, mas não menos importante, apresenta o melhor do jazz alternativo. O Best Alternative Jazz Album é dedicado aos projetos mais experimentais que são capazes fundir o jazz com outros géneros musicais. Meshell Ndegeocello, a grande vencedora desta categoria, consegue fazê-lo de maneira coesa e excecional, de forma a não parecer algo desorganizado. Para além disso, é fundamental referir que Meshell presta homenagem a James Baldwin e Audre Lorde, dois escritores e fortes ativistas contra o racismo e a homofobia, para entender a mensagem de força, reconciliação e amor por detrás do álbum. 

Meshell Ndegeocello no Tiny Desk

Depois de uma noite cheia de galardões e artistas homenageados, está claro que a linguagem do amor não se limitou a Nova Orleães e expandiu-se até ao grande palco dos Grammys. 

Fonte da Capa: Sintra Notícias

Artigo revisto por Mariana Céu

AUTORIA

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A Luna tem 18 anos, nasceu em Lisboa, mas há quem diga que ela vive no mundo da lua.
Sempre com um pé na terra e o pensamento noutro sítio qualquer, a Luna desde sempre que ouviu histórias a serem contadas a si e decidiu que agora seria a vez dela de contar histórias aos outros. Por isso está em jornalismo, para se conectar com o público, transmitir a sua verdade, fazer reportagem e poder falar sobre todos os assuntos que a fazem ficar acordada de madrugada.
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