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Jurassic World

Há 20 anos, Spielberg abriu o parque e há 14 que o franchise parecia não ter mais para dar. No passado mês de Junho, chegou aos cinemas Jurassic World, realizado por Colin Trevorrow, que provou a muitos estarem errados. O parque em Isla Nublar está reaberto e foi um dos maiores êxitos de bilheteira, não só do Verão como de sempre!

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Todos os seguidores do franchise conhecem os fundamentos da história: os cientistas descobrem uma maneira de voltar a dar vida aos animais pré-históricos e tentam construir um parque temático centrado à volta dos mesmos. Eventualmente, os animais (todos fêmeas) tornam-se uma ameaça aos visitantes. Este filme não se desvia muito dessa narrativa.

Com o intuito de aumentar as visitas e receitas do parque, o laboratório usa a modificação genética para desenvolver uma nova espécie de dinossauro maior e mais assustador. A nova espécie recebe o nome de Indominus Rex.

É tudo o que se espera de um dinossauro e mais! Consegue escapar, enganando não só humanos como os sistemas de segurança. Numa das mais impressionantes cenas do filme descobrem que se lembrava de onde tinha sido posto o seu dispositivo de localização e que o arrancou para que não pudesse ser encontrada.

Owen Grady (Chris Pratt) é um ex-militar encarregado de um projeto de estudar o comportamento dos velociraptors e ele de facto consegue desenvolver uma relação de confiança com eles, assumindo-se como o Alfa. É o grande defensor dos dinossauros: nunca olha para eles como fontes de rendimento ou atracções. É ele que critica desde o início a criação da Indominus e mais tarde é encarregado de a parar. É o papel que confirma o estatuto de estrela de acção de Chris Pratt mas, para mim, ele não é a estrela do filme.

Esse título cabe a Claire Dearing (Bryce Dallas Howard). A directora de operações do parque que dá mais importância ao lucro e à reputação do parque do que a qualquer outro aspeto: seja considerar os dinossauros como mais do que activos do parque, seja passar tempo com os sobrinhos que vieram visitá-la ao parque. É extremamente calculista, organizada e rígida.

Recusa-se a fechar e evacuar o parque quando o perigo é iminente. Tudo muda quando os seus sobrinhos desaparecem depois de quase terem sido mortos pelo animal que se encontra agora em liberdade.

Claire exige ir com Owen e encontrar os seus sobrinhos. Quando chegamos ao final do filme o fato branco está destruído e Claire está a muito mais ciente dos seus erros e muito menos impessoal do que no princípio do filme.
A narrativa dela acaba por ser um pouco a narrativa do filme. Começa por uma crítica à sociedade que parece cansar-se rapidamente, exigindo sempre novidades cada vez melhores. Ela é o “instrumento” que permite que isso aconteça. É só mais tarde que se apercebe do seu erro e se esforça por o desfazer voltando a dar controlo aos animais, libertando a T-rex. E faz tudo com saltos altos!

Os fãs recordar-se-ão da mais famosa ameaça, a Tiranossauro dos primeiros filmes. É um dos pontos altos do filme. De ameaça a última esperança de Owen, Claire e dos rapazes a T-rex enfrenta a Indominus. Ao confronto acabam por se juntar outros residentes do parque que acabam com o animal geneticamente modificado.

Preciso ainda de destacar a narrativa dos sobrinhos de Claire, Zach e Gray Mitchell (Nick Robinson e Ty Simpkins). Começam como dois irmãos que entram em picardias e cuja relação torna-se mais próxima e protectora desde que são atacados. Um desempenho muito genuíno da parte dos dois membros mais jovens.

Há vários apontamentos que prestam homenagem aos filmes anteriores. Para além de referirem os desastres do passado, um dos empregados está a usar uma camisola do parque original quando tudo acontece, os sobrinhos de Claire encontram instalações do velho parque, são feitas várias referências a Ian Malcolm (Jeff Goldblum) e Dr. Henry Wu (BD Wong) é a única personagem dos filmes anteriores que regressa do elenco original. Trevorrow conseguiu o equilíbrio perfeito entre o passado e o futuro e abriu portas a uma sequela.

O meu último destaque não podia deixar de ser os velociraptors: Blue, Delta, Echo. Têm uma história própria, passam de aliados a ameaça e a aliados outra vez. Nunca nos esquecemos de que são perigosos, aliás Vic Hoskins (Vincent D’Onofrio) recorda-nos sempre disso enquanto tenta recrutá-los para servirem de arma para o exército. A verdade é que quando o ecrã dá lugar aos créditos deixamos de olhar para eles apenas como perigosos! A sua relação com Grady acaba por ser uma das mais importantes e fascinantes de todo o filme.

Algumas perguntas ficam por responder. Sendo a maior delas saber quais os planos do Dr. Henry Wu, que conseguiu fugir, num helicóptero da InGen, com o ADN dos animais pré-históricos. Até vermos essa questão resolvida, o parque fica sob controlo dos dinossauros mais uma vez. Agora é esperar que volte a abrir portas!

AUTORIA

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Assumidamente despistada mas extremamente pontual, Sofia Fernandes é uma sportinguista fanática, com uma séria paixão por pizza e que por acaso adora a 7.ª arte!