Miguel Oliveira e o milagre do Grande Prémio da Catalunha
Com os pilotos das três categorias a surpreender é difícil eleger o melhor. A dobradinha de Jorge Lorenzo, a primeira vitória de Fabio Quartararo e o regresso ao pódio de Bastianini. No entanto, quem deixou todos de boca aberta não foi nenhum dos vencedores. Mais uma vez, Miguel Oliveira surpreendeu tudo e todos com uma recuperação incrível.
Com as temperaturas altas, a temperatura do asfalto ascendeu perto dos 50ªC. Se a isto juntarmos uma pista que foi reasfaltada temos a combinação perfeita para as quedas que acabaram por acontecer.
De realçar também que a própria pista deste circuito sofreu algumas alterações. Logo a seguir ao GP de França deste ano, os pilotos rumaram a Barcelona para treinarem no novo traçado. A curva 10 desdobrou-se em duas (10 e 11), passando a ser utilizada a alternativa dos últimos anos. Na sequência da queda fatal do piloto espanhol, Luís Salom em 2016, a rápida direita da antiga curva 12 (agora 13) também está diferente. Deixou de ser utilizada a chicane dos dois últimos GPs de MotoGP e a escapatória da atual curva 13 foi alargada 20m.
Em Moto 2 houve surpresas logo na qualificação: Fabio Quartararo na pole position. O piloto francês de 19 anos, da HDR Speed Up Racing, conseguiu este fim-de-semana a sua primeira pole position. No entanto, o destaque, a essa altura, ia também para Miguel Oliveira. Mas não pelas melhores razões. Ninguém conseguia perceber o que se passava com o português que estava com grande dificuldade em entrar no top 10.
No arranque as atenções estavam todas voltadas, claro, para Quartararo. Miguel parecia estar demasiado longe para isso. Partiu do 17º lugar da grelha de partida.
Aquilo que aconteceu a seguir é difícil colocar por palavras. A incredulidade de todos. O que é que se está a passar? O que é aquilo? De onde é que ele veio?
Miguel Oliveira já estava em 7º lugar na 1ª curva. Não parece verdade, pois não? Pois, mas é mesmo. A partir daqui tudo era possível e o português já estava em 5º lugar no final da 1ª volta. A 15 voltas do final o piloto da KTM estava na liderança. Sim, na frente da corrida. Ainda aguentou duas voltas na luta com Quartararo, mas o francês estava imparável e ganhou vantagem para Oliveira.
A corrida terminou precisamente assim: com Quartararo a cruzar a linha de meta sem acreditar no que tinha acabado de fazer. Conseguiu a primeira vitória. E que vitória. O piloto francês fica, porém, ainda longe dos primeiros lugares da classificação geral. Com apenas 45 pontos está na 10ª posição.
Miguel Oliveira passou pela bandeira de xadrez em segundo lugar depois de mais uma recuperação incrível. Mas, perante a prestação de Oliveira até agora neste campeonato, já devíamos estar habituados a estes milagres.
Na terceira posição ficou o espanhol Alex Márquez, da EG 0,0 Marc VDS, que permanece no 3º lugar da geral, com 94 pontos.O atual líder do campeonato, o italiano Francesco Bagnaia, da SKY Racing Team VR46, ficou-se pelo 8ª lugar na corrida.
Quem fica a ganhar com isto é Miguel Oliveira que tem agora 118 pontos. Está a apenas 1 ponto de Bagnaia.
Na prova da categoria rainha, Jorge Lorenzo, da Ducati, partiu na pole position. Começa a corrida e Marc Márquez, da Honda, já estava na frente. O piloto espanhol saiu da segunda posição da grelha de partida e não perdoou, deixando Lorenzo em terceiro. A vantagem durou pouco e Lorenzo regressou à liderança. Por esta altura a batalha era entre Márquez, Lorenzo e Andrea Dovizioso, também da Ducati. Mais atrás, em quarto lugar, estava Valentino Rossi, da Yamaha.
Tudo parecia estar a compor-se até que Dovizioso cai a 16 voltas do final. Rossi passa para terceiro e Lorenzo aproveita para ganhar vantagem a Márquez.
Lorenzo conseguiu uma grande vantagem e venceu a corrida confortavelmente.
O piloto da Ducati parece estar de volta, com duas vitórias consecutivas ma está de saída da equipa. Na temporada de 2019 estará na Honda ao lado de Marc Márquez. O piloto espanhol permanece na liderança do campeonato com 115 pontos. Logo atrás, a 26 pontos está Valentino Rossi. O piloto italiano de 39 anos conquistou, em Barcelona, a sua terceira subida consecutiva ao terceiro lugar do pódio. Na terceira posição da classificação geral permanece Maverick Viñales, também da Yamaha. Jorge Lorenzo está em sétimo lugar, com 77 pontos.
A corrida de Moto 3 também surpreendeu quem assistia com as várias quedas que foram acontecendo ao longo da prova.
Enea Bastianini, da Leopard Racing, saiu da pole position e Jorge Martin, da Del Conca Gresini Moto3, logo ao seu lado, no segundo lugar da grelha de partida.
Martin passa para a frente no arranque, junto com Tatsuki Suzuki, da SIC58 Squadra Corse, que tinha saído da 3ª posição.
Os dois ganharam vantagem perante os restantes e foram discutindo os dois primeiros lugares até faltarem 13 voltas para o final. Jorge Martin caiu e afastou-se ainda mais do da liderança do campeonato. Está agora em 3º lugar com 80 pontos.
Suzuki, sozinho, não aguentou a vantagem e foi alcançado pelo grupo que ia mais atrás. Formou-se um grupo grande com 11 pilotos que discutiam os primeiros lugares. Isto a 10 voltas do final.
Ninguém queria abdicar da liderança e quando isto acontece e há muitos pilotos na luta acontece o inevitável: há alguns que ficam pelo caminho.
A primeira queda envolveu 3 pilotos (Nicolo Bulega, Aron Canet e Albert Arenas) na curva 4, a 6 voltas do final. A segunda aconteceu a 4 voltas do final, na curva 1, e envolveu os pilotos Jaume Masia e Andrea Migno.
Só Enea Bastianini, Marco Bezzecchi, Tatsuki Suzuki e Gabriel Rodrigo ficaram para terminar a corrida. Relembro que o grupo da frente era composto por 11 pilotos.
Bastianini não quis deixar fugir o 1º lugar manteve-se na liderança até à bandeira de xadrez. Rodrigo, da RBA BOE Skull Rider, vinha logo atrás mas Bezzecchi, da Redox Pruestel GP uniu todas as suas forças para conseguir o 2º lugar que teve direito a recurso ao photofinish. Permanece na liderança do campeonato com 103 pontos.
O piloto argentino ficou-se pelo 3º lugar e celebrou como se fosse uma vitória. De facto, para ele, foi. O primeiro pódio em Moto 3. Assegura assim o 6º lugar no campeonato, com 57 pontos.
Bastianini está assim de regresso às vitórias visto que não vencia desde o GP do Japão em 2017. Ocupa o 4º lugar do campeonato com 68 pontos.
Segue-se o Grande Prémio de Assen, que terá lugar na Holanda entre os dias 29 de junho e 1 de julho. Espera-se uma grande corrida do italiano Valentino Rossi. Mas será que o piloto mais velho em pista vai conseguir alcançar o lugar mais alto do pódio e repetir o feito do ano passado?