Desporto

Miguel Oliveira vence corrida de cortar a respiração

O piloto português conseguiu a primeira vitória da temporada. Depois de várias tentativas chegou, finalmente, ao lugar mais cobiçado por todos na sua 4ª subida ao pódio esta temporada, em apenas seis corridas. A prova teve lugar no circuito italiano de Mugello, em Itália.

Miguel Oliveira surpreendeu tudo e todos com uma corrida incrível. O português tem vindo a provar ao longo das últimas corridas que, de facto, nada é impossível.

AP /Antonio Calanni

O fim-de-semana não começou propriamente bem. Repetiu-se aquilo que tem vindo a acontecer ultimamente: Miguel tinha ritmo mas, simplesmente, isso não se estava a refletir na tabela dos tempos.

Na primeira sessão de treinos livres, na sexta-feira, conseguiu fazer o terceiro melhor tempo. No entanto, nas outras duas ficou, primeiro, fora do top 5 e depois do top 10.

A última hipótese para se qualificar bem aproximava-se. Mais uma vez, o resultado não foi o mais desejado: 11º melhor tempo.

Oliveira acabou assim de fora do top 10 e foi empurrado para o meio da 4ª linha da grelha de partida. Porém, esta situação que, para uns, é um grande problema, para o piloto de Almada revelou-se precisamente o oposto.

Depois da volta de aquecimento, todos os pilotos estavam em posição para iniciar a corrida. Acendem-se as luzes vermelhas. Ouvem-se os motores. Apagam-se as luzes e, de punho cerrado, lá vão eles. Ou melhor dizendo, lá vai ele. Sim, porque Miguel Oliveira voou pelos adversários. O tempo parecia ter parado num arranque perfeito. Ninguém conseguia acreditar naquilo que estava a ver. O piloto da KTM já estava em 5º lugar logo na primeira curva.

Os comentadores tiveram de rever porque parecia que tinha arrancado antes de tempo. Mas não foi nada disso que aconteceu. Miguel arrancou ao mesmo tempo que todos os outros mas a vontade de vencer, o talento incrível e o foco levaram-no para aquilo que parecia ser um autêntico milagre.

Porém, o melhor ainda estava para vir. Pouco depois, Miguel já estava na primeira posição.

A partir daqui, a luta foi entre o português, Mattia Pasini, que saiu da pole position, e Francesco Bagnaia, o atual líder do campeonato.

Depois da queda de Pasini, da Italtrans Racing Team, a 8 voltas do final e de Lorenzo Baldassari ter ultrapassado Bagnaia, da SKY Racing Team VR46, a luta até ao final foi precisamente entre o Baldassari, da Pons HP40, e Oliveira.

Miguel Oliveira estava focado na vitória mas tinha ainda de vencer Baldassari, que quase mostrou ser sempre muito forte. A troca de lugares entre os dois foi constante ao longo das últimas 8 voltas.

Ora ia um na frente ora ia outro. Cada ultrapassagem mais perigosa do que a anterior e o coração dos portugueses a bater mais depressa.

Nesta corrida imprópria para cardíacos, o suspense foi até aos últimos segundos. Oliveira desceu várias vezes ao segundo lugar mas sempre com vontade de recuperar. O medo, a adrenalina. Será que alguém vai cair? Será que o Miguel vai cair? Não, ele tem de ganhar. Ele tem tudo para ganhar. Ele está muito forte. Ele consegue tudo. E realmente, mais uma vez, conseguiu. E de que maneira.

Já na última volta continuou. No entanto, eis que a mota de Baldassari balança um pouco. Não muito mas o suficiente para que Miguel não deixasse passar a oportunidade de voltar à liderança da corrida. Aguento até ao fim, sempre com o italiano bem perto, numa última volta que parecia não ter fim.

Eis que surge, lá ao fundo, a bandeira de xadrez. Oliveira avançou de punho cerrado até à meta e assegurou a sua primeira vitória da temporada e não poderia ter sido melhor. Esta foi uma corrida inesquecível, daquelas em que não há favoritos. Há lutadores. Há determinação. Da parte dos fãs, há apoio incondicional aos pilotos. Mesmo com poucos portugueses presentes todo o público vibrou com esta vitória. Com este milagre.

No final, o Miguel disse, simplesmente, que sabia que ia vencer.

Como é que é possível? Como é que ele passa toda a gente assim? Como é que consegue? Ele sai cá atrás e na primeira volta está lá na frente. Mas como? Os outros tinham melhor ritmo durante todo o fim-de-semana. O Miguel esteve quase sempre cá para trás. Como?

Bem, como ele faz, de facto, nós não sabemos. O que sabemos é que o nosso piloto está focado, concentrado e podemos ter a certeza de que Miguel tem uma grande vontade de vencer. Isto, aliado ao talento inacreditável do português, só pode resultar em milagres como este.

Miguel Oliveira segura assim o segundo lugar na classificação geral, com 93 pontos, diminuindo a distância que o separa do primeiro classificado, o italiano Franscesco Bagnaia. Em terceiro está Lorenzo Baldassari, com 84 pontos. O “rookie” Joan Mir da, EG 0,0 Marc VDS, que ficou em terceiro lugar na corrida, está em quinto lugar no campeonato, com 84 pontos. Este é o segundo pódio consecutivo do espanhol.

A próxima corrida é já no próximo dia 17 de junho, em Barcelona. A luta pela liderança do campeonato está cada vez mais apertada e Oliveira está cada vez mais perto de a alcançar. Será em terras de “nuestros hermanos”? Esperemos para ver.