Mumford & Sons: folk britânico descomplicado
Londres é, por si só, uma metrópole onde o ocidente se cruza com o oriente, um espaço onde a criatividade pode florescer e uma cidade em que os limites dessa flexibilidade criativa se parecem diluir na paisagem. Foi neste ambiente que nasceu a banda Mumford & Sons.
O frontrunner da banda é Marcus Mumford, a quem se juntam Ben Lovett, Winston Marshall e Ted Dwane. Todos os artistas tocam vários instrumentos, variando desde a guitarra à bateria, passando pelo piano ou pelo acordeão, banjo e bandolim, entre outros.
A banda surgiu da amizade de infância entre Mumford e Lovett, que conheceram Marshall e Dwane em Edimburgo na Universidade. O nome da banda tem como objetivo, segundo Lovett, parecer “uma espécie de negócio familiar”. Em 2006, o grupo já atuava nas ruas de Londres num minúsculo bar chamado Bosun’s Locker, hoje encerrado. Foi aí que conheceram alguns dos seus contactos no mundo da música que ajudaram a que a banda ganhasse notoriedade. Este bar, localizado na King’s Road em West London, foi de facto um dos principais responsáveis pelo título de “West London Folk Scene”, dada a quantidade de artistas que por lá atuaram.
A banda é considerada do género folk rock pela revista Forbes e pelo The Hollywood Reporter, mas com influências rítmicas do rock alternativo. No entanto, Marcus Mumford já disse em algumas entrevistas que, apesar de a banda ter influências da comunidade folk de West London, não há um senso de “exclusividade”, mas de “comunidade” na sua arte e na de outros artistas do mesmo local.
Em 2008, os Mumford & Sons percorreram o Reino Unido numa turné com o apoio de alguns dos artistas que conheceram em Londres. Foi também nesse ano que atuaram pela primeira vez num dos mais importantes festivais de música britânicos, Glastonbury.
No ano seguinte, a banda lança o seu primeiro álbum. Sigh No More obteve cinco vezes a classificação de platina no Reino Unido e três nos Estados Unidos, vendendo mais de oito milhões e meio de discos no mundo inteiro. Alcançou na sua estreia o segundo lugar dos tops de vendas britânicas e a Billboard 200 nos EUA. Este álbum venceu também o BRIT Award para “Melhor Álbum Britânico” em 2011, o que os levou a uma atuação nesse mesmo palco junto de Bob Dylan e dos The Avett Brothers, o que aumentou drasticamente a sua popularidade. Foram também nomeados para seis Grammys.
Em 2012 é lançado Babel, um dos álbuns mais esperados do ano. Este álbum vendeu sete milhões e meio de discos no mundo inteiro, alcançou tripla platina no Reino Unido e nos EUA e tornou-se o álbum de rock mais rapidamente vendido da década. Obteve ainda oito nomeações para os Grammy, ganhando o de “Álbum do Ano”. Em 2013 a banda atua outra vez nos palcos do Glastonbury, mas desta vez como cabeça de cartaz.
2015 marca o lançamento de Wilder Mind com um volume de vendas a rondar os dois milhões e meio de discos pelo mundo, obtendo ainda platina no Reino Unido e nos EUA e o primeiro lugar no top de vendas no lançamento. Este álbum marca uma mudança no estilo musical da banda, sendo por exemplo notável a ausência do banjo de Winston Marshall e a maior presença na bateria de Marcus Mumford. Para a revista New Musical Express, Wilder Mind tem “um som mais expansivo do que nunca e decididamente mais pesado, graças às mudanças na instrumentação”.
Três anos mais tarde, Delta obtém um valor mais modesto de trezentos mil discos vendidos e de disco de ouro no Reino Unido. Este álbum é ainda mais expansivo que o anterior, uma espécie de regresso ao banjo e a outros instrumentos abandonados em Wilder Mind, sem deixar de ser um som completamente novo e diferente. No entanto, não são só os sons que são novos, as letras também têm aqui um tom completamente diferente daquilo que a banda fez anteriormente. É uma viagem por caminhos mais selvagens que dá o nome ao álbum.
A influência da banda na cena musical expande-se para lá das ilhas britânicas: Of Monsters and Men, The Lumineers, Edward Sharpe & The Magnetic Zeros são apenas algumas das bandas com sons claramente influenciados pelos Mumford & Sons. Já atuaram em alguns dos principais palcos mundiais como o O2 em Londres, o Madison Square Garden em Nova Iorque, o Zénith em Paris, mas também em Portugal na Altice Arena.
Diga-se o que se disser, os Mumford & Sons são uma banda com uma enorme influência na música contemporânea, dando palco a instrumentos musicais experimentando com sons que não costumam aparecer nos tops musicais de forma muito regular.
Imagem de capa / Créditos: Mumford & Sons, 2019
Artigo por João Cília
Artigo revisto por Ana Sofia Cunha
AUTORIA
Depois de uma breve passagem por um outro curso, o João está agora a licenciar-se em Publicidade e Marketing, à procura de um caminho em que possa ser criativo e fazer algo de diferente! Foi essa motivação que o trouxe para a magazine, onde procura demonstrar aos leitores as suas paixões musicais.