Mundial 2022: O que esperar de Portugal?
Estamos já em contagem decrescente para o maior torneio de seleções do mundo. O Mundial 2022 realiza-se no Qatar e Portugal é um dos candidatos ao tão ambicionado troféu.
O pontapé de saída do torneio está marcado para dia 20 de novembro às 16 horas, com o Qatar a defrontar o Equador. A Seleção Nacional portuguesa entra em campo dia 24 para medir forças com o Gana, também pelas 16. A fase de grupos realiza-se de 20 de novembro a 2 de dezembro. Com a exceção dos dois primeiros dias, em todos os restantes contarão com quatro jogos diários, com horários que variam entre as 10:00 e 19:00 horas (em Portugal). Por cá, todos os jogos serão transmitidos na SPORTTV.
A olhos vistos, continua a crescer a qualidade individual da Seleção portuguesa. Apesar de o sofrido apuramento para o Campeonato do Mundo e da eliminação na fase de grupos da Liga das Nações terem reacendido as desconfianças à volta da equipa das quinas, Fernando Santos conta com um vasto lote de jogadores de muita qualidade. Aliás, arrisco mesmo dizer que não há, atualmente, muitas seleções com o poder de escolha de Portugal.
Os clubes portugueses continuam a formar excelentes jogadores, que têm cada vez mais capacidade para vingarem em clubes de topo mundial e de forma bastante rápida, como é o caso de Vitinha. Por cá, também há quem vá aparecendo de forma surpreendente mas em alto nível neste início de temporada. Falo de António Silva, claro; sem esquecer, também, o fantástico início de época de Diogo Leite no FC Union Berlin, líder da Bundesliga. E por falar em centrais, talvez seja aí que reside o maior problema da nossa Seleção.
Em condições normais, Rúben Dias e Pepe serão os titulares, mas, em caso de lesão de um dos dois, a primeira alternativa parece ser a já recorrente adaptação de Danilo. Fora isso, nenhum outro jogador parece ser uma opção válida para Fernando Santos. Apesar de existir qualidade, o selecionador nacional não parece disposto a abdicar do fator experiência. Aliás, a idade parece ser mesmo um entrave à integração de centrais na Seleção. Gonçalo Inácio, Diogo Leite, David Carmo, Tiago Djaló e António Silva são os jovens que estão mais perto de entrarem nas contas do Sr. Engenheiro, mas os cinco juntos somam um total de zero internacionalizações. Olhando para a qualidade e potencial destes cinco jovens centrais, é difícil encontrar uma justificação válida para ainda não se terem estreado de quinas ao peito.
Em jeito de comparação, foquemo-nos naquilo que aconteceu na Liga das Nações entre Portugal e Espanha, com destaque para a questão do eixo defensivo:
A Seleção espanhola utilizou 5 jogadores: Diego Llorente, Pau Torres, Iñigo Martínez, Eric García e Hugo Guillamón. Todos defesas-centrais que, entre si, totalizam 71 internacionalizações (menos do que Pepe, que conta com 127). É de destacar a ausência de Sérgio Ramos.
Já Portugal utilizou quatro jogadores: Pepe, Rúben Dias, Danilo Pereira e Palhinha. Dois centrais (um deles com 39 anos) e dois médios-defensivos, contabilizando 244 internacionalizações. O selecionador português, ao contrário de Luis Enrique, optou por não testar outras soluções, algo que pode custar caro a Portugal num futuro próximo.
No final, a Espanha não só continuou com o seu processo de rejuvenescimento como também conseguiu o apuramento para a fase final da competição. Por cá, essa renovação teima em acontecer. Fossem Gavi e Pedri portugueses e provavelmente ainda andariam a jogar pelos Sub-21.
Será que Portugal tem reais possibilidades de vencer o Mundial?
É a pergunta da atualidade. Será este ano que Portugal vai vencer o seu primeiro Campeonato do Mundo de Futebol? Prognósticos só no final do jogo, mas há alguma capacidade para isso. O grande problema é que essa “capacidade” resume-se quase única e exclusivamente à qualidade individual dos jogadores portugueses. Assim de cabeça, no plano coletivo, estamos atrás da Espanha, do Brasil, da Argentina, da Alemanha e até mesmo da França. O último Europeu, o apuramento para este Mundial e a eliminação precoce na Liga das Nações fizeram soar os alarmes dos adeptos portugueses. Ainda assim, esta Seleção já provou ser capaz do melhor e do pior. Sob o comando de Fernando Santos Portugal nunca foi brilhante, mas conseguiu conquistar dois troféus. A França, por exemplo, é também, acima de tudo, um conjunto de excelentes jogadores. Um bocadinho à imagem de Portugal no Euro 2016, sem brilhantismo, os gauleses foram campeões do Mundo em 2018. O troféu pode perfeitamente cair para o nosso lado, mas a preparação portuguesa para a maior competição do Mundo de Seleções esteve longe de ser positiva.
Contudo, o grupo de Portugal composto por Uruguai, Gana e Coreia do Sul parece ser, à primeira vista, acessível. A Seleção Nacional é, na teoria, a favorita do grupo e, apesar de no futebol tudo ser possível, a passagem aos oitavos-final deverá ser alcançada. Daí para a frente, a dificuldade aumentará naturalmente e a sorte que nos protegeu tanto em 2016 não voltará seis anos depois. Vencer o Campeonato do Mundo só será possível se virmos o melhor Portugal da era Fernando Santos no Qatar.
Fonte da capa: Permanencias voluntárias
Artigo revisto por Ana Beatriz Cardoso