O Homem que Derrubou a Casa Branca
Mark Felt é um ex-agente do FBI que quebrou o sigilo que a profissão exige e sofreu as consequências. Neste caso, falamos do controverso caso Watergate. O protagonista, interpretado por Liam Neeson, não resistiu e divulgou informações sobre o caso à imprensa.
Filmes baseados em factos verdadeiros costumam atrair qualquer fã de cinema e fazê-lo pesquisar mais por, de algum modo, lhe terem despertado o interesse. Para ver O Homem Que Derrubou A Casa Branca é preciso ter o Google à mão porque existem lacunas que o espectador não consegue preencher sozinho. Por exemplo, subitamente aparecem personagens que nunca foram mencionadas mas que são importantes para a peripécia.
O professor de História vai gostar, mas não o aluno. Apesar de parecer uma biografia emocionante, do filme não se pode dizer o mesmo. Quem não sabe o que foi o caso “Watergate” perde-se, muitas vezes, no rumo da história. É preciso conhecer bem o caso, saber qual era a conjuntura política dos EUA na época e os nomes que a marcaram. Diria até que é preciso ver outros filmes antes, como Os Homens do Presidente (1976) e The Post (2017).
Quem prefere emoção, peripécias inesperadas e altos e baixos pode riscá-lo da lista: os cenários pouco variam para além do escritório e da casa de Mark Felt e dos corredores do FBI; as cores do filme são sempre monótonas, o que faz sentido no ambiente misterioso envolvente, mas não capta a atenção de quem está a assistir.
O realizador Peter Landesman vem, mais uma vez, provar que prefere produzir filmes baseados em acontecimentos verdadeiros, como Um Homem entre Gigantes (2015) e O Mensageiro (2014). Este último refere-se a um jornalista que encontra documentos confidenciais que envolvem o Governo dos EUA e a guerra contra as drogas.
A postura de Liam Neeson na interpretação da personagem é sempre muito coerente e sólida ao longo da película. Foi a escolha certa para interpretar Mark Felt. O ator norte-americano parece ser o modelo a seguir em filmes de suspense, como o The Commuter.
Podemos ver Ike Barinholtz, que interpreta Angelo Lano, um dos agentes do FBI, num registo mais sério do que aquele a que estamos habituados. Lano, normalmente, está presente em comédias que nos deixam com dores na barriga de tanto rir, como Má vizinhança 2 (2016) ou Snatched (2017). Ainda assim, talvez na tentativa de adaptar a personagem ao perfil do ator, os momentos de mais descontração são protagonizados por ele.
O caso Watergate remonta aos anos 70 durante a campanha eleitoral. A sede dos adversários de Nixon, os democratas, foi invadida para se colocarem escutas e se fotografarem documentos. Mark Felt passa a ficar conhecido como Deep Throat (ou Garganta Funda) quando dá informações aos jornais, como é o caso do Washington Post, e põe em causa o seu cargo após 30 anos na organização. É aqui que nasce um debate interessante que nos obriga a trocar de lugar com o detetive e nos leva a questionar: Se eu fosse agente do FBI e soubesse um segredo tão importante guardá-lo-ia ou o teria o público direito de saber?